Após 40 anos de tentativas, assinatura de documento deve contribuir para reaproximar grupo de dissidentes da igreja no país

Ócsai Tamás, presidente da igreja na Hungria, e János Cserbik, líder do KERAK, como é conhecido o grupo dissidente, assinaram o documento intitulado “Declaração conjunta quanto à resolução do passado e o estabelecimento de um futuro comum”.
Benjamin Schoun, vice-presidente da Igreja Adventista em nível mundial e um dos principais responsáveis pela reaproximação, comemorou o fato de que “40 anos de ruptura estão chegando ao fim para a maioria das pessoas”.
A Igreja Adventista na Hungria tem 4.629 membros, que congregam em 104 igrejas, enquanto o KERAK tem entre 1.500 e 1.800 seguidores. Os líderes da igreja informaram que 600 desses integrantes devem retornar em breve para a Igreja Adventista.
Longa estrada de reconciliação
Para chegar ao acordo, a Igreja Adventista reconheceu alguns equívocos na remoção do grupo dissidente, composto por 518 pessoas, em 1975.
“Depois de muita turbulência, que abalou a igreja, o grupo foi desassociado, principalmente sem uma razão bíblica válida”, expressou em comunicado a Divisão Trans-Européia da Igreja Adventista, da qual a Hungria faz parte.
Na ocasião, os membros removidos organizaram-se como uma igreja clandestina no que era, à época, um país do bloco soviético. Mais tarde, o grupo surgiu como a denominação oficial KERAK, ou Comunidade Cristã Adventista.
Ao longo dos anos, o movimento dissidente começou a se afastar da cultura, da espiritualidade e da estrutura organizacional da Igreja Adventista, um processo que foi acelerado após o colapso do regime comunista em 1989.
Durante as quatro décadas, líderes adventistas de todos os níveis hierárquicos procuraram reunir a igreja húngara. Mediante tais esforços, alguns pastores e até mesmo congregações voltaram para a Igreja Adventista.
Entre 1989 e 1995, a liderança adventista chegou a manifestar quatro pedidos de desculpa, mas alguns membros do grupo KERAK não estavam prontos para aceitá-los.
Em 2011, no entanto, com uma liderança renovada, o KERAK decidiu iniciar uma nova etapa no diálogo com a Igreja Adventista. Ao ouvir que o grupo poderia estar interessado em voltar, o presidente mundial da organização adventista, pastor Ted Wilson, tomou providências para que Benjamin Schoun e o assistente da presidência da Divisão Trans-Europeia, Raafat Kamal, visitassem a igreja na Hungria.
“A primeira reunião foi em grande parte um evento de escuta e de averiguação”, disse Schoun.
Benjamin Schoun viajou para a Hungria várias vezes com Kamal, que agora é o presidente da Divisão Trans-Europeia, bem como com o ex-presidente da mesma sede, Bertil Wiklander.
“Eu me desculpei onde a igreja cometeu erros, e nós tivemos longas sessões de perguntas e respostas com o povo KERAK”, disse Schoun. “A confiança começou a ser construída. Eu procurava estabelecer uma relação entre os líderes de ambos os lados”, acrescentou.
Ponto de virada
O acordo de 23 de abril sinaliza um ponto de virada significativa na vida da igreja húngara, segundo acreditam os líderes da denominação no país, pois ambos os lados se comprometem a construir um futuro juntos, a fim de cumprir a missão confiada por Deus.
Contudo, eles observam que ainda existem muitos desafios para a construção de uma forte unidade espiritual e emocional depois de 40 anos de incompreensão e de inimizade.
“Mas nós temos uma esperança, que Deus, que ‘em Cristo estava reconciliando o mundo consigo mesmo, não lhes imputando os seus pecados’, vai liderar este processo, como vimos Ele trabalhar até agora “, expressou o comunicado emitido pela organização, citando 2Coríntios 5:19.
Para o presidente da Divisão Trans-Europeia, Raafat Kamal, há grandes esperanças para a igreja na Hungria. “Nos últimos dois anos, testemunhei em primeira mão genuínas expressões de reconciliação envolvendo membros e líderes. Cristo está vindo em breve, e Ele está unindo nossos crentes adventistas na Hungria para que tenham um só pensamento e estejam focados na missão de ser sal e luz”, afirmou. [Equipe RA, da redação / Com informações de Andrew McChesney, da Adventist Review]
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.