O que faremos no paraíso?

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Adoração, amor pleno e serviço desinteressado marcarão a eternidade

Enio Scheffel Júnior

Imagem generativa: Renan Martin

Em algum momento da vida, todos acabamos fazendo a mesma pergunta: O que faremos na eternidade? Sabemos, pelas Escrituras, que os salvos habitarão em um lugar de paz, no qual não haverá mais morte, tristeza, dor e nem lágrimas (Ap 21:4). Mas o que, de fato, preencherá nossos dias no novo céu e na nova Terra?

Alguns sonham com mansões sobre montes e férias infinitas em mares cristalinos. As crianças se encantam com leões mansos e girafas brincalhonas. Mas será que essas imagens, por mais belas que sejam, realmente tocam o anseio mais profundo do nosso coração? Talvez não, justamente por parecerem apenas versões ampliadas de prazeres passageiros que já conhecemos aqui.

E então, a pergunta ecoa com ainda mais força: O que realmente faremos no lar dos redimidos? A Bíblia nos oferece uma pista: “Estão diante do trono de Deus e O adoram de dia e de noite no Seu santuário” (Ap 7:15). Serviremos a Jesus. Mas como? Em Mateus 25, o Rei fala aos que herdarão o Reino: “Tive fome, e vocês Me deram de comer; tive sede, e vocês Me deram de beber; Eu era forasteiro, e vocês Me hospedaram; Eu estava nu, e vocês Me vestiram; enfermo, e Me visitaram; preso, e foram Me ver” (v. 35, 36).

O Céu é feito de amor em ação, de serviço genuíno. Mesmo que lá não haja fome, doença ou prisão, o coração do Reino permanece o mesmo: um Deus que Se doa. Ele nos diz: “Sempre que o fizeram a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim que o fizeram” (Mt 25:40). Servir ao outro é tocar o próprio Deus. É amar como Ele ama.

O apóstolo João declarou: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odiar o seu irmão, esse é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E o mandamento que Dele temos é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão” (1Jo 4:19-21).

A vida eterna não será apenas viver para sempre, mas viver com sentido

A lógica divina é a do amor que não busca interesses próprios. O Céu é regido por essa lei: a doação voluntária, o bem praticado com alegria, a bondade que brota do coração. Ellen White escreveu que “a glória do nosso Deus é doar” e que, por intermédio Dele, “completa-se o circuito da bondade, representando o caráter do grande Doador: a lei da vida” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 10). Quanto mais nos parecemos com Cristo, mais nos libertamos do egoísmo e mais encontramos sentido para viver.

Poucas coisas são tão gratificantes quanto fazer alguém feliz. Desde ajudar um idoso a atravessar a rua até doar algo precioso para salvar uma vida, há uma alegria que nenhuma riqueza ou prazer pode imitar. É o brilho nos olhos de quem foi tocado por Deus por meio de nós.

O paraíso não se resumirá a cenários deslumbrantes, mas será caracterizado pela experiência eterna de amar e servir. Um lugar em que todos vivem para adorar ao Criador e fazer o bem ao próximo não cansa, não enjoa. Nele, a felicidade tem profundidade, não apenas superfície.

Essa realidade pode começar agora. Quando servimos ao próximo com sinceridade, estamos servindo ao Cordeiro. Ao removermos as barreiras que nos afastam de Deus e dos outros, damos os primeiros passos rumo ao Céu. Afinal, a vida eterna não será apenas viver para sempre, mas viver com sentido.

Então, o que faremos na eternidade? Adoraremos, amaremos e serviremos – e experimentaremos uma alegria que jamais terminará! 

ENIO SCHEFFEL JÚNIOR é colaborador da CPB

(Texto publicado na seção “Enfim” da Revista Adventista de setembro/2025)

Última atualização em 9 de outubro de 2025 por Márcio Tonetti.