Matando a fome

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Conheça o projeto que alimenta diariamente cerca de 2 mil pessoas em situação de rua na capital de Roraima

Silvia Tapia

Foto: ADRA Brasil

Um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional revelou que 19 milhões de brasileiros passam fome atualmente. Roraima é um dos estados que viram o efeito devastador da falta de comida. Estima-se que cerca de 20% da população dessa região sejam compostos de refugiados e migrantes do país vizinho, a maioria deles vivendo em situação de rua. Sem meios de suprir suas necessidades, esse grupo sofre especialmente com a escassez de alimentos.

Pensando em amenizar a situação, em 2018 a ADRA lançou o projeto “Refeições Quentes”, iniciativa que hoje atende cerca de 2 mil pessoas por dia. As marmitas são distribuídas de domingo a quinta-feira, em diferentes locais. Entre os principais pontos de distribuição estão a Rodoviária de Boa Vista e abrigos em que vivem pessoas sem documentos, acesso a emprego, moradia, sem condições para produzir o próprio alimento.

Natássia de Azevedo, coordenadora do projeto, explica que, para garantir que esses alimentos cheguem aos necessitados, cerca de dez pessoas contribuem no preparo das refeições. “Desde a elaboração do cardápio até o prato do beneficiário, existe o acompanhamento de um nutricionista,” ela observa. Considerando que a refeição entregue pela ADRA será, provavelmente, a única que essas pessoas terão naquele dia, as marmitas contêm o dobro do valor nutricional de uma refeição comum.

A venezuelana Azul Aguinagalde é uma das milhares de pessoas beneficiadas pelo projeto “Refeições Quentes”. A assistência oferecida pela agência humanitária da igreja, ADRA, foi um divisor de águas na vida da sua família. “Minha mãe e eu viemos para o Brasil em busca de melhor qualidade de vida. Não tínhamos dinheiro nem havia pessoas conhecidas, então tivemos que morar nas ruas. Em meio a essa situação, conhecemos a ADRA, que nos ofereceu alimentos durante os primeiros meses de 2020”, ela conta.

A venezuelana Azul Aguinagalde foi beneficiada inicialmente pelas marmitas distribuídas pela agência humanitária e hoje é funcionária do projeto. Foto: ADRA Brasil

Tendo criado já um vínculo com a beneficiária e reconhecendo suas capacidades laborais, o escritório regional da ADRA a convidou para fazer parte de um processo seletivo e treinamento para se tornar funcionária do projeto “Refeições Quentes”. “Levei meu currículo, passei pelo treinamento e fui aceita. Fiquei muito feliz e coloquei meu coração no projeto. Continuo dando meu melhor, pois esta é a minha chance de fazer pelos outros o que um dia a ADRA fez por mim. Hoje trabalho com carteira assinada, moro numa casinha pequena, mas aconchegante, e é uma alegria trabalhar levando alimento às pessoas”, conclui emocionada.

Os recursos para financiar esse projeto provêm da ADRA Internacional, com sede nos Estados Unidos, e especialmente de doações da comunidade e de estabelecimentos comerciais locais. Entre janeiro e maio, a equipe da ADRA Roraima serviu mais de 180 mil refeições. Porém, os desafios de combater a fome na região continuam. “Faço aqui um apelo, pois a continuidade do projeto depende da solidariedade das pessoas”, enfatiza Daniel Lessa, diretor regional da ADRA em Roraima. Os interessados em colaborar doando recursos para o “Refeições Quentes” podem fazê-lo por meio do seguinte endereço: https://bit.ly/2TLyADK.

SILVIA TAPIA é assessora de comunicação da ADRA no Brasil

(Matéria publicada na edição de julho de 2021 da Revista Adventista)