Síndrome de Burnout

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Psiquiatra explica causas, efeitos e formas de prevenir o esgotamento no trabalho

Por Eduardo Teixeira

Foto: Arquivo pessoal

Episódios constantes de estresse, sobretudo em ambientes com alta competitividade e muita pressão, podem desencadear exaustão física e emocional, irritabilidade e dificuldade de concentração. Esses são alguns dos sintomas da Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional. Para ampliar a compreensão sobre o assunto, entrevistamos o médico psiquiatra, escritor e apresentador da Rede Novo Tempo de Comunicação, César Vasconcellos de Souza.

Mesmo com o avanço tecnológico, temos uma sociedade convivendo com esgotamento e exaustão, resultantes da busca pela alta produtividade. Como essa rotina afeta o cérebro? 

O Burnout pode causar afinamento da massa cinzenta no córtex pré-frontal e prejudicar a capacidade de atenção, atrapalhar pensamentos rápidos, afetar a memória recente e diminuir a concentração. O esgotamento tende a aumentar a amígdala, uma parte do cérebro responsável por nossa resposta de luta ou fuga diante de um perigo, favorecendo sentimentos de medo mais perturbadores.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, na lista de doenças ocupacionais. De que maneira podemos identificá-la?  

Por meio de alguns sintomas físicos e mentais. Cansaço constante e progressivo, dores musculares e de cabeça, alterações gastrointestinais, insônia, infecções repetidas pela baixa da imunidade, transtornos cardiovasculares, palpitação, prejuízo da sexualidade, alterações menstruais, enxaqueca e crises asmáticas. Além de sentimentos de solidão, prejuízo da memória recente, diminuição da atenção e concentração, irritabilidade, choro fácil, perda ou diminuição do autorrespeito e da autovalorização, depressão e mudanças bruscas no humor.

Quais ações colaboram para a prevenção?

Não pressionar o colaborador com normas severas; evitar que funcionários com filhos em idade escolar sejam transferidos de cidade com frequência para não cortar vínculos afetivos; e promover valores humanos no ambiente de trabalho. Cada servidor também precisa se lembrar de que o valor do ser humano é dado por Deus. Além dessas, ter um amigo para confidenciar problemas e tornar-se responsável pela própria saúde, evitando o Burnout ao colocar limites de exigências exageradas, também são medidas importantes. Sem contar a importância de auxiliar o liderado com empatia e compreensão, oferecendo ajuda pessoal e institucional; permitir que o esgotado fique livre de certas responsabilidades até se recuperar; auxiliá-lo num tratamento especializado e avaliar a carga de trabalho.

A fé pode ser um fator positivo para lidar com situações de extremo estresse? 

Estudos de coping religioso, que é o uso da religião ou espiritualidade para lidar com o estresse, mostram que sim. O doutor Harold Koenig, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, demonstra que crenças e práticas religiosas estão associadas a melhor saúde física e mental. Foram observados benefícios do envolvimento religioso em relação à dor, debilidade física, doenças do coração, pressão sanguínea, infarto, funções imune e neuroendócrina, doenças infecciosas, câncer e mortalidade. Os pacientes pesquisados também apresentaram maiores níveis de bem-estar, senso de propósito e significado de vida. Tudo isso, atrelado à estabilidade do casamento e menores índices de ansiedade, depressão e uso de substâncias tóxicas.

(Entrevista publicada na Revista Adventista de maio/2023)

Última atualização em 3 de maio de 2023 por Márcio Tonetti.