Apesar das circunstâncias adversas, temos motivos para agradecer e louvar a Deus
Erton Köhler
Que palavra você escolheria para representar 2020? Há algumas que se tornaram populares de uma hora para outra e deixaram marcas profundas. Pandemia, Covid-19, isolamento, distanciamento, quarentena, crise, medