Salvo do suicídio

3 minutos de leitura
Conheça a história de um homem que, em meio ao desespero, encontrou paz e força para continuar a viver
Créditos: Danúbia França
Créditos: Danúbia França

As escolhas são fundamentais no processo rumo ao êxito ou ao fracasso. Luiz Fernando Alcântara Silva, de 59 anos, sabe bem o que isso significa. Nascido em São Caetano do Sul, no ABC paulista, desde cedo o caçula de seis irmãos começou a trabalhar para ajudar a pagar as contas. Pelo fato de não ter uma boa relação com a família, principalmente com o pai, não fazia questão de estar em casa. “Meu pai bebia bastante e era muito violento. Como eu não tinha boas referências no lar nem maturidade, tomei decisões precipitadas que me custaram caro”, lamenta Luiz, que saiu de casa ainda bem jovem.

Aos 9 anos experimentou o primeiro cigarro e, desde então, passou a fumar escondido. Do cigarro, ele passou a consumir outras drogas e a se envolver com traficantes. Por isso, ficou cada vez mais difícil se manter no emprego. “Por não demonstrar compromisso com nada, eu era demitido ou eu mesmo pedia demissão”, relembra.

Conseguir moradia também se tornou um problema. Assim como não tinha estabilidade nas empresas, Luiz não conseguia um lugar fixo para morar. “Era displicente com as pessoas que alugavam ou cediam espaço para eu ficar”, confessa. Por esse motivo, acabou indo para as ruas.

Devido às condições precárias em que vivia, Luiz adoeceu. Sensibilizado, o dono de uma padaria lhe ofereceu trabalho e o chamou para morar numa edícula, no fundo do estabelecimento. Sem hesitar, ele aceitou a proposta, mas ficou ali temporariamente. Logo, arranjou outra ocupação e, novamente, mudou de casa. No entanto, devido ao atraso no pagamento do aluguel, ele precisou sair do imóvel.

Certo dia, ao encerrar o expediente, Luiz foi para o bar, como de costume. Lá, foi abordado por um conhecido que havia muitos anos não via, e recebeu a notícia de que seus pais haviam falecido. O mundo desabou para ele. Naquela noite, Luiz foi dormir aflito e determinado a tirar a própria vida no dia seguinte. Pela manhã, preparou-se para morrer. Tomou banho, barbeou-se e colocou a melhor roupa. “Mas aconteceu algo estranho. Saí com um propósito, mas andei quilômetros, do bairro Valo Velho até o Capão Redondo, sem direção”, conta.

Em certa altura do caminho, ele se deparou com um aglomerado de pessoas alegres e bem vestidas distribuindo livros aos que passavam pelo local. Por um instante, achou que não havia sido notado e que era um ser tão desprezível que nem um livro daqueles merecia ganhar. Porém, inesperadamente uma jovem o abordou, ofereceu a literatura intitulada Esperança Viva e pediu para orar com ele. Sem entender nada do que estava acontecendo, porém surpreso com a atitude da moça, escutou em silêncio a oração.

Em seguida, Luiz foi convidado para assistir a uma programação religiosa no templo adventista do Capão Redondo. Quando a reunião terminou, um membro da igreja foi falar com Luiz, sem imaginar que a pessoa que estava ali era alguém alcoólatra, desempregado e sem futuro algum. “Mas, como se fosse um deles, me convidaram também para participar daquela campanha de distribuição de livros nas ruas. Eu acabei indo, sem nem mesmo saber o que estava escrito naquele livro. Mas eu dizia para as pessoas que era um livro muito bom.”

No mesmo dia, ele foi convidado a participar de um almoço comunitário. A convivência com os novos amigos e o estudo da Bíblia passou a fazer bem a Luiz, que viu sua história tomando novo rumo. Com a saúde restaurada, após ser submetido a duas cirurgias, aos poucos, ele conseguiu um lugar para morar, móveis e alimentação.

Os pensamentos de morte que tanto o atormentavam deram lugar à esperança. Depois de realizar vários estudos bíblicos, Luiz sentiu que não podia mais adiar sua decisão de se entregar completamente a Cristo. Assim, em 2015, na igreja que o acolheu, ele foi batizado. Convicto de que essa foi a melhor escolha que fez na vida, hoje Luiz integra o grupo de diáconos da Igreja Adventista do Capão Redondo. “Meus sonhos ganharam novo direcionamento. Estava na escuridão e com o poder de Deus e o auxílio de pessoas amadas encontrei a luz que tanto precisava. Como forma de agradecimento, quero ajudar outros a construir uma nova história”, conclui Luiz, cujo testemunho foi gravado para a série Provai e Vede deste ano.

DANÚBIA FRANÇA é assessora de comunicação da sede administrativa adventista para a região sul de São Paulo

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.