O que você busca?

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Não procure as coisas certas nos lugares errados nem de maneiras equivocadas

Matheus Köhler
Foto: Adobe Stock

Essa pergunta ganha um novo significado ao começarmos mais um ano. Ao virar a página de 2020, quem sabe você esteja buscando saúde, emprego, segurança, bons relacionamentos ou quem sabe uma religião. No fundo, consciente ou inconscientemente, de maneira planejada ou não, todos nós começamos esse novo ciclo buscando algo. Afinal, pelo que você está buscando em 2021?

Em um sábado pela manhã, depois de ter me ouvido pregar, uma senhora me procurou e disse: “Já faz dois anos que eu estou procurando por Cristo, mas não consigo achá-Lo”. Essa afirmação me intrigou. Afinal, havia acabado de pregar sobre a busca de Deus por nós.

Diferentemente da minha situação, Cristo também fazia perguntas para as pessoas com frequência. Ele guiou as multidões por meio de perguntas que as faziam pensar. No evangelho de João, Sua primeira pergunta aos Seus discípulos foi: “O que vocês buscam?” (Jo 1:38). O que me chama a atenção é que a primeira pergunta de Jesus para aqueles discípulos não foi acerca de Deus, tampouco sobre o pecado, nem a respeito de sua história pessoal. Como o comentarista Warren Wiersbe observa, “Jesus os obrigou a definir seus propósitos e objetivos” (Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento, v. 1 [Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006], p. 370).

Esse questionamento nos estimula a olhar para dentro de nós mesmos. Gerald Borchert, outro erudito, comenta que, na pergunta de Jesus aos discípulos, vemos a questão existencial profunda com a qual se deparam todos aqueles que são confrontados por Ele (The New American Commentary: John 1-11 [Nashville, TN: B&H, 1996], p. 141).

Cristo nos estimula a fazer um autoexame quanto ao que de fato importa. Afinal, todos buscamos algo. A busca é algo essencial para o ser humano. Não conseguimos passar um dia sequer sem buscar alguma coisa. Em decorrência disso, hoje em dia temos inúmeros mecanismos de busca e diversas opções de escolha. Isso tem deixado as pessoas cada vez mais ansiosas com as decisões que precisamos tomar. Martha Gabriel, especialista e pesquisadora na área de tecnologias digitais, costuma dizer que “riqueza de informação traz pobreza de atenção”. Em função disso, cada vez mais temos feito escolhas erradas e tendenciosas.

Precisamos entender que não existe tragédia maior do que uma vida inteira perdida buscando as coisas erradas. As pessoas têm passado a existência buscando algo simplesmente pelo prazer de alcançar, comprar ou ganhar. Então, no fim da vida, percebem que não era isso que estavam buscando. Assim, não conseguem preencher o vazio que possuem nem sentem que a busca foi concluída com sucesso.

Não existe tragédia maior do que uma vida inteira perdida buscando as coisas erradas

A maioria de nós busca coisas boas, como segurança, sucesso, amor e esperança. Contudo, nem sempre sabemos onde e como encontrá-las. Cristo sabe que podemos nos distrair com as preocupações do mundo. Sabe que podemos buscar as coisas certas nos lugares errados e de maneiras equivocadas. A pergunta de Jesus deve nos deter o suficiente para avaliarmos se a nossa vida está alinhada com o que verdadeiramente importa.

Por fim, a boa notícia é que a pergunta de Jesus também nos mostra o que está no Seu coração. Em João 1:35-39, Jesus oferece àqueles dois seguidores de João Batista a oportunidade de começar um relacionamento com Ele. Em resposta, eles perguntam a Jesus onde Ele mora. Cristo responde: “Venham e verão”. O convite de Jesus revela que Ele verdadeiramente queria estar com eles. Em uma breve conversa, Jesus passa de uma pergunta que nos convida a explorar nossa vida e nosso coração para um convite a vir e ver se o que buscamos, no fundo, está Nele. Que nesse novo ano possamos buscar aquilo que realmente importa em Cristo!

MATHEUS KÖHLER é estudante do quarto ano de Teologia no seminário do Instituto Adventista Paranaense (IAP)

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 por Márcio Tonetti.