Descubra o segredo para uma vida mais feliz
Darren Morton
Em 1997, o Dr. Martin Seligman foi eleito presidente da Associação Americana de Psicologia e decidiu investir sua energia e influência em um novo campo da psicologia. Seligman percebeu que, tradicionalmente, a psicologia se preocupava apenas com o lado negativo, buscando remediar estados psicológicos disfuncionais. Por isso, ele decidiu investigar e promover o que chamou de psicologia positiva.
A princípio, a literatura nessa área se concentrava na felicidade, buscando entender como alcançá-la. No entanto, embora essa busca seja muito importante, o campo da psicologia positiva observou que não se trata apenas de viver sorrindo. De acordo com esse estudioso, existe um ideal mais elevado: o florescimento.
Vamos entender melhor o que isso significa considerando cinco maneiras abrangentes de alcançar esse objetivo.
OS CINCO DOMÍNIOS
Emoções positivas. As emoções positivas são fundamentais para uma vida florescer e vão além dos sentimentos e prazeres. Tentar construir seu bem-estar e sua felicidade apenas com base no prazer é um problema, pois ele nunca é permanente, assim como o riso nunca é ilimitado. Para se ter uma vida abundante por meio da busca pelo prazer, é necessário ocupar-se constantemente disso. Porém, vários estudos constataram que o prazer não contribui tanto para a avaliação que as pessoas fazem de sua satisfação geral com a vida quanto os outros fatores descritos a seguir.
Compromisso. O Dr. Mihaly Csikszentmihalyi, outro pesquisador pioneiro no campo da psicologia positiva, estudou intensamente uma experiência que ele chama de “fluxo”. Trata-se de um estado de ênfase e prazer elevados que ocorre em atividades artísticas, jogos e, acredite ou não, até mesmo no trabalho.
Não é de surpreender que os indivíduos que relatam altos níveis de fluxo também apresentem maior grau de comprometimento com suas atividades diárias e demonstrem níveis mais altos de satisfação com a vida. Considerando que o “comprometimento” é um fator importante para prosperar, o ideal é encontrar um emprego com o qual você se comprometa. Afinal, passamos grande parte do tempo trabalhando. Espero que você esteja feliz com seu trabalho, mas, se não for o caso, é ainda mais importante que você se envolva em atividades lúdicas, isto é, coisas feitas puramente por prazer.
Realização. O senso de realização, conquista e sucesso ajuda as pessoas a se desenvolver. Às vezes, a realização é medida por meio de competições, prêmios e avaliações de desempenho. Isso enriquece a vida.
Relacionamentos. Deus nos criou para prosperar em comunidade. Os seres humanos são criaturas relacionais, e nossos níveis mais profundos de bem-estar parecem ser alcançados quando amamos e somos amados. Essa conexão nos ajuda a florescer.
Significado. Ter senso de significado é uma necessidade humana fundamental. É difícil, para não dizer impossível, viver uma vida verdadeiramente próspera sem significado. Nesse sentido, ele pode ser considerado o ingrediente mais importante de todos. Você pode viver uma vida repleta de momentos divertidos, estar comprometido com suas atividades diárias, alcançar realizações notáveis e ter relacionamentos positivos, mas ainda assim se perguntar qual é o sentido de tudo isso.
No livro Florescer: Uma nova compreensão da felicidade e do bem-estar, o Dr. Seligman define significado como o sentimento de pertencer e de servir a algo maior do que você mesmo. Mais recentemente, Emily Esfahani Smith ampliou essa definição em seu livro O Poder do Sentido, explorando quatro caminhos.
O primeiro é o pertencimento, que envolve estar conectado a outras pessoas e sentir que pertencemos a algo maior do que nós mesmos. Como já mencionamos, fomos criados para viver em comunidade, e isso dá sentido à vida. Para mim, acreditar que pertenço a algo ou a alguém maior do que eu cria um forte senso de autoestima e uma identidade sólida.
Você também precisa saber que é uma pessoa de valor. Quando Elias, meu filho do meio, era pequeno, eu o beijava todas as noites ao colocá-lo na cama e dizia: “Papai te ama”. Todas as vezes, ele me perguntava “por quê?”. Isso se tornou uma espécie de jogo, pois todas as noites eu lhe dava um motivo diferente: “Porque você é muito bom em subir em árvores” ou “porque você é muito inteligente”. Foi só depois de um tempo que me dei conta de como minhas respostas eram inadequadas. Certa noite, quando lhe dei um beijo e disse “papai te ama”, ele previsivelmente respondeu com “por quê?” Sem hesitar, eu disse: “Porque você é meu. E não há nada que você possa fazer, certo ou errado, para mudar isso.”
Encontramos essa ideia enfatizada nas Escrituras, em Isaías 43:1: “Mas agora, assim diz o Senhor, que o criou, ó Jacó, e que o formou, ó Israel: ‘Não tenha medo, porque Eu o remi; Eu o chamei pelo seu nome; você é Meu.’”
Entender e reconhecer o amor de Deus nos dá um propósito que envolve servir a algo maior do que nós mesmos. Não é por acaso que ter um propósito na vida está associado à longevidade, conforme mostram as pesquisas (“Purpose in Life is Associated with Mortality Among Community-dwelling Older Persons”, Psychosom Med., v. 71, nº 5, jun., 2009, p. 574-579).
O terceiro caminho é a transcendência, que se refere à experiência de ser elevado a algo maior do que você. As pessoas vivenciam a transcendência de diferentes maneiras: por meio da natureza, da arte, da música ou de práticas religiosas. A transcendência leva a momentos de admiração e nos lembra de que a vida é mais do que o ordinário.
Por fim, o quarto caminho para o significado é a narração de histórias. Isso faz parte da civilização humana desde os tempos mais remotos, e é uma característica das comunidades indígenas. Contar histórias nos ajuda a dar sentido ao mundo e à nossa experiência nele, e essa é a maneira pela qual podemos cultivar significado. As histórias compartilhadas com outras pessoas podem ser profundamente relevantes.
Que história você está contando? Que papel está desempenhando? Quer seja intencional ou não, você está contando uma história por meio da maneira como vive. Como você quer que sua história seja contada? Como você deseja que sua história termine? Nunca é tarde demais para escrever um novo capítulo.
DARREN MORTON é autor de livros, professor e diretor do Centro de Pesquisa em Saúde e Medicina do Estilo de Vida da Universidade de Avondale, na Austrália
(Artigo publicado na edição de dezembro/2023 da Revista Adventista/Adventist World)
Última atualização em 2 de janeiro de 2024 por Márcio Tonetti.