A maternidade é uma grande oportunidade para obter um vislumbre especial do amor divino
Mirian Montanari Grüdtner
Quando soube que seria mãe pela primeira vez, eu senti medo. Tinha apenas 21 anos, e meu marido concluía a faculdade de Teologia. Debrucei-me sobre os sábios e inspirados conselhos de Ellen White. Quão grande seria minha responsabilidade diante de uma criaturinha tão dependente de mim, a quem eu deveria amar, apresentar Deus e instigar à autonomia. Pus-me de joelhos, chorando, para que o Senhor me capacitasse a cumprir minha missão.
Quase seis anos depois, tornei-me mãe pela segunda vez. Achei que sabia muito. Contudo, minha filha caçula colocou meus conceitos de educação de pernas para o ar! Tive que rever alguns deles para trabalhar com outra criaturinha diametralmente diferente da primeira. Enquanto uma era tímida, obediente e calma, a outra era falante, elétrica e insistente.
Isso me ensinou quanto cada ser humano é único. Nós, mães, precisamos conhecer as tendências de cada filho, dedicando tempo de qualidade para interagir com eles em suas dores e alegrias, observando suas reações, falhas e carências, despertando virtudes e ajudando-os a superar os maus hábitos.
É curioso que, conforme os filhos vão crescendo, queremos que aprendam a pedir perdão, perdoar, obedecer e serem seguros e formadores de opinião nesse mundo implacável que pressiona as pessoas a competir entre si e a ter cada vez mais.
No entanto, quão maduras emocionalmente somos para os ensinarmos a ser assim? Muitas vezes, nós mesmas não aprendemos a perdoar e a pedir perdão, a colocar limites, a nos dar o devido valor. Ocasionalmente, somos vitimistas e indiretamente culpamos Deus por nossos infortúnios.
Ter um filho, eu costumo dizer, é uma oportunidade divina para confrontar nossas limitações e experimentar um intenso crescimento, a fim de sermos capazes de ensiná-lo pelo exemplo. Palavras podem impressionar, mas exemplos provocam um efeito muito maior no moldar uma vida para sempre.
Ter um filho é também uma grande ocasião para obter um vislumbre especial do amor divino. O Senhor nos criou com a liberdade de não O amarmos. Isso é tão profundo! A maternidade nos ajuda a compreender um pouco melhor o amor de Deus, que não controla, mas permite que Seus amados não O amem, mesmo que sintam dor; que espera, mas não desiste enquanto há qualquer chance para Ele.
Quantas mães se desesperam ao ver o filho criado nos caminhos do Senhor se desviando, aventurando-se por atalhos que terminarão em sofrimento! Se essas mães aprenderam sobre o amor genuíno que Deus oferece, podem resignar-se a seguir Seu exemplo, respeitando as escolhas do filho, mesmo que doa ao seu coração, orando incessantemente e mostrando na própria vida o quanto andar com Deus provê alegria, paz, amor, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, conforme Paulo lista em Gálatas 5:22 e 23.
Satanás sabe o valor de uma mãe que diariamente dobra seus joelhos intercedendo por seus filhos para livrá-los dos enganos deste mundo e salvá-los. Ele pode tentá-la a entregar-se à frustração, à culpa e ao desespero. Não é da vontade de Deus que essas mães se prostrem diante da tristeza. Ele promete fortalecê-las Nele.
Levantemos o olhar ao nosso Criador. Permitamos ser moldadas por Ele e confiemos nossa herança a quem nós todos pertencemos! Ele nos honrará!
MIRIAN MONTANARI GRÜDTNER é autora e esposa de pastor
(Texto publicado na seção Enfim da Revista Adventista de maio/2023)
Última atualização em 12 de maio de 2023 por Márcio Tonetti.