Saiba qual foi a relação do lendário boxeador com a igreja nos Estados Unidos
Com parentes adventistas do sétimo dia e uma casa perto da Universidade Andrews, a lenda do boxe Muhammad Ali teve um relacionamento próximo e amistoso com os adventistas durante vários anos. O boxeador, após 32 anos de batalha contra o mal de Parkinson morreu no dia 3 de junho em decorrência de complicações respiratórias, não se tornou membro da igreja, mas recebeu influência do adventismo.
“Embora não acreditasse em tudo o que acreditamos, ele considerava importante defender suas crenças. E fez isso!”, conta Edith Clay Fraser, prima de primeiro grau de Ali e membro da Igreja Adventista.
Considerado uma das maiores e mais célebres figuras do esporte do século 20, Ali ganhou as manchetes não apenas por suas proezas no boxe, mas também por sua recusa em lutar na Guerra do Vietnã, uma decisão que lhe custou muito financeiramente e o impediu de competir durante alguns dos melhores anos de sua vida.
Conforme esclarece Edith, que via regularmente o boxeador em reuniões familiares, Ali cresceu em Louisville, Kentucky (EUA), em uma família de metodistas e não de adventistas, como algumas pessoas erroneamente têm declarado. “Alguns afirmam que ele foi criado na igreja ‘adventista’. Embora tenha conhecido nossa igreja em Louisville, ele não era um membro da denominação. Mas acho que a espiritualidade e fortes crenças espirituais eram importantes para ele”, afirmou a professora emérita da Universidade de Oakwood à Adventist Review. No início dos anos 1960, o atleta se tornou adepto do islamismo, o que explica a mudança do nome de Cassius Marcellus Clay Jr. para Muhammad Ali.
Por outro lado, ela confirma que alguns dos parentes do boxeador abraçaram a fé. Em meados da década de 1950, seu pai, irmão de Ali, foi um dos que se tornaram adventistas do sétimo dia. Hoje, ela e outros quatro irmãos são membros ativos da igreja. Além disso, segundo informou a professora, há outros parentes que também professam a mesma religião.
Vida no campus
Depois de uma carreira espetacular no boxe, o tricampeão mundial dos pesos pesados fixou residência em uma fazenda de 32 hectares, localizada a apenas 2,5 quilômetros da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan. Segundo Becky St. Clair, porta-voz da instituição, ao longo de três décadas, ele frequentou regularmente o campus. Costumava almoçar no refeitório da Andrews, assistir a apresentações da equipe de ginástica da universidade e visitar a Igreja Memorial Pioneer. Um de seus filhos chegou a frequentar a Crayon Box, uma espécie de creche no campus.
Alisa Williams, que cresceu em Berrien Springs, relembra que as crianças da localidade o admiravam “não apenas porque ele era uma celebridade, mas porque esse gigante gentil era tudo o que significa ser um bom vizinho”. “Espero que ele tenha sentido o mesmo sobre nós”, observa.
Frequentemente, as crianças iam à casa de Ali para vê-lo treinar. “Ele as encorajava a visitá-lo, falava e brincava com elas e contava-lhes histórias enquanto trabalhava no ringue de boxe em seu celeiro”, disse St. Clair.
Muhammad Ali também costumava convidar alunos do seminário de Teologia para ir à sua residência a fim de conversar sobre temas teológicos. “Frequentemente recebia estudantes negros do Seminário da Universidade Andrews para debater teologia”, publicou o site Black SDA Story, citando reportagem do jornal South Bend (Indiana) Tribune, de 18 de janeiro de 2007.
No entanto, a doença fez com que ele tivesse que se mudar de Berrien Springs para Scottsdale, Arizona, seu último endereço.
Ao falar das lembranças que guarda do primo, Edith afirma que gostaria de se recordar dele como uma figura diferente da maioria das pessoas. Mas ela diz que procura fazê-lo com os pés no chão, por entender que sua vida também foi resultado de uma “produção”. Apesar disso, ela observa: “As pessoas me perguntam se com os familiares ele se comportava da mesma maneira que em público. A resposta é sim!”
Segundo a professora, ele era bem-humorado. “Lembro-me das vezes em que me ‘provocou’, dizendo que meu sobrenome, Fraser, era semelhante ao nome de um de seus maiores rivais do boxe: Joe Frazier. Era muito brincalhão”, comenta.
Mas, para ela, a lembrança mais marcante tem que ver com seu exemplo de integridade. “Ele tinha compromisso com o que acreditava. E essa é uma lição para todos nós”, conclui. [Andrew McChesney, da Adventist Review / Com tradução de William Vieira]
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.