O alto-falante

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Usando um antigo equipamento de som para atrair a atenção das pessoas, voluntários já distribuíram mais de 200 mil folhetos
ERNESTO GERALDO BUSSACARINI
Euzébio Ventura, Dalvo Gonzaga Lima, Ernesto Bussacarini (centro), Benedito de Leme e João Henrique Moreira Soares: propaganda sonora, muitas histórias para contar e vários batismos para contabilizar. Foto: Arquivo pessoal

Em junho de 1969, deixamos a cidade de São Paulo para residir em Hortolândia, a 110 km da capital do estado. Hoje a cidade tem cerca de 222 mil habitantes, mas na época era apenas uma vila perto do então IASP, conhecida pelo nome de Jacuba (do tupi-guarani y-acub, “água quente”). Havia uma única igreja, recém-construída, com cerca de 120 membros. O pastor Ernesto Roth foi o primeiro a dirigir essa congregação, e na primeira comissão de nomeações escolheram a mim e ao irmão Silvio Carnassale para dirigir o trabalho missionário, função que exercemos por seis anos consecutivos.

Ao ser-me apresentada a sala missionária, encontrei ali um equipamento de alto-falante para propaganda em carro. O Sr. João Zanardi me informou que o Sr. Redy Ávila o havia doado para o uso da igreja. Como não sabiam o que fazer, ele ficou ali por dois anos. Haveria algum uso para o equipamento?

Em 1972, a irmã Lídia Carnassale Gadine vendeu um apartamento em Santos e deu uma boa oferta com o objetivo de fundar uma nova igreja. Localizamos três lotes no Jardim Santa Izabel, no Bairro Rosolém, e o valor quitou a entrada. Graças a valorosos irmãos, o saldo foi pago em dez parcelas mensais.

O irmão Paulo Felao iniciou o evangelismo com palestras. Doze irmãos desse grupo levaram convites impressos aos moradores vizinhos. Mas que decepção! ­Contava-se 5 ou 6 visitas em cada palestra. Fiquei preocupado. O que fazer? Foi quando veio a ideia: e se usássemos o alto-falante? Gravei uma fita-cassete, montamos o equipamento em cima do meu carro e, no sábado à tarde, rodamos o bairro anunciando a reunião de domingo à noite. A grande surpresa: o salão ficou lotado, com mais de cem pessoas, várias delas em pé!

Pouco tempo depois, o irmão Alberto Reichert, que tinha uma oficina no Jardim Campos Verdes, resolveu transformar o barracão numa igreja. Com a notícia do sucesso do equipamento de altofalante móvel, ele pediu que ajudássemos na divulgação. Uma nova fita-cassete foi gravada, o bairro foi todo visitado com a propaganda sonora falando da reunião. Na semana seguinte, encontrei o Sr. Reichert e perguntei como tinha sido a frequência. “Irmão Ernesto”, ele disse, “veio tanta gente que lotou o salão e muitos tiveram que assistir pelas janelas.” Isso me deu a certeza de que um simples alto-falante nas mãos do Espírito Santo tem grande poder de comunicação.

Em 1984, fui residir em Artur Nogueira. Logo comecei a trabalhar no departamento missionário da Igreja de Lagoa Bonita (hoje Unasp, campus Engenheiro Coelho). Lá adquiri meu equipamento de som móvel. O primeiro uso dele foi na divulgação do curso para deixar de fumar em cinco dias. O cine Rossetti lotava!

Em 1988, voltei a residir em Hortolândia e o trabalho com o auto-falante móvel foi incrementado com a distribuição de folhetos. Enquanto o carro passa chamando a atenção das pessoas, um ou dois colaboradores caminham ao lado distribuindo folhetos com a mensagem. Em 2018, esse ministério do alto-falante completou 30 anos, com mais de 200 mil folhetos distribuídos!

São muitas histórias lindas ocorridas e vários batismos realizados. Louvo a Deus por essas bênçãos. Completei 86 anos e, enquanto Deus permitir, continuarei proclamando a vinda de Jesus. E não poderia deixar de agradecer aos quatro valorosos auxiliares que me acompanham nesse trabalho: Benedito de Leme, Dalvo Gonzaga Lima, Euzébio Ventura e João Henrique Moreira Soares.

ERNESTO GERALDO BUSSACARINI, membro da Igreja Adventista desde 1960, frequenta a Igreja Central de Hortolândia (SP)

(Este texto foi publicado na seção Páginas de Esperança da edição de julho de 2019 da Revista Adventista)

Última atualização em 30 de julho de 2019 por Márcio Tonetti.