A visão do primeiro sul-americano eleito para liderar a sede mundial adventista
Da Redação
Desde sua fundação, em 1863, pela primeira vez a Igreja Adventista do Sétimo Dia elegeu um presidente oriundo da América do Sul: o pastor Erton Köhler. Ao longo de seu ministério, ele se destacou pela forte ênfase missionária. Em 2007, ao tornar-se o presidente mais jovem a liderar uma Divisão, aos 38 anos, sua gestão fortaleceu o compromisso da igreja com a missão por meio de iniciativas como o projeto Impacto Esperança e o envio de missionários a regiões de maioria não cristã. Secretário executivo da Associação Geral desde 2021, o pastor Köhler também procurou renovar o foco missionário da denominação em escala global, mesmo atuando em uma área mais técnica. Agora, como novo líder mundial dos adventistas, ele fala sobre os rumos da igreja e os desafios para a conclusão da pregação do evangelho.
Qual será o seu foco como líder de uma denominação que tem mais de 23 milhões de membros?
Em tempos de polarização e nacionalismo, precisamos buscar a unidade. E como essa unidade será alcançada? Ela virá pelo poder do Espírito Santo e pela Palavra de Deus, sendo colocada em prática por meio do cumprimento da missão. Para mim, a missão é a prioridade de Deus – e também deve ser a prioridade da igreja. Vamos avançar juntos, confiando no Senhor e mantendo nosso foco missionário, porque nosso sonho é ver Cristo voltando em nossa geração.
Como a igreja tem buscado fortalecer o envio de missionários?
Estamos reorganizando o envio dos missionários para que 70% deles sejam destinados à linha de frente do trabalho de plantio de igrejas em novos territórios. Os escritórios regionais estão sendo desafiados a abrir mão de parte de seus recursos e aplicá-los globalmente. Como primeiros resultados, pelo menos 290 missionários serão enviados para as regiões mais desafiadoras, como a Ásia e algumas áreas da África e do Oriente Médio. O movimento já está em andamento, e espero fortalecê- lo ainda mais.
Qual é o papel da tecnologia para alcançar mais pessoas?
A tecnologia pode nos ajudar a encontrar novos caminhos e métodos para apresentar a nossa mensagem. Na China, por exemplo, ela continua sendo um dos meios mais eficazes para alcançar as pessoas e capacitar líderes. Por isso, essas ferramentas são fundamentais para mantermos o trabalho forte e atuante, especialmente em regiões restritas como essa.
Em um contexto de novas mídias, a obra editorial continua sendo relevante?
Tenho algo muito claro no meu coração: embora devamos tirar o melhor de todos os recursos disponíveis, há uma mensagem profética mais direta e específica para a obra de publicações. Esse ministério vive um momento de desafios e precisa da reafirmação pública da sua importância para que continue crescendo. Quando falo em obra de publicações, refiro-me não apenas aos colportores, mas também à igreja como um todo, distribuindo literatura. Onde a colportagem não tem tanta força, os membros podem ocupar esse espaço. E onde os membros estão ativos, podemos fortalecer ainda mais a presença de colportores. Acredito que as nossas editoras merecem uma confiança especial, porque são veículos que Deus usará de maneira diferente dos demais para concluir Sua obra. Por isso, não podemos nos encantar apenas com as mídias modernas e pensar que, por causa delas, esse ministério perdeu relevância.
O senhor gostaria de ser o último presidente da Associação Geral?
Se Deus me permitir ser o último, será a minha maior alegria. Quero poder contribuir para a conclusão dessa obra. Espero que essa ênfase na missão nos leve ao cumprimento de Mateus 24:14. E que a igreja, como movimento, siga unida para esse momento.
(Entrevista publicada na Revista Adventista de agosto/2025)
Última atualização em 13 de agosto de 2025 por Márcio Tonetti.