Referência nacional

2 minutos de leitura
Hospital Adventista do Pênfigo oferece atendimento gratuito para o fogo selvagem, que, apesar de ser quase desconhecido, ainda faz vítimas no Brasil
Crédito: HAP

A maioria das pessoas não sabe por que o Hospital Adventista do Pênfigo (HAP) recebeu esse nome há quase 70 anos. Essa é uma história que começou com amor incondicional e se manteve com voluntariado e doações.

O início de tudo remonta à década de 1940, quando Áurea, esposa do pastor Alfredo Barbosa, contraiu a doença. Na época, o casal deixou a cidade de Corumbá (MS) em busca de tratamento. O livro O Tempo Não Apagou, de Don Christman, narra a saga de Alfredo para descobrir qual era a doença e sua luta incessante para salvar a vida da esposa. A obra conta também como providencialmente Albert Schiaveto conheceu Isidoro Jamar, criador da fórmula que ajudou milhares de pessoas a controlar o fogo selvagem.

Com a recuperação da esposa, o pastor Alfredo voluntariamente começou a ajudar outras pessoas. Assim se espalhou rapidamente por Campo Grande e região a notícia de que os adventistas ofereciam ajuda para esses enfermos, a ponto de doentes serem praticamente despejados em frente à Igreja Adventista Central da cidade. Dessa forma, em 1949 houve a necessidade de fundar uma instituição que conduzisse esse processo.

O pênfigo foliáceo endêmico, como é chamado cientificamente, é uma doença autoimune que se manifesta com o aparecimento de bolhas na pele, especialmente nas áreas mais expostas ao sol. “As estruturas que fixam células da pele são afetadas funcionalmente e se desorganizam. Isso leva à formação de feridas e bolhas que, depois, descamam como folhas e se tornam a porta de entrada de infecções. Por isso, esse tipo de pênfigo é chamado de foliáceo”, explica o dermatologista Gerson Trevilato.

Além de muito dolorosa, se não for tratada em tempo, a doença evolui com infecção secundária generalizada, levando, em alguns casos, à morte. As causas da enfermidade incluem fatores genéticos e ambientais ainda não totalmente esclarecidos. A hipótese científica mais aceita atualmente é de que o fator ambiental mais provável seja um inseto que se alimenta de sangue do ser humano e que, ao picar uma pessoa que possua base genética apropriada para isso, pode se desenvolver o pênfigo.

A dona de casa J. D. A., de 32 anos, foi diagnosticada com pênfigo foliáceo e precisa ser internada no HAP toda vez que seu quadro piora. “Tenho que tomar banho duas vezes ao dia porque o odor é muito forte”, revela. Para pessoas nessas condições, um simples banho pode ser extremamente doloroso, já que a pele se torna bastante sensível.

Além da dor física, muitos portadores do fogo selvagem sofrem preconceito, pois as feridas espalhadas pelo corpo assustam as pessoas e as deixam com medo de ser contaminadas. Entretanto, Trevilato esclarece que a doença não é contagiosa.

REFERÊNCIA NO PAÍS

Com duas unidades em Campo Grande (MS), o Hospital Adventista do Pênfigo é uma referência na área dermatológica. A instituição já recebeu pacientes de todo o Brasil, bem como de países vizinhos, da Europa e até da Índia. Para auxiliar aqueles que buscam controlar os sintomas do fogo selvagem, o HAP utiliza como apoio ao tratamento convencional a hidroterapia e a dietoterapia ovolactovegetariana. Por ser uma doença autoimune, ela não tem cura, mas pode ser controlada.

Mantida com o apoio da igreja, essa instituição filantrópica atende gratuitamente pacientes de pênfigo foliáceo, sem condições financeiras. Assim, há 68 anos o hospital continua sua missão de tratar as feridas da pele e da alma.

CHARLISE ALVES é assessora de comunicação do Hospital Adventista do Pênfigo

(Publicada originalmente na edição de outubro de 2017 da Revista Adventista)

Última atualização em 24 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.