Pastor reflete sobre o ministério em um ambiente acadêmico repleto de interações culturais
Por Sérgio Festa
Filho de missionários, o pastor Dwight Nelson nasceu no Japão e concluiu o ensino médio em Cingapura. Com 50 anos de ministério pastoral, está prestes a desfrutar de sua jubilação. Um fato interessante em sua jornada é que Dwight liderou a igreja da Universidade Andrews por mais de quatro décadas, desde 1983. Quando jovem, pensou em estudar medicina até sentir o chamado ministerial aos 16 anos de idade. Ele cursou a faculdade de Teologia na Universidade Adventista do Sul e obteve os títulos de mestre e doutor em Ministério na Universidade Andrews.
A igreja da Universidade Andrews é importante e desafiadora, pois abriga pessoas de todas as partes do mundo, muitos acadêmicos e uma variedade de atividades no campus. Com toda essa complexidade, qual foi o maior desafio nesses mais de 40 anos de ministério nessa congregação?
O maior desafio tem sido as mudanças psicossociais, demográficas e geracionais. Passei por quatro mudanças de gerações, começando com baby boomers, depois geração X, geração Y e, agora, a geração Z. A cada mudança tem ficado mais difícil. É um grande desafio alcançar a atual geração, especialmente após a pandemia, pois essa geração não está participando de encontros religiosos da mesma forma. Devido à tecnologia atual, se sentem isolados e presos nas armadilhas da saúde mental. E acreditem em mim: a próxima geração será ainda mais difícil!
O senhor afirma que o segredo de uma pregação eficaz é ler, ler e ler. Mas é preciso explorar um pouco essa ideia porque vivemos tempos difíceis e confusos. Qual deve ser a ênfase da nossa pregação?
Não há outro caminho, precisamos ser cristocêntricos até o âmago. Isso significa que todo sermão deve ser sobre a cruz? Não, isso não quer dizer que todo sermão precisa ser sobre a cruz. Mas devemos tentar encontrar a cruz em cada ensinamento. Antes de terminar a mensagem, perto do fim, deve haver algo sobre o Calvário e Jesus. Não devemos nos esquecer de que os pregadores adventistas precisam ter uma base sólida na Palavra de Deus. Esse deve ser nosso fundamento, não apenas juntar um monte de textos. Há momentos em que precisamos usar vários textos, mas, às vezes, ao estudar uma passagem específica, devemos nos limitar a dizer: “Vou ficar aqui e ir mais fundo”. Esse é o poder que está na Palavra, não no pregador. Aliás, o poder do pregador está justamente na Bíblia.
Basta ministrar uma pregação sólida para alcançar as novas gerações? Como chegar ao coração dos jovens e adolescentes e alcançá-los para Cristo?
Eles não querem alguém que seja igual a eles. Não querem alguém que esteja à frente deles. Porém, somos os pastores do rebanho e temos que ser gentis com todas as ovelhas. É nosso dever ajudar as novas gerações a ter sua própria experiência de fé. Não precisamos ter a perspectiva exata da geração atual. Devemos demonstrar que amamos essa geração e nos importamos com ela. Ame a cada jovem e adolescente e não os trate como objetos estranhos. Leve-os a participar da igreja, e então, eles adorarão a Deus ao ver a alegria no rosto das pessoas. Tudo o que necessitamos fazer é apresentar uma visão com fortes princípios bíblicos. Se jovens e adolescentes souberem que são amados, seguirão conosco até os confins da Terra. Esse amor genuinamente cristão pelo próximo não é encontrado em outros lugares. Ao amá-los, teremos amigos para toda a vida. Não podemos descartar nenhum deles. Devemos incluí-los nas ações missionárias.
Última atualização em 10 de agosto de 2023 por Márcio Tonetti.