O Egito e o cristianismo

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Brasileira compartilha sua experiência cristã em um contexto islâmico

Eduardo Teixeira

Embora o Egito seja considerado um dos países muçulmanos menos rígidos em termos culturais e religiosos, os cristãos ainda enfrentam algumas restrições. Com mais de uma década de experiência no país, Ana Paula Ramos relata detalhes da região. Ela desempenhou funções diversas, incluindo a direção no departamento de Comunicação da sede adventista no Cairo. Atualmente, é empreendedora na empresa Brazilian Table.

Quais são as principais características culturais e religiosas do Egito?

O Egito é um país árabe situado ao norte da África, com uma população de aproximadamente 100 milhões de habitantes. Oficialmente, é uma república, mas carrega traços marcantes da ditadura até os dias atuais. A religião oficial é o Islã; no entanto, o cristianismo e o judaísmo também são reconhecidos. Em termos culturais, a modéstia dá o tom às vestimentas das mulheres, sem decotes, transparência e com braços e pernas cobertos. Aqui elas não são obrigadas a vestir o hijab, ou cobrir a cabeça com um lenço.

Considerando que a religião oficial do país é o islamismo, como é a vivência do cristianismo nessa região?

Cerca de 10% da população é cristã. As igrejas cristãs funcionam principalmente para dar suporte aos seus membros locais. Não é permitido evangelizar pessoas ou praticar o que chamamos de proselitismo. Dos 10% da população cristã, estima­- se que 9% são católicos ortodoxos egípcios, conhecidos como “coptas”.

Existem divisões claras em algumas cidades, vilas, bairros, ou regiões quase que exclusivamente cristãos ou islâmicos. Mesmo assim, a convivência entre a população é pacífica. Há segurança 24 horas do governo em cada uma das igrejas do país; é uma lei. Sempre que entramos para assistir a um culto e passamos por eles, é como um lembrete de que estamos sendo vigiados. Ao mesmo tempo, essa proteção extra é considerada necessária.

Qual é a realidade da Igreja Adventista no território egípcio?

O adventismo chegou ao Egito há mais de um século por meio de missionários europeus. A primeira igreja foi fundada em 1901, e o movimento teve seu pico de expansão em meados dos anos 1960. Além das congregações, tínhamos escolas, orfanato, fábrica de alimentos e também um trabalho forte de colportagem. Atualmente, somos uma pequena denominação com cerca de 800 membros em 12 congregações, entre 100 milhões de pessoas. Ainda mantemos três escolas básicas em funcionamento na grande Cairo, e uma fábrica de alimentos está sendo reestruturada. Com o fortalecimento do regime islâmico a partir dos anos 1960, novas leis dificultaram a abertura de igrejas e o funcionamento, criação ou expansão de outras instituições cristãs. Nos anos 2000, a igreja foi também diretamente confrontada pelo papa copta Shenouda, um dos mais famosos papas egípcios, que produziu uma série de livros e seminários contra os adventistas.

De que forma os brasileiros podem contribuir com ações realizadas nesse país?

Costumamos dizer que todo discípulo de Jesus pode contribuir de três formas diretas: orando, enviando recursos e sendo enviado. Não deixe de orar pelos que já estão aqui, pelo Egito e por todas as nações árabes. Elas também aguardam a segunda vinda de Jesus, que determinará o fim do mal e a restauração de todas as coisas. Entre em contato com o coordenador de voluntários adventistas de sua região e descubra como ajudar, seja enviando recursos ou sendo enviado para cá. O inglês é essencial; portanto, dedique­-se com propósito de servir a Deus e estude esse idioma por um ano. Você verá milagres acontecendo em sua vida. Nós vivemos esses milagres. 

(Entrevista publicada na Revista Adventista de janeiro/2024)

Última atualização em 17 de janeiro de 2024 por Márcio Tonetti.