Os desafios da hiperconexão

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Pesquisadora oferece soluções para a dependência digital

Guilherme Silva

Crédito da imagem: Divulgação CPB

Quantos likes você recebeu hoje? Quem curtiu ou deixou de curtir seu último post? Como conquistar novos seguidores nas redes sociais? Preocupações como essas fervilham todos os dias na mente de uma geração que cresceu no mundo digital, imersa nas redes sociais. A conectividade em tempo real criou oportunidades quase ilimitadas de interação. Apesar disso, o isolamento, a solidão e os transtornos mentais têm aumentado hoje como em nenhuma outra época. O que está acontecendo? Qual é a relação das novas tecnologias de mídia, redes sociais e jogos eletrônicos com o aumento vertiginoso de doenças da mente?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem de algum problema mental. Os adolescentes representam 14% desse número. O aumento da depressão, da ansiedade e de outros transtornos, inclusive, fez com que o suicídio crescesse de modo alarmante entre os jovens de 15 a 29 anos, tornando-se a segunda causa de morte nessa faixa etária.

Especialistas em saúde mental têm documentado de modo cada vez mais evidente a relação dos transtornos mentais entre adolescentes e jovens com o uso excessivo das mídias digitais. O que as pesquisas evidenciam é comprovado pela experiência da doutora Salete Rios, médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). Com anos de experiência clínica e docência universitária, além de sua sólida formação em Estilo de Vida, Ciências Médicas e Patologia ­Molecular, ela apresenta respostas bem fundamentadas e oferece orientações claras para prevenir e tratar a compulsão digital.

Em seu livro Movidos a Internet (CPB, 2022), Salete documenta com pesquisas recentes o perigo que a conexão instantânea, na palma da mão, representa para o bem-estar físico e emocional. Muita gente acredita que basta selecionar bons conteúdos para aproveitar o melhor do mundo on-line e fugir de suas armadilhas. Porém, as novas tecnologias de mídia não afetam os usuários apenas com a mensagem veiculada. O acesso frequente a redes sociais e jogos eletrônicos, invadindo as horas que deveriam ser destinadas ao descanso, ao estudo e ao trabalho, tem gerado prejuízos irreparáveis a seus usuários.

Por outro lado, a autora reconhece a necessidade do uso racional da tecnologia em um mundo interconectado. Na página 211 de seu livro, ela argumenta que, embora as ferramentas digitais tragam riscos ao ser humano, produzindo muitas vezes o vício e o esgarçamento das emo­ções, essas ferramentas são parte da sociedade atual e “devem estar aliadas à nossa vida”.

Considerando que não é possível desfazer-se de um smartphone ou de um computador como se fosse um objeto desnecessário, ela propõe estratégias de controle e administração do tempo e do conteúdo no mundo digital. Essa é a questão central de Movidos a Internet, um livro que conduz o leitor a uma séria reflexão sobre a necessidade de impor limites ao uso das mídias digitais. Trata-se de um convite à superação da dependência digital, bem como de um apelo para se conectar com aquilo que verdadeiramente importa.

TRECHO

“Quando o uso das ferramentas digitais já se transformou em adicção, comprometendo os relacionamentos, a saúde física e o bem-estar emocio­nal, o auxílio de profissionais da saúde capacitados a lidar com a questão e a mudança no estilo de vida são fundamentais. A reforma nos hábitos de alimentação, exercício e descanso, entre outras práticas, aliada à con­fiança em Deus é um passo indispensável para reequilibrar a saúde” (p. 212).

GUILHERME SILVA é pastor e editor na CPB

(Resenha publicada na seção Estante da Revista Adventista de dezembro/2022)

Última atualização em 18 de janeiro de 2023 por Márcio Tonetti.