Recursos para o front

4 minutos de leitura

Novos critérios dão prioridade ao trabalho na linha de frente

Marcos Paseggi

Pastor Erton Köhler, secretário executivo da Associação Geral,
durante o relatório da Secretaria no Concílio Anual de 2022
. Foto: Enno Müller

O relatório do secretário da Associação Geral no Concílio Anual de 2022 apelou aos líderes para apoiarem o plano de reorientação das missões prioritárias da Igreja Adventista em todo o mundo. Membros da equipe da Secretaria apresentaram o relatório em 9 de outubro, na sede mundial, em Silver Spring, nos Estados Unidos.

O secretário executivo da Associação Geral, pastor Erton Köhler, enfatizou que “a Igreja Adventista não foi chamada para ser um estacionamento, e sim uma rampa de lançamento”. Ele mencionou o chamado da igreja para uma missão mundial. “Não podemos nos concentrar apenas nas necessidades locais; precisamos olhar os desafios globais, para, finalmente, pregar o evangelho do reino a todo o mundo”, disse Köhler.

ALTERAÇÕES NO VOLUNTARIADO

A passagem lenta de missionários da linha de frente para outras funções em diferentes áreas foi o que motivou a concepção de um plano para o foco voltar à missão, explicou Karen J. Porter, secretária associada da Associação Geral.

Segundo dados apresentados por ela, 35% do número total de missionários internacionais, os enviados para servir em outro continente, atualmente realizam atividades administrativas. Alguns servem na ADRA ou em serviços de educação, assistência médica e auditoria. “Embora essas categorias de missões sejam boas, temos que colocar mais ênfase em alcançar os não alcançados”, comentou Karen.

FOCO RENOVADO

Em abril de 2022, considerando o atual cenário adventista, a Comissão de Missão da Associação Geral votou novas prioridades para o envio de missionários: missão de contato direto para criar grupos de adoração, áreas urbanas com mais de um milhão de habitantes, países da Janela 10/40 e grupos de pessoas de religiões não cristãs.

A Janela 10/40 é uma região do mundo onde há o maior número de habitantes, mas o cristianismo ainda é minoria. Também haverá concentração de esforços para alcançar regiões pós-modernas e pós-cristãs, lugares com baixa porcentagem de adventistas em relação à população, e ampliação dos atendimentos aos missionários de contato direto.

O objetivo é que até 2027 35% do orçamento esteja voltado à missão e aos orçamentos dos funcionários internacionais. Em 2032, a meta é chegar aos 70%.

ESCALA DE AVALIAÇÃO

A Secretaria da Associação Geral criou uma escala para avaliar os orçamentos primários. Ela consiste em sete perguntas, que englobam questões estratégicas essenciais, refletindo as prioridades votadas pela Comissão de Missão. Karen explicou que foram analisados mais de 300 orçamentos individuais por meio desse critério.

A Comissão de Missão segue revendo os orçamentos dos missionários internacionais com as Divisões e instituições, que irão trabalhar para direcionar esses orçamentos para áreas prioritárias da missão. “Ao redirecionarmos os recursos da nossa missão, quero desafiá-los a pensar nos sacrifícios que estão dispostos a fazer para que aqueles que ainda não ouviram falar de Jesus possam ouvir”, a secretária associada insistiu.

Köhler reforçou esse propósito: “Nosso principal desafio é nos mantermos concentrados no que é a verdadeira prioridade.”

ECONOMIZAR PARA INVESTIR

Paul H. Douglas, tesoureiro da Associação Geral, apresentando seu relatório no Concílio Anual de 2022. Foto: Enno Müller

Os líderes adventistas também esperam que uma grande alteração no uso dos recursos financeiros contribua para diminuir os gastos com cargos administrativos e, assim, as atividades missionárias na linha de frente ao redor do mundo recebam mais investimentos. Foi o que Paul H. Douglas, tesoureiro da Associação Geral, explicou durante o Concílio Anual.

Ele compartilhou elementos que podem orientar mudanças no sentido de dedicar mais fundos às ações evangelísticas na linha de frente. Em primeiro lugar, disse que é importante preparar relatórios financeiros que destaquem a missão. Por isso, a partir de janeiro de 2023, o novo relatório financeiro irá concentrar-se no apoio a áreas como missão, instituições educacionais, meios de comunicação e publicações.

Outro elemento-chave é a estratégia na utilização dos recursos. É preciso ajustar a maneira de distribuir os fundos. Dessa maneira, segundo Douglas, haverá condições de manter o foco na missão e não mais nas despesas administrativas e na manutenção da máquina.

Atualmente, a maior parte dos recursos são gastos com os profissionais da administração e não na missão. Porém, o primordial, em qualquer território, é o apoio às atividades missionárias.

O tesoureiro também comentou a respeito da necessidade essencial de fornecer informações sobre as missões. Ele enfatizou que é preciso identificar, transmitir e calcular o custo, e permitir que as pessoas tenham acesso a essas oportunidades.

Na década de 1930, de cada dólar, 60 centavos eram destinados às missões mundiais. Hoje, esse número é de 3,5 centavos. “Imaginem o que poderíamos ter feito se tivéssemos mantido esse mesmo nível de doação”, frisou Douglas.

INVESTIMENTO ETERNO

O último aspecto mencionado no relatório da Tesouraria foi a descrição de como, em 2021, a igreja recebeu uma grande contribuição do patrimônio de um membro e focou na linha de frente. A quantia doada poderia facilmente ter sido utilizada para equilibrar o orçamento, mas a administração da sede mundial decidiu destinar e disponibilizar os fundos para as igrejas locais se envolverem em iniciativas missionárias transculturais do I Will Go (Eu Vou).

Douglas citou uma declaração de Ellen White na edição da Review and Herald de 5 de maio de 1904: “Os membros da nossa igreja devem sentir profundo interesse nas missões nacionais e estrangeiras. Receberão grande bênção à medida que fizerem esforços com autossacrifício para plantar o padrão da verdade em território novo. O dinheiro investido […] trará ricos benefícios.”

O tesoureiro encerrou o relatório dizendo que concorda plenamente com a declaração da serva do Senhor, pois, quando dispusermos de todos os nossos recursos financeiros e humanos para pregar o evangelho, o fim virá.

MARCOS PASEGGI é correspondente da Adventist Review

(Texto adaptado da Revista Adventista / Adventist World de dezembro/2022)

Última atualização em 5 de dezembro de 2022 por Márcio Tonetti.