Os millennials e o evangelismo

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Estudo revela que a maioria dos jovens cristãos norte-americanos não se sente à vontade para compartilhar sua fé  
Muitos millennials norte-americanos consideram errado evangelizar, conforme apontou novo estudo divulgado pelo Instituto Barna. Foto: AdobeStock

Evangelizar. Seu sentido original – “dar a conhecer as boas novas” – está atrelado à maneira de viver daquele que crê em Cristo. Compartilhar a fé com os demais é o centro da prática religiosa em muitas denominações, e o próprio Jesus ordenou que Seus discípulos pregassem o evangelho (Mt 28:19-20). No entanto, muitos têm desistido dessa tarefa.

Uma nova pesquisa divulgada pelo Instituto Barna revela que, nos Estados Unidos, muitos cristãos estão perdendo o entusiasmo missionário por várias razões. O declínio da religião no país, a crescente suspeita cultural em relação às pessoas de fé e o crescimento da apatia por assuntos espirituais foram algumas das causas identificadas no estudo.

Uma das principais conclusões da pesquisa foi que os millennials, pessoas que têm, hoje, entre 20 e 34 anos, sentem-se em conflito com o evangelismo. Quase metade dos entrevistados disseram que é errado compartilhar sua fé.

Preparados, mas sem disposição para pregar

Chama a atenção o fato de 73% dos millennials terem afirmado que estariam preparados para responder perguntas sobre suas crenças religiosas. Apesar disso, muitos afirmaram que não se sentem à vontade para praticar o evangelismo. O estudo apontou que 47% deles considera, de alguma forma, que é errado compartilhar as crenças pessoais com alguém de uma fé diferente, na esperança de que um dia ele abrace a mesma fé.

Pesquisas anteriores realizadas pelo Instito Barna e compiladas no livro Spiritual Conversations in the Digital Age (Conversas Espirituais na Era Digital, em tradução livre) também mostraram que três de cada cinco millennials cristãos acreditam que hoje é mais fácil as pessoas se ofenderem quando alguém compartilha sua fé. Mais do que outras gerações, os millennials podem perceber com mais facilidade a disposição que os demais têm de escutar sobre a fé do outro. No entanto, eles têm a tendência de pensar que discordância significa julgamento. Por isso, estar num contexto em que haja resistência cultural às conversas que destacam as diferenças das pessoas faz da pregação do evangelho uma tarefa difícil para eles.

“Cultivar convicção cristã profunda, firme e resiliente é difícil neste mundo em que a máxima é não criticar as escolhas de vida de ninguém”, conclui David Kinnaman, presidente do grupo Barna.

Relevância da pesquisa

Kinnaman afirma que a tônica do estudo é que é necessário que os cristãos reforcem sua confiança em certas convicções – entre elas, a crença de que “evangelizar outros é bom e digno de nosso tempo, energia e investimento”.

Ele acrescenta que a cultura atual tem condicionado os jovens cristãos a pensar que serão julgados pelos outros por causa de sua posição religiosa, e que Cristo não pode mudar o coração das pessoas.

Além de mostrar que há uma visível ambivalência entre os millennials sobre o chamado para compartilhar sua fé com outros, o estudo também deixa como lição o fato de que o evangelismo não é apenas para salvar os incrédulos, mas de nos lembrar de que Jesus pode mudar todas as pessoas, e que elas realmente importam para Ele. Compartilhar a fé sempre será uma prática essencial para seguir Jesus.

O Instituto Barna ouviu 992 cristãos norte-americanos praticantes e 1001 não praticantes.

MATEUS TEIXEIRA é estudante de Teologia e Jornalismo na Universidade Adventista del Plata, na Argentina (Com informações do Instituto Barna)

Última atualização em 22 de fevereiro de 2019 por Márcio Tonetti.