Recomendações da igreja a respeito das eleições, apoio partidário, candidaturas de membros e manifestações públicas
Helio Carnassale
Com a proximidade da realização de eleições gerais em vários países que formam a Divisão Sul-Americana (DSA) da Igreja Adventista, identificou-se a necessidade de preparar uma declaração que tratasse da relação da igreja com os assuntos de natureza política. Diante dessa demanda, o documento “Os adventistas e a política” foi elaborado para servir como um guia conciso para pastores, funcionários e membros da igreja.
O documento não pretende substituir os conselhos divinos, mas sim expressar a compreensão que a liderança da denominação na América do Sul tem no momento acerca do relacionamento institucional com os poderes públicos e os assuntos políticos, bem como os deveres dos adventistas como cidadãos.
Para se chegar a essa declaração foi estabelecido um grupo de trabalho com administradores das sedes da igreja, advogados, comunicadores, educadores, jornalistas, pastores, sociólogos e teólogos. Esses profissionais deram importantes contribuições mencionando situações anteriormente enfrentadas pela igreja, propondo procedimentos práticos e revisando a redação final do documento.
Por se tratar de um tema sensível e com potencial para muitos tipos de repercussão, trabalhou-se para que o documento fosse equilibrado, claro e abrangente, contemplando assim a realidade do cenário sociopolítico atual na América do Sul e as orientações do Manual da Igreja, do Livro de Regulamentos e das declarações oficiais da denominação.
O documento considera a relação dos adventistas com quatro questões: (1) política partidária; (2) eleições; (3) candidatos adventistas; e (4) manifestações públicas. Cada seção é composta de considerações e recomendações. O documento foi votado (voto 2017-220) no Concílio Anual realizado em novembro de 2017, que aprovou o texto que está disponível no Portal Adventista.
A Bíblia nos motiva a respeitar as autoridades, orar por elas e buscar o bem da sociedade (Jr 29:7; Rm 13:1-7; 1Tm 2:1-3). Nesse contexto, a igreja orienta que seus membros votem de acordo com a consciência individual, que escolham candidatos que defendam os princípios da qualidade de vida e da saúde, do modelo bíblico de família, dos valores éticos e morais, da liberdade religiosa e da separação entre Igreja e Estado.
Reconhecemos o papel legítimo dos governos, respeitamos o direito do Estado de legislar nas questões seculares e consentimos com essas leis quando não contrariam os preceitos bíblicos. Entendemos também que nossos membros devem assumir responsabilidades civis com seriedade e exercer o papel de cidadãos, mas sem se esquecerem da cidadania celestial.
Não desmerecendo a importância das questões políticas, entendemos ser o verdadeiro papel da igreja desenvolver práticas que resultem no fortalecimento da fé e promovam a esperança na iminente volta de Cristo. Reconhecemos que a pregação do evangelho envolve ações de solidariedade que expressem amor e minimizem o sofrimento humano. Por isso, cremos que todo esforço deve ser canalizado para o serviço desinteressado em favor das pessoas, revelando assim profundo interesse na salvação delas.
HELIO CARNASSALE é o diretor do departamento de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa da sede sul-americana da Igreja Adventista
(Artigo publicado na edição de setembro de 2018)
LEIA TAMBÉM: Os adventistas e as eleições
Última atualização em 28 de setembro de 2018 por Márcio Tonetti.