Defender um ponto de vista com classe faz parte da espiritualidade
Com muita sabedoria, alguém escreveu que “o hábito de falar com Deus muda o jeito de falar com as pessoas”. Que tremenda verdade! A qualidade de nossa religião se revela na qualidade de nossas atitudes. Quanto mais perto de Deus estivermos, mais nossas palavras, opiniões, comportamentos e relacionamentos refletirão isso. Até o testemunho pessoal terá outro efeito. Como disse Dwight Moody, “de cem homens, um lerá a Bíblia; 99 lerão o próprio cristão”.
Duas situações, no ano passado, me alertaram para o risco da falta de sintonia entre a religião pessoal e nossa maneira de usar as palavras quando discordamos. Sem dúvida, podemos defender nossas posições, especialmente quando são bíblicas e verdadeiras. A questão é como fazê-lo. Em liderança é comum dizer que o problema nem sempre é o problema, mas como se trata o problema.
Vamos à primeira situação. Em uma de nossas igrejas, um cantor se excedeu em sua apresentação. Alguém que assistia ao programa filmou com o celular e postou no Facebook. Foi o suficiente para que milhares de pessoas curtissem, compartilhassem e fizessem duros comentários.
A segunda situação envolveu um programa humorístico de televisão. Querendo fazer uma sátira das igrejas que defendem a teologia da prosperidade e centralizam a adoração apenas no dinheiro, os humoristas fizeram uma adaptação do nome da Igreja Adventista do Sétimo Dia de forma pejorativa. Imediatamente, começou um movimento de revolta nas redes sociais.
O problema nem sempre é o problema, mas como se trata o problema
Não quero discutir o mérito das situações, mas a maneira pela qual as pessoas reagiram. As palavras agressivas e de baixo nível me deixaram preocupado e até envergonhado. Qual foi a impressão daqueles que não são membros de nossa igreja ao ler esses comentários? Será que foram impressionados a conhecer melhor nossa mensagem? Reconheceram que somos um povo transformado pela graça? Alguns comentários usaram palavras tão duras que foram piores do que o problema em si.
Escondidos pelo anonimato da internet, atrás da tela de um computador, sem o contato pessoal, alguns expõem o pior de si. Dão lugar ao acusador em vez de ser usados pelo Consolador. Esquecem que por suas palavras serão justificados ou condenados (Mateus 12:37).
“Numa época como esta, acendamos uma vela em vez de amaldiçoar a escuridão”, recomenda o pastor William Johnson. Ellen White vai mais longe: “Em vez de reforçar a descrença e a dúvida, devemos inspirar esperança” (Perto do Céu, p. 160).
Por que não usar palavras equilibradas, dar conselhos sábios e orar pelas situações e pelos envolvidos? Afinal, como observou Rick Warren, “as pessoas podem recusar nosso amor ou rejeitar nossas palavras, mas não têm defesas contra nossas orações”.
Em toda situação, vamos usar as palavras certas. Aquelas que o sábio chama de “maçãs de ouro em salvas de prata” (Provérbios 25:11). Palavras positivas, mesmo em situações negativas. Palavras que edificam, curam, motivam e levantam. [Foto: Fotolia]
Erton Köhler é presidente da Igreja Adventista a América do Sul
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.