A grande comissão

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Entenda por que discipulado é primeiro ser para depois fazer
Erton Köhler
Foto: Lightstock

A comissão evangélica (Mt 28:18-20) é uma das porções bíblicas mais marcantes do Novo Testamento. Prefiro chamá­-la de “a grande comissão”, pois, segundo Ellen White, ela “abrange todos os crentes em Cristo até o fim dos séculos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 822). É tão grande que a vida, missão e multiplicação da igreja estão ligadas diretamente à sua mensagem.

Esse mandado de Cristo resume a missão que Ele pessoalmente iniciou e depois nos chamou a continuar. Apesar de sintética, a ordem é abrangente em suas implicações e nos desafia a fazer da missão o “todo” da igreja, confiando nos “todos” de Jesus:

1. “Toda” autoridade. Temos aqui a certeza de que vamos em nome do Senhor. Esse nome tem poder para abrir portas, derrubar muros, quebrar corações insensíveis, resolver problemas insolúveis, levantar o abatido e resgatar o que está perdido.

2. “Todas” as nações. Nosso trabalho é local, mas a visão precisa ser mundial. Por essa razão, não somos uma igreja congregacional, que atua de forma independente. Cuidamos da obra em nossa região, mas também fazemos sacrifícios a fim de enviar pessoas e recursos para apoiar projetos globais. Precisamos alcançar pessoas tanto do outro lado da rua quanto do outro lado do mundo.

3. “Todas” as coisas que vos tenho ordenado. Pregamos uma mensagem completa, distintiva, com fundamento profético, que transforma a vida na Terra e prepara para a vida no Céu.

4. “Todos” os dias. Esta é a segurança de que o Senhor estará conosco quando a missão for fácil ou difícil, quando estivermos felizes ou tristes, quando alcançarmos os resultados esperados ou enfrentarmos a frustração, quando formos aplaudidos ou criticados.

Se os “todos” da grande comissão nos lembram da abrangência dessa ordem, os verbos desse mandamento nos mostram qual é o foco. A ênfase de Cristo não está apenas no “ide”, mas no imperativo “fazei discípulos”Neste aspecto, se nos limitarmos a proclamar a mensagem, sem dar a devida prioridade ao discipulado, a grande comissão pode se tornar uma grande omissão.

Observe que a ordem de Cristo para fazer discípulos não envolvia nenhuma tarefa nova ou complicada, mas apenas um apelo aos apóstolos para que repetissem aquilo que já haviam experimentado. Isso nos ensina que discipulado é primeiro ser para depois fazer. Se alguém não for discípulo verdadeiro, por mais que promova, incentive ou ordene, não será capaz de fazer outros discípulos.

Não somos chamados para promover programas, ideias ou projetos, nem para fazer a gestão de uma instituição. Por mais que isso seja necessário, precisamos ver a igreja como o corpo de Cristo, que primeiro necessita ser formada por discípulos genuínos para então fazer discípulos verdadeiros. Afinal, como diz John Maxwell, “você ensina o que conhece, mas gera apenas o que é”.

Desenvolva uma visão correta de discipulado. Ele não tem que ver com um novo programa para a igreja, nem com o aumento de estruturas, materiais, reuniões, logotipos ou títulos criativos. Nem com o empobrecimento da mensagem bíblica ou com entretenimento. Tem que ver com conversão e desenvolvimento espiritual de pessoas, relacionamentos genuínos e especialmente com fidelidade no cumprimento integral da grande comissão.

ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Artigo publicado originalmente na edição de fevereiro de 2018 da Revista Adventista)

Última atualização em 22 de fevereiro de 2018 por Márcio Tonetti.