Fatos que marcaram as reuniões mundiais da Igreja Adventista ao longo da história
Eric E. Richter

Nos dias 3 a 12 de julho de 2025, será realizada a 62ª Assembleia da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Espera-se que mais de 2.800 delegados se reúnam na cidade de St. Louis, no Missouri (EUA), para buscar a orientação de Deus e, com a ajuda do Espírito Santo, eleger os líderes da igreja para os próximos cinco anos, além de tomar decisões importantes sobre a administração da igreja e o desenvolvimento da missão.
Estando tão próximo de um evento tão significativo para os adventistas do sétimo dia de todo o mundo, é bom recordar como Deus guiou o desenvolvimento e o crescimento da igreja no passado. Embora cada uma das 61 assembleias anteriores tenha sido um evento importante e marcante, alguns deles se destacaram de forma especial, evidenciando claramente a mão de Deus conduzindo o Seu povo.
1863: A primeira assembleia
Na quarta-feira, 20 de maio de 1863, 21 delegados provenientes de igrejas adventistas do Meio Oeste e Noroeste dos Estados Unidos reuniram-se em Battle Creek, no estado do Michigan, para estabelecer oficialmente a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
Na ocasião, foi elaborada a primeira constituição da igreja, estabelecida a estrutura administrativa e o tipo de organização. Por fim, foi eleito o pastor John Byington como o primeiro presidente da Associação Geral. Uriah Smith foi escolhido como o primeiro secretário e Eli S. Walker, o primeiro tesoureiro.
1873: O início da missão adventista em todo o mundo
De 14 a 16 de novembro desse ano, 21 delegados reuniram-se em Battle Creek para celebrar a 12ª Assembleia da Associação Geral. Havia se passado apenas oito meses desde o último congresso. A pressa para realizar essa assembleia, explicou Tiago White, devia-se à urgente necessidade “de fazer preparativos para expandir a obra […] enviando um missionário à Suíça” (George I. Butler, “Business Proceedings of the Twelfth Annual Meeting of the S. D. A. General Conference”, Review and Herald, 25 de novembro de 1873, p. 1).
Graças a essa reunião, John N. Andrews pôde ser enviado à Suíça, tornando-se o primeiro missionário adventista oficialmente enviado ao exterior. Esse foi o pontapé inicial para o desenvolvimento missionário da Igreja Adventista em todo o mundo.
Tanto nessa assembleia quanto na anterior (realizada de 11 a 14 de março do mesmo ano, também em Battle Creek, Michigan), esteve presente Albert Vuilleumier, um converso de origem suíço-francesa, que também foi o primeiro estrangeiro registrado a participar de uma Assembleia da Associação Geral. Seu filho, Jean, foi missionário na Argentina e no Uruguai, além de ter sido o primeiro editor da revista El Faro, a primeira publicação adventista impressa na América do Sul, em 1897 (“From the Alps to the Pampas: The Missionary Work of Jean Vuilleumier in South America (1895-1901)”, Journal of Adventist Mission Studies 19, nº 1, 2024, p. 64-93).
1888: O debate sobre justificação pela fé
De 17 de outubro a 8 de novembro de 1888, realizou-se a 27ª Assembleia da Associação Geral, em Minneapolis, no estado de Minnesota. Durante essas reuniões, ocorreram discussões profundas e significativas acerca da justificação pela fé. Embora os líderes da igreja não tenham tomado nenhuma decisão formal a esse respeito durante o evento, nos anos seguintes Ellen White, Alonzo Jones e Ellet Waggoner pregaram com fervor essa doutrina, o que levou a uma compreensão e aceitação mais amplas do tema.
1901-1903: Reorganizando-se para a missão
Na 34ª e 35ª assembleias da Associação Geral – realizadas de 2 a 23 de abril de 1901, em Battle Creek, no Michigan, e de 27 de março a 13 de abril de 1903, em Oakland, na Califórnia – foi promovido uma notável reorganização da Igreja Adventista. Com Arthur Daniells na presidência da Associação Geral, as atividades passaram a ser centralizadas em departamentos, foram criadas as Uniões e unificou-se a supervisão das iniciativas missionárias na sede mundial. Essas mudanças tiveram efeitos muito positivos: a denominação conseguiu direcionar mais recursos para a missão, e a expansão internacional da mensagem recuperou seu impulso inicial.
1954: Uma igreja internacional
Durante a 47ª Assembleia da Associação Geral, realizada na cidade californiana de San Francisco, de 24 de maio a 5 de junho, contou-se, pela primeira vez, com mais de 1.000 delegados. O caráter mundial da Igreja Adventista estava mais evidente do que nunca.
