Nos piores momentos, Deus costuma dar as melhores recompensas
Erton Köhler
Os grandes homens de Deus nunca tiveram vida fácil. Para realizar Sua obra, eles passaram por grande sofrimento, enfrentaram duras provas, mas permaneceram fiéis, vendo o invisível (Hb 11:27).
Paulo é um dos exemplos. Deus permitiu que ele enfrentasse muitas provações, mas transformou todas em oportunidades. Sua prisão em Roma é uma delas. Sem enfrentá-la, como teria conseguido falar a tantas pessoas importantes, expandindo o evangelho de maneira mais rápida? Roma era considerada a metrópole do mundo, onde poucos davam atenção à história de Jesus. Porém, segundo Ellen G. White, “em menos de dois anos, o evangelho teve acesso da modesta casa do prisioneiro aos recintos imperiais” (Atos dos Apóstolos, p. 461-462).
Quando o apóstolo foi levado à execução, poucos o acompanharam. Contudo, mesmo na hora da morte ele fez questão de perdoar seus executores e animar os cristãos. “Ao encontrar-se no lugar do martírio, não viu a espada do carrasco nem a terra que tão logo haveria de receber seu sangue; olhou, através do calmo céu azul daquele dia de verão, para o trono do Eterno” (p. 511-512). Ele conseguiu ver Deus por trás do sofrimento e encarar a dificuldade como oportunidade.
A história de João também é impressionante. Nos dias de perseguição da igreja primitiva, ele foi uma voz forte. “Quando a fé dos cristãos lhes parecia vacilar sob a feroz oposição que eram forçados a enfrentar, o idoso e provado servo de Jesus lhes repetia com poder e eloquência a história do Salvador crucificado e ressurgido” (p. 568).
No entanto, enquanto a igreja se fortalecia, os opositores se enfureciam. Por isso, João também foi convocado a Roma e exposto a falsas acusações. “Porém, quanto mais convincente era seu testemunho, mais profundo o ódio de seus opositores” (p. 569). Enquanto isso, “a mão do Senhor se movia invisível no meio das trevas” (p. 581). A crise era uma oportunidade especial para os grandes milagres de Deus.
Condenado ao martírio, João foi colocado dentro de um caldeirão de óleo fervente, “mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma forma que preservou a dos três hebreus na fornalha ardente” (p. 570). Foi exilado, então, em Patmos para ser silenciado. Mas foi ali que ele “recebeu a mensagem cuja influência devia continuar a fortalecer a igreja até o fim dos tempos” (p. 581).
Olhando para esses heróis da fé, podemos lembrar que Deus sempre dá “as batalhas mais difíceis aos soldados mais fortes”. Muitas vezes Sua obra é realizada “em meio a tempestades de perseguições, oposição atroz e acusações injustas” (p. 574), mas é preciso “repousar em Deus na hora mais escura, embora dolorosamente provado e sacudido pela tempestade, sentir que nosso Pai está ao leme. Somente os olhos da fé podem ver para além das coisas temporais e apreciar com acerto o valor das riquezas eternas” (p. 575).
Aprenda a confiar no Deus que vê além do sofrimento. Ele sabe como transformar aparentes injustiças em bênçãos sem medida. Sua mão se move silenciosamente através da história e no momento certo sempre se manifesta.
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Artigo publicado originalmente na edição de julho de 2018 da Revista Adventista)