Sob a luz da Palavra

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Lançamento destaca a atualidade dos princípios defendidos pela Reforma Protestante

Nerivan Silva

No século 16, a igreja encontrava-se repleta de tradições humanas e teologias completamente distorcidas. A venda de indulgências, ou do perdão dos pecados, foi uma dessas distorções da doutrina bíblica. Durante séculos, o poder do “chifre pequeno” (Dn 8:11, 12), que representa Roma pagã e papal, encarregou­-se de derrubar verdades bíblicas como o sábado, a imortalidade condicional da alma, o santuário e a salvação pela graça, entre outras. Foi em 1517, no dia 31 de outubro, que Martinho Lutero, monge agostiniano, ao fixar suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha, deu o pontapé inicial para o que seria um dos maiores movimentos da história: a Reforma Protestante.

Esse movimento religioso causou um forte impacto na história do cristianismo, como mostra o livro O Caminho da Salvação (CPB, 2024, 120 p.). Um de seus grandes pilares foi a restauração das Escrituras Sagradas como fonte de autoridade, pois um dos ensinos fundamentais da igreja romana era o de que Deus havia dado autoridade suprema ao papa, a fim de que exercesse poder sobre a cristandade e até mesmo sobre as Escrituras. Os reformadores afirmavam que o texto bíblico, e não a igreja, deveria ser a norma de fé e prática para a vida cristã. Eles “estavam convencidos de que a Bíblia possuía palavras de vida eterna que deviam ser lidas e apreendidas diretamente de sua fonte original, não necessariamente processadas pelo pensamento de outras pessoas” (p. 22).

Esta obra analisa cinco aspectos que resumiram a teologia dos reformadores: sola Scriptura (somente as Escrituras), sola fide (somente a fé), sola gratia (somente a graça), solus Christus (somente Cristo) e soli Deo gloria (somente a Deus seja a glória). Em cada uma delas, Ricardo Norton expõe, de forma clara e simples, aquilo que foi um resumo teológico dos reformadores na restauração dos princípios básicos do evangelho. Ele afirma: “Esses princípios são tão importantes hoje para a compreensão do evangelho como foram na época da Reforma” (p.11).

De fato, todo cristão precisa ter uma compreensão clara desse assunto. A vida espiritual adquire maior significado quando se vive, de maneira legítima, a experiência da salvação. Na verdade, o peso de culpa vivenciado por milhares de cristãos durante a Idade Média tem sido a experiência de muitas pessoas nos tempos atuais. Para esse grupo, a vida cristã transformou-se em um fardo, em vez de ser uma experiência de alegria e descanso espiritual.

O tema da salvação, da forma como é abordado nos cinco capítulos deste livro, guia o leitor a um minucioso estudo da Bíblia, contribuindo para o crescimento espiritual. Esse tema também teve grande impacto na história do adventismo. A histórica Assembleia de Mineápolis, em 1888, tratou deste assunto, possibilitando uma compreensão mais clara da igreja sobre a justificação pela fé em Cristo.

O Caminho da Salvação é leitura indispensável para todos que desejam ter uma compreensão mais ampla da doutrina da salvação em Jesus. Além disso, o leitor será motivado a pesquisar o assunto na vasta referência bibliográfica indicada pelo autor. 

NERIVAN SILVA é editor na CPB

TRECHO

“Os reformadores afirmavam que a autoridade da igreja se concentrava nas palavras de Cristo, estabelecidas nas Escrituras Sagradas, e não em decisões papais ou administrativas. Eles sustentavam que a Bíblia era a Palavra de Deus (1Ts 2:13), que ela era necessária para a vida espiritual do ser humano (Mt 4:4) e que não devia ser invalidada pela tradição humana (Mc 7:13). A integridade das Escrituras é o fundamento das crenças cristãs, de maneira que a veracidade do cristianismo e do evangelho que pregamos repousa sobre a infalibilidade da Bíblia” (p. 31).

(Resenha publicada na seção Estante da Revista Adventista de janeiro/2024)

Última atualização em 2 de janeiro de 2024 por Márcio Tonetti.