Oxigênio para Manaus

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Como a agência humanitária adventista tem ajudado a população manauara a continuar respirando

Silvia Tapia

Além de doar alimentos e kits de higiene, a agência humanitária tem distribuído em domícilio cilindros de oxigênio para pacientes que não conseguiram vagas nos hospitais. Foto: Ivo Mazzo

No dia 5 de janeiro, o Amazonas decretou estado de emergência devido ao aumento do número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Ainda mais agressiva do que a primeira, a segunda onda da pandemia colapsou o sistema de saúde em Manaus. Além de não conseguir acolher todos os pacientes, os hospitais e centros de saúde da capital enfrentaram outra crise: no “pulmão do mundo”, faltou oxigênio. As três empresas fornecedoras do insumo no Amazonas não deram conta de suprir a demanda, e muitas vítimas da Covid-19 morreram sem que os profissionais da saúde pudessem fazer algo.

Diante da emergência, autoridades, empresas privadas, ONGs e pessoas influentes no meio artístico uniram forças para que Manaus continuasse respirando. Mas o desafio ­continua. A maior complicação é o difícil acesso à cidade, fato que torna desafiadora a logística de transporte dos cilindros de O2.

Tendo isso em vista, a resposta imediata da Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) foi no sentido de organizar uma campanha para levantar recursos, além de buscar fornecedores de oxigênio e meios alternativos de transporte do insumo até a capital do Amazonas.

A equipe da ADRA também buscou suprir outras necessidades imediatas. Atendendo ao pedido da Prefeitura Municipal de Manaus, a agência adventista doou 1,7 mil kits de proteção individual, contendo máscaras, macacões impermeáveis, luvas e protetores faciais para 16 Unidades Básicas de Saúde. Também foram realizadas ações preventivas em comunidades carentes e com moradores de rua.

Porém, durante a entrega de kits de proteção individual, a equipe em campo se deparou com uma realidade que mudou o rumo da resposta. As autoridades regionais priorizaram o abastecimento de oxigênio nos grandes centros de saúde, mas há muita gente precisando de oxigênio em casa. “Os hospitais estão superlotados e os leitos vagos são praticamente inexistentes. Por esse motivo, muitas famílias são obrigadas a cuidar de seus pacientes em casa, onde também há grande demanda por oxigênio. No entanto, para abastecer um cilindro de 50 litros, as pessoas pagam, em média, 600 reais. São muitos os casos de famílias que gastam um cilindro de oxigênio por dia! Imagine o desespero quando o dinheiro para comprar o insumo começa a faltar”, afirma Fábio Salles, diretor da ADRA no Brasil.

Desde o início da resposta até o momento, a ADRA doou aproximadamente 100 mil horas de oxigênio a 100 famílias que não conseguiam mais arcar com os custos do valioso gás. Ao mesmo tempo, a população manauara sente o impacto da crise sanitária na economia. Com o novo lockdown, o comércio da região de Manaus está funcionando de maneira restrita. Além disso, o Amazonas é um estado com muitos trabalhadores informais, o que agrava a situação.

Consequentemente, a crise alimentar tem se intensificado rapidamente. Por isso, a ADRA, em parceria com a sede administrativa da Igreja Adventista em Manaus, beneficiou 1.662 famílias com a entrega de cestas básicas e kits de higiene.

A resposta emergencial da ADRA na capital amazonense tem contado com o apoio de empresas, ONGs e agências internacionais como a OFDA, a ACNUR e o Unicef. Graças às doações que tem recebido tanto de empresas, entidades e pessoas físicas durante a pandemia, ela já investiu mais de 1,4 milhão de reais no auxílio à população de Manaus.

SILVIA TAPIA é assessora de comunicação da ADRA no Brasil

(Matéria publicada na edição de março de 2021 da Revista Adventista)