Meninas na ciência

2 minutos de leitura

Projeto desenvolvido em colégio adventista incentiva a participação de alunas em eventos científicos nacionais e internacionais

PAULO SÉRGIO RIBEIRO

Escola de Joinville (SC) tem procurado despertar o interesse de meninas pela área de pesquisa e promover o contato delas com o meio científico. Foto: Tiago Graciotto

Cientistas como Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert Einstein facilmente são lembrados, mas poucos recordam de Marie Curie, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Física e a lecionar na Universidade de Sorbonne, na França; Rosalind Franklin, química britânica que contribuiu para o entendimento das estruturas moleculares do DNA, RNA, vírus, carvão mineral e grafite; e Françoise Barré-Sinoussi, a pesquisadora francesa que teve um papel fundamental na identificação do vírus da imunodeficiência humana, causador da Aids.

A presença masculina na ciência é majoritária há séculos. Por isso, em 2015 a Assembleia das Nações Unidas colocou em pauta uma discussão que visa à equidade de gênero em iniciativas científicas, além de instituir o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro. Desde então, eventos de entidades privadas, públicas e voluntárias têm promovido debates sobre a participação feminina na ciência e apontado caminhos para que isso aconteça.

Seguindo nesse sentido, no início do ano passado o Colégio Adventista de Joinville, em Santa Catarina, passou a incentivar alunas a participar de eventos, debates, grupos de estudos e concursos nacionais e internacionais de física, matemática, astronomia, tecnologia, astronáutica e ciências biológicas. A iniciativa partiu do professor Rudnei Machado, que é mestre em Matemática Aplicada e Física pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Ele já foi selecionado para realizar um curso no Centro Europeu de Reações Nucleares (CERN), que fica em Meyrin, na Suíça, e estagiou no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), em Lisboa, Portugal.

Nathália Osório, aluna do terceiro ano do ensino médio, conta que a iniciativa desse docente a motivou a querer fazer parte de uma futura geração científica mais igualitária e que essa influência pesou na escolha da graduação que ela pretende cursar: Engenharia Química. “Quero atuar com foco na área de pesquisas em laboratório”, ela observa.

Considerando a decisão de jovens como a Nathália de seguir carreira no campo científico, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) acredita que haverá mais igualdade de gênero na ciência em um futuro próximo. Mas, segundo um levantamento da entidade, atualmente apenas 28% do público feminino realizam pesquisas científicas no âmbito acadêmico.

Felizmente, segundo o professor Rudinei, olimpíadas de astronomia e física voltadas para alunos da educação infantil costumam receber um número de meninas quase igual ao de meninos. Já no nível do ensino médio, a disparidade continua sendo bastante acentuada. Entretanto, no contexto do colégio adventista catarinense, o cenário tem se mostrado mais igualitário. “Nas pré-seletivas internacionais de astronomia só tínhamos meninos. Porém, na edição deste ano tivemos quatro meninas entre os sete pré-
selecionados”, o educador relata.

De acordo com o professor Rudnei Machado, o plano é que as atividades continuem com novas ênfases, de modo que as alunas tenham referências nas diversas áreas do conhecimento e se inspirem em trajetórias como a de Aileen Yingst, cientista adventista que participou do programa da Nasa de envio da sonda Perseverance para Marte.

PAULO SÉRGIO RIBEIRO é assessor de comunicação da sede da Igreja Adventista para a região Oeste de Santa Catarina

(Matéria publicada na Revista Adventista de abril de 2021)