1975: Assembleias fora dos Estados Unidos
Até 1975, todas as assembleias da Associação Geral foram realizadas nos Estados Unidos. A 52ª reunião mundial fez história ao ser a primeira realizada fora do território norte-americano. De 10 a 19 de julho de 1975, 1.756 delegados reuniram-se em Viena, na Áustria, para buscar a direção de Deus e planejar o avanço da missão para os cinco anos seguintes.
Desde então, outras duas edições também aconteceram fora do território norte-americano. A 56ª assembleia, realizada de 29 de junho a 8 de julho de 1995, aconteceu em Utrecht, na Holanda. A edição seguinte, foi celebrada de 29 de junho a 8 de julho de 2000, em Toronto, no Canadá. Até o momento, apenas três Assembleias da Associação Geral foram realizadas fora dos Estados Unidos, embora, infelizmente, nenhuma delas tenha ocorrido na América do Sul. No entanto, de 12 a 14 de outubro de 1986, realizaram-se as reuniões do Concílio Anual da Associação Geral no Rio de Janeiro.
1980: Definição das Crenças Fundamentais
Nesta assembleia, a 53ª, foi tomada uma decisão de grande importância. Um total de 1.925 delegados reuniu-se em Dallas, Texas, entre os dias 16 e 26 de abril. Entre os votos tomados, destacou-se a aprovação da Declaração das 27 Crenças Fundamentais (a 28ª foi acrescentada em 2005, durante a 58ª Assembleia da Associação Geral, em Saint Louis). Com essa decisão, a Igreja Adventista passou a contar, pela primeira vez, com uma definição oficial de suas crenças, a fim de apresentar de forma mais clara ao mundo sua compreensão dos ensinamentos da Bíblia.
1990: Missão na Janela 10/40
A proclamação das três mensagens angélicas de Apocalipse 14 a todo o mundo é a essência dos empreendimentos missionários da Igreja Adventista. Em 1990, havia cerca de 6,7 milhões de adventistas espalhados pelo mundo. No entanto, os líderes da igreja perceberam que alguns países ainda não haviam sido alcançados ou contavam com uma presença adventista muito limitada.
Durante o Concílio Anual de 1989 da Associação Geral, foi elaborado um documento intitulado “Estratégia Global”. Nele, reconhecia-se que a Igreja Adventista tinha experimentado um crescimento notável. No entanto, mesmo em países com grande presença adventista, havia cidades, regiões, grupos étnicos ou comunidades que ainda não tinham sido alcançados. Além disso, países como China e Índia, bem como o “mundo muçulmano”, concentravam “milhares de cidades, as maiores metrópoles do mundo, que praticamente não tinham sido tocadas”. Constatou-se que “dezenas de milhares de comunidades” não haviam recebido “nenhum testemunho” (para ver as Atas do Concílio Anual da Associação Geral, de 10 de outubro de 1989, p. 89-472, clique aqui).
Durante a 55ª Assembleia da Associação Geral, realizada de 5 a 14 de julho de 1990 em Indianápolis, Indiana, a igreja mundial aprovou o documento “Estratégia Global”, com o objetivo de se organizar para alcançar os países da Janela 10/40 com a mensagem do evangelho.
A Divisão Sul-Americana se somou a esse projeto e intensificou seus esforços para alcançar milhões de pessoas que vivem nessa região do mundo e que ainda não ouviram falar de Jesus. Por isso, a sede sul-americana começou enviando e sustentando financeiramente cinco famílias missionárias na Janela 10/40. A partir de 2015, esse número subiu para 25 famílias. O objetivo é dobrar esse montante a partir de 2025, chegando a 50 famílias. Além disso, centenas de estudantes missionários da América do Sul têm dedicado pelo menos um ano de sua vida para servir nessa região do mundo (“Ir a todo el mundo: A 150 años del envío del primer misionero adventista al extranjero”, Revista Adventista, setembro de 2024, p. 16-23).
Conclusão
Como escreveu Ellen White, “ao recapitular nossa história […] encho-me de admiração por Cristo, e de confiança Nele como líder. Nada temos a temer com relação ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira pela qual o Senhor tem nos conduzido, e de Seus ensinos em nosso passado” (Eventos Finais [CPB, 2021], p. 47).
Ao longo da nossa história denominacional, vemos como Deus tem nos guiado para que possamos nos organizar e levar a mensagem da salvação ao mundo. Em cada assembleia em que a igreja mundial se reúne, oramos para que o Espírito Santo conduza Seu povo na tomada de decisões. Confiamos que Cristo nos acompanhará até o fim e nos dirigirá em cada momento.
ERIC E. RICHTER é editor na Asociación Casa Editora Sudamericana (Aces)
Última atualização em 2 de julho de 2025 por Márcio Tonetti.