Japoneses se preparam para a campanha de evangelização que será realizada em 2018 em um dos países mais secularizados do mundo

A maneira como Ellen G. White mencionou o Japão em um de seus livros deveria continuar chamando a atenção mais de um século depois. Ela escreveu: “Do Japão, China e Índia, das terras ainda obscuras do nosso próprio continente, de toda parte deste nosso mundo, vem o clamor de corações feridos em seu anelo de conhecimento do Deus de amor. […] Recai sobre nós, os que recebemos este conhecimento, e sobre nossos filhos, a quem o podemos comunicar, atender ao seu clamor” (Educação, p. 262).
É significativo que esse país oriental tenha sido mencionado pela escritora norte-americana antes das duas nações mais populosas do planeta. Talvez isso indicasse e indique maior urgência. Hoje, é sabido que China e Japão são as nações com maior índice de ateus declarados.
Essa realidade tem afetado os resultados evangelísticos. Após o ápice do número de membros na década de 1990, iniciou-se um contínuo declínio. Isso levou a liderança mundial da igreja a escolher o Japão como palco de seu evangelismo anual em 2018.
Como forma de preparar pastores e membros para a campanha que ocorrerá em maio envolvendo mais de 150 pontos de pregação, a igreja no país tem realizado uma série de ações. No meio do ano, um grupo de 27 pastores, oito estudantes de Teologia e 13 membros de congregações locais realizaram evangelismo público nas Filipinas, país onde o adventismo é forte. Além disso, foi implantada a Escola de Evangelismo em Campo, que está sendo coordenada pelo pastor Ron Clouzet, experiente evangelista. Mesmo que modesta para o padrão brasileiro, a escola tem proporcionado experiências marcantes e enriquecedoras para os participantes.
De acordo com o pastor Hiroshi Yamaji, líder do departamento de Evangelismo na sede da igreja no Japão, 16 congregações estão envolvidas ativamente. Dessas, seis são estrangeiras, sendo quatro brasileiras, nas províncias de Shizuoka e Aichi, e duas internacionais, em Chiba e Okinawa. E são justamente essas comunidades que estão colhendo os maiores resultados.
Entre as igrejas com significativa participação brasileira, a Tokai International Center, apesar de estar passando por reforma, envolveu-se no treinamento e no evangelismo público de dez noites em outubro. Os sermões do pastor Clouzet tiveram tradução para o português. Ao longo da programação, duas pessoas foram batizadas na Tokai International Center. Elaine Kuroki, uma das que tomaram a decisão, conheceu a igreja por meio de uma amiga que lhe indicou um pastor adventista que falava português e japonês para traduzir uma consulta com o médico do Hospital Universitário de Hamamatsu. Sua filha tem uma rara doença. O ato de bondade despertou nela e no marido o interesse de receber estudos bíblicos. Outras, como Sandra Sato, ainda não foram batizadas, mas em breve esperam passar por essa experiência. Ela teve contato com o adventismo assistindo às programações da Novo Tempo na internet. Quando visitou a igreja pela primeira vez, já conhecia boa parte das doutrinas adventistas. Ela completou em casa o curso Ouvindo a Voz de Deus em menos de dois meses.
Na Igreja de Amanuma, sede do evangelismo, a cada noite cerca de 120 pessoas acompanharam a programação. Em média, 20 não eram adventistas. “Ao longo do ano, recebemos treinamentos práticos sobre como identificar interessados e dar assistência a essas pessoas após o evento. Acreditávamos que deveria haver um método específico para atender as particularidades do Japão, mas pudemos aprender que o mais importante é nos submeter ao método de Deus”, conta Rha Myong Hoon, pastor assistente da congregação localizada na capital.
A expectativa é que a experiência sirva de motivação para o envolvimento no trabalho que está pela frente e que o evangelho brilhe num país que, por ter uma realidade desafiadora, não era palco do evangelismo público há pelo menos duas décadas.
GUENJI IMAYUKI é líder de evangelismo entre os imigrantes na União Japonesa (JUC) e pastor de igrejas latinas
(Matéria publicada originalmente na edição de novembro de 2017)
Última atualização em 23 de novembro de 2017 por Márcio Tonetti.