Rubens Lessa acreditava fortemente na causa de Deus e no Deus a quem servia em tempo integral
Faltam palavras para expressar a dor pela perda de um colega como Rubens Lessa. Muitas vezes tive a oportunidade de conversar com esse servo de Deus e reconhecer a contribuição dele para a causa do Senhor. Mas em 2014, ano de sua aposentadoria, expressei minha gratidão publicando as seguintes palavras: “Ele mostrou compromisso institucional e pessoal com as iniciativas da igreja. Sua vida é uma inspiração, sua busca foi pela excelência e sua dedicação, sem limites. Há líderes que dão uma contribuição e outros que deixam um legado. Ele usou as palavras para edificar a igreja e ajudou a torná-la mais espiritual, comprometida, sólida e unida.”
A CPB foi sua “casa” por 41 anos. Tempo em que sua identidade se misturou com a da Revista Adventista, com seus editoriais e artigos sempre sábios e muito apreciados. Hábil com as palavras, era capaz de usá-las para mexer com a sensibilidade do coração ou para convencer as mentes mais exigentes. Intelectual e poeta, preferiu colocar tudo a serviço de um ministério. Por isso, nada mais justo do que usar este espaço da Revista Adventista, que ele tanto amava, para registrar esta última homenagem.
Seu legado ficou marcado na vida da Igreja Adventista no Brasil, onde era visto como um apaixonado pelo movimento missionário, cuidadoso com os princípios bíblicos, interessado na vida da congregação local e dono de um coração generoso. Durante 12 anos, até sua aposentadoria, participamos juntos de diferentes reuniões, comissões e concílios. Ele sempre tinha um conselho equilibrado para dar em público ou em particular, mas também vibrava com nossas grandes conquistas, assim como demonstrava interesse pelas menores decisões. No final, transmitia com brilhantismo a visão da igreja aos leitores.
Levo em minha vida as marcas de sua vida e de seu ministério. Depois de publicar meu primeiro artigo na Revista Adventista, em 1990, ele acreditou que eu poderia contribuir com a igreja escrevendo. Por isso, recebi meu primeiro chamado, já no ministério, para ser redator da CPB, transferência que acabou não se efetivando. Depois, como colunista deste periódico, ele foi meu editor e orientador por mais de uma década. Se escrevo textos para as revistas da igreja, devo isso aos primeiros conselhos e à motivação que ele me deu. Nosso último encontro foi no dia 6 de setembro do ano passado, no lançamento do devocional Nossa Esperança, na CPB. Conversamos, tiramos uma foto juntos e tive a oportunidade de agradecer-lhe o apoio fundamental para chegar até aquele momento.
É uma despedida difícil. Ele vai fazer muita falta para todos nós. Porém, o mesmo Deus que dirigiu sua vida e seu ministério também entendeu que a hora do descanso chegou. Não temos todas as explicações, mas somos sustentados pela certeza de que sua vida foi bem vivida e pela esperança de que em breve estaremos juntos novamente (1Ts 4:16). Afinal, quem andou nas mãos de Deus pode agora descansar em Seus braços.
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Publicado originalmente na edição de fevereiro de 2019 da Revista Adventista)
Última atualização em 24 de fevereiro de 2019 por Márcio Tonetti.