No Dia Internacional dos Museus, conheça o acervo que conta a história da primeira igreja adventista do Brasil
Paulo Ribeiro
Os museus são considerados cofres históricos que, quando abertos, nos transportam no tempo e nos ajudam a entender os dias em que vivemos. Foi essa convicção que levou a educadora catarinense Nilceia Cruz, de Florianópolis, a procurar o Museu Histórico Adventista de Gaspar Alto, no interior de Santa Catarina, como fonte de pesquisa para sua dissertação de mestrado, apresentada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015.
A pesquisa analisou os primórdios da escola paroquial de Gaspar Alto, fundada em junho de 1897 ao lado do primeiro templo adventista do país. O estudo foi embasado em entrevistas com ex-alunos e informações coletadas no museu. “A coisa que mais alegra um pesquisador é encontrar um acervo de dados como esse do museu adventista. Os objetos ali expostos permitem compreendermos um pouco mais da realidade vivida pelas pessoas que ali estudavam e congregavam”, conta a professora de Língua Portuguesa.
Apesar de ainda ser pouco conhecido, o museu tem recebido estudiosos da história adventista, excursões de entidades públicas e privadas, acadêmicos de Teologia, turistas, curiosos, pastores e membros da igreja. Na recepção, um caderno sobre uma mesa antiga de madeira registra cerca de 1,8 mil assinaturas de pessoas que passaram pelo local no período de 2015 a 2018. Entre os visitantes estrangeiros, há pessoas da América do Norte, África e Oceania.
O pastor Daniel Raymond Vis, de Chicago, nos Estados Unidos, veio ao Brasil em 2017 para realizar um treinamento sobre discipulado com pastores catarinenses e aproveitou a ocasião para visitar o museu de Gaspar Alto. Na ocasião, ele afirmou: “Estou muito feliz de poder vir aqui. Essas histórias me inspiraram e são maravilhosas realmente. Quando eu voltar para a minha igreja vou contar para eles as histórias que eu vi e ouvi aqui”.
O que atrai essas pessoas são as dezenas de artefatos e documentos que compõem o acervo. Além das fotografias dos primeiros adventistas fixadas nas paredes, há prateleiras com objetos, literaturas na língua alemã, cartas manuscritas e ferramentas utilizadas na construção do primeiro templo adventista, em 1896.
A porta principal da primeira edificação também foi preservada, bem como as salvas de palha em que eram depositados dízimos e ofertas. Há ainda lamparinas, utensílios usados em cerimônias de Santa Ceia e um livro de registro de membros, de 1895, quando a congregação ainda se reunia nas casas.
Objetos um pouco mais recentes também mostram como a dedicação dos pioneiros se manteve viva ao longo do tempo. É o caso de um projetor que era usado por um dos líderes na evangelização de comunidades remotas. Devido a falta de energia elétrica, ele adaptou a própria bicicleta para gerar energia e manter o aparelho ligado durante as pregações. “Essas histórias nos impressionam e nos motivam a manter o espírito dos pioneiros”, afirma Eliseu Calson, diretor do museu.
CONHEÇA ALGUMAS PEÇAS DO ACERVO
Além da coleção de antiguidades do primeiro templo adventista, o acervo reúne peças relacionadas à escola adventista, fundada pelos pioneiros ao lado do templo de Gaspar Alto. Entre os objetos expostos, há um banco de madeira e um tafel, mini lousa em que os estudantes faziam suas anotações na época.
O museu foi inaugurado atrás do templo em 19 de maio de 1996, ano do centenário da primeira igreja adventista organizada no Brasil. Porém, em 6 de junho de 2009, ele foi reinaugurado ao lado da igreja, com estrutura de alvenaria. Edegardo Max Wuttke, bisneto do pioneiro Guilherme Belz, explica que, para que esse sonho se tornasse realidade, houve engajamento dos membros da igreja local e apoio da sede administrativa sul-americana, da União Sul-Brasileira (USB) e da Associação Catarinense (AC).
Os itens da coleção foram reunidos graças à colaboração dos descendentes dos pioneiros e de outras famílias que também têm ligação com a história da Igreja Adventista e da antiga escola adventista de Gaspar Alto.
VEJA A ENTREVISTA COM ELISEU CALSON, CURADOR DO MUSEU
Funcionamento do museu
O museu abre para visitação em dias e horários específicos: aos sábados, das 9h às 11h30, e aos domingos, das 19h às 20h. No entanto, é possível conhecer o acervo em outros dias mediante agendamento prévio. Basta fazer contato com o pastor local através do seguinte endereço: allan.moura@adventistas.org.br. O museu está localizado a cerca de 120 quilômetros de Florianópolis e a 20 quilômetros de Blumenau.
PAULO RIBEIRO é assessor de comunicação da sede administrativa da Igreja Adventista para a região oeste de Santa Catarina (Com imagens de Márcio Tonetti)
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https://www.revistaadventista.com.br/blog/2018/01/09/raizes-da-nossa-historia/
Última atualização em 26 de maio de 2018 por Márcio Tonetti.