Longa jornada

2 minutos de leitura
Em autobiografia, ex-freira conta como encontrou a verdade bíblica depois de peregrinar por dezenas de  tradições religiosas

Em meio a uma sociedade que gradativamente se abre para experiências pluralistas de religiosidade e rejeita noções universais sobre Deus e a realidade que nos cerca, o livro Busca ­Incansável certamente surpreenderá o leitor ao relatar a história de alguém que investiu a vida ­procurando a verdade. Filha de pais católicos devotos que viviam no interior do Paraná, Gemma D. Pagnoncelli foi criada para manifestar a mesma dedicação e admiração à sua religião. Logo aos dez anos de idade, decidida a se tornar freira, foi matriculada pela família no Colégio Imaculada Conceição, em Videira (SC), onde passou os oito anos seguintes. No convento, ela conheceu melhor sua tradição religiosa e teve contato com o livro que a instigou em sua busca pela verdade: a Bíblia.

LEIA TAMBÉM

Pesquisador da verdade: O consultor legislativo da Câmara dos Deputados que descobriu nos livros teológicos uma mensagem que hoje compartilha por meio da literatura

Ávida pelo conhecimento e curiosa pelo conteúdo do livro sagrado, ela passou a ler e descobrir os mistérios das Escrituras. Ficou encantada com o livro do Apocalipse, os Dez Mandamentos e muitos outros trechos da Bíblia. Conforme avançou no estudo das páginas sagradas, passou a nutrir uma crescente insatisfação por sua tradição religiosa. O vazio que sentia se intensificou com os anos de práticas espirituais. Decepcionada e desiludida, resolveu abandonar o convento e experimentar uma nova jornada de fé.

Devido ao estigma que carregava por haver abandonado sua vocação para freira, Gemma resolveu sair de sua cidade natal e conhecer novos lugares. Ao se mudar para São Paulo, teve contato com dezenas de denominações cristãs e diferentes religiões. Lutando para se desvencilhar de antigos hábitos e preconceitos, ela procurou experimentar de tudo que essas orientações religiosas tinham para lhe oferecer. No entanto, suas experiências foram mais frustantes do que compensadoras.

À medida que ela ampliava sua compreensão da Bíblia, percebia quão distante as igrejas cristãs estavam do padrão bíblico. Seus questionamentos se avolumavam conforme os anos passavam, levando-a muitas vezes a querer desistir da busca. Contudo, a percepção da presença de Deus e a convicção de que a verdade poderia ser encontrada continuavam motivando a ex-freira a prosseguir em busca de respostas.

Enquanto trabalhava como telefonista em um hospital de São Paulo, Gemma fez amizade com adventistas e teve contato com livros como O Grande Conflito. Sua curiosidade a levou a visitar uma igreja adventista e a receber estudos bíblicos. Diante de uma visão mais ampla da verdade, Gemma ficou indecisa quanto ao passo seguinte que deveria dar. Para ela, essa nova igreja se aproximava muito das doutrinas que havia descoberto na Bíblia, mas suas práticas eram bastante heterodoxas. Depois de ter sua oração respondida positivamente por meio de um sinal que havia pedido a Deus, Gemma decidiu ser batizada. Ela finalmente havia encontrado a verdade e o momento da entrega completa havia chegado.

Gemma foi batizada na Igreja de Riacho Grande, em São Bernardo do Campo (SP), em 1982. Depois de ter encontrado o caminho, desejou intensificar sua caminhada cursando Teologia no antigo IAE, atual Unasp, campus São Paulo. Após seus estudos, ela se aposentou em Vitorino (PR), onde viveu por muitos anos e testemunhou do Deus que encontrou depois de uma longa jornada. Falecida em setembro de 2015, sua busca incansável continuará a inspirar outros por meio de sua autobiografia.

GLAUBER ARAÚJO é pastor, mestre em Ciências da Religião e editor de livros na Casa Publicadora Brasileira

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.