A influência do livro Vida de Jesus na conversão de uma mulher que não conseguia vencer o tabagismo
Silvana de Abreu Galvão

Certo dia, depois de atender um homem no portão, meu pai entrou em casa com um livro. Meus irmãos e eu logo encontramos um jeito de pegá-lo para descobrir do que se tratava. Ficamos fascinados com as ilustrações, lemos algumas histórias e nos interessamos especialmente pelos acontecimentos futuros.
O livro se tornou nosso tesouro. Ler e folhear suas páginas não era o bastante. Passamos a levá-lo para a escola, copiar seus desenhos e manuseá-lo tantas vezes que, com o tempo, ficou todo riscado, perdeu folhas e capa, restando apenas um miolo gasto.
O tempo passou, nós crescemos, nossos pais se foram e, por intermédio da minha filha, comecei a estudar a Bíblia com uma pessoa adventista. Eu tinha muitas perguntas e argumentos, que foram sendo desconstruídos um a um. No entanto, ainda precisava vencer um grande obstáculo: o vício em cigarro.
Terminei os estudos e continuei frequentando os cultos. No trajeto até a igreja, fumava o quanto podia, mas, ao me aproximar, guardava o cigarro no bolso para retomá-lo na volta. Quando não tinha dinheiro para comprá-los, saía à rua em busca de um fumante, pedindo um cigarro com alguma desculpa qualquer. Fazia isso até conseguir o suficiente para passar a noite. Cheguei ao ponto de recolher bitucas abandonadas em paradas de ônibus para saciar aquele desejo insaciável.
Eu era, reconhecidamente, uma escrava da nicotina desde os 13 de idade. Já havia tentado de tudo, inclusive o curso “Como Deixar de Fumar em Cinco Dias”, mas não conseguia vencer o vício. Ainda assim, continuava estudando a Bíblia e me entristecia só de pensar na possibilidade de perder o Batismo da Primavera – tudo por causa do maldito cigarro.
A menor demonstração de que O aceitamos é suficiente para que Ele transforme tudo em
nossa vida
Ao ser convidada para um congresso da igreja, sentei-me bem à frente e observei a multidão se acomodar. Para minha surpresa, entre os brindes que seriam sorteados, estava o saudoso livro da minha infância, com a mesma capa e o título destacado em vermelho. Nunca imaginei que aquele livro pertencesse à Igreja Adventista, muito menos que houvesse uma editora e colportores que o vendessem. Tampouco pensei que seria possível comprar um exemplar, pois não tinha recursos para isso.
Concluí que aquela era minha única chance de resgatar o amado livro e reviver a nostalgia dos tempos de infância. No entanto, com tantas pessoas no evento, ganhar justamente aquele brinde parecia impossível. Então, pensei: “Senhor, se eu ganhar esse livro, paro de fumar”.
Isso foi o suficiente para que Deus operasse o milagre necessário em minha vida. A partir daquele momento, nunca mais senti vontade de fumar e, enfim, fui batizada. Não apenas minha vida, mas também a de minha família foi transformada. Até hoje, guardo com carinho a edição de 1977 do livro Vida de Jesus, que ganhei no sorteio.
A propósito, sorte não existe. Não há escravo que não possa ser liberto, nem nada capaz de nos separar do amor de Deus. A menor demonstração de que O aceitamos é suficiente para que Ele transforme tudo em nossa vida.
SILVANA DE ABREU GALVÃO é colaboradora da CPB
(Testemunho publicado na Revista Adventista de abril/2025)
Última atualização em 22 de abril de 2025 por Márcio Tonetti.