Revista discute questões que têm prejudicado o ministério dos pastores e suas relações familiares
As crises também atingem famílias pastorais. Afinal, elas são de carne e osso, “tão humanas quanto quaisquer outras de nossa sociedade, e sujeitas às demais pressões que as demais famílias também enfrentam”, afirma o psicólogo Carlos Catito Grzybowski, presidente da Associação Brasileira de Assessoramento e Pastoral da Família (Eirene do Brasil).
O tema recebeu destaque na edição de julho/agosto da revista Ministério. O periódico analisou diversos fatores que têm contribuído para desestabilizar o ministério e a família dos pastores. No artigo intitulado “Uma vida incomum”, Natanael Moraes, professor na Faculdade de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho, procurou mostrar os desafios cotidianos do casal pastoral.
Segundo ele, tanto a experiência quanto os dados apontados pelas pesquisas indicam claramente que ser pastor é conviver frequentemente com a pressão. “Na lista das profissões mais estressantes, o líder religioso ocupa a décima posição”, afirma. Ele ainda lembra que esposas de pastor também não estão livres de estresse e esgotamento.
Diante dessa realidade, Moraes sugere alguns “remédios” que podem evitar desgastes na família pastoral. Entre eles, estar alerta contra o esgotamento mental, administrar a agenda, estabelecendo prioridades, e dedicar tempo de qualidade à família.
Em seu artigo, H. Peter Swanson, professor do Seminário Teológico da Universidade Andrews (EUA), também traz conselhos sobre como administrar o estresse e maximizar o bem-estar na família pastoral. Swanson lembra que Ellen White já havia escrito sobre o assunto em 1890. “Deus nos proveu de energia indispensável, que será necessária em diferentes períodos da vida. Se de forma imprudente esgotarmos essa energia pela exaustão contínua, teremos sofrido perdas em algum tempo […] Nossa utilidade será diminuída, quando não, destruída nossa própria vida” (Christian Temperance and Bible Hygiene, p. 64-65).
Paternidade pastoral
Já Claudia Bruscagin, doutora em Psicologia Clínica, analisa como o pastor pode exercer a paternidade de modo mais eficaz. Ao refletir sobre alguns pontos que considera importantes na relação entre pais e filhos, ela afirma que as crianças precisam de “um pai, não um pastor”, de “conversas, não sermões”.
Claudia também ressalta que quando o pastor se interessa e se envolve com o que seus filhos gostam, demonstra que os ama e que se importa com eles. Segundo ela, outro aspecto fundamental nessa relação é a coerência. “Pregar sobre amor e graça depois de ter passado a semana toda brigando com a família e maldizendo os líderes da igreja vai parecer o quê para seu filho sentado no último banco da igreja? Para sua família, sua interação com Deus e com Sua obra fala muito mais alto do que qualquer sermão”, ela argumenta.
Por fim, a autora realça que a ausência da figura paterna ou as consequências de uma relação insalubre entre pai e filho podem levar a dificuldades de adaptação às regras sociais, bem como a problemas nas relações interpessoais e de identificação sexual.
Como conclui o pastor Wellington Barbosa em seu editorial, “cientes de que o inimigo tem uma predileção especial pela família pastoral, precisamos blindar nossa casa a fim de que saiamos vitoriosos da guerra”. [Camila Torres, equipe RA]
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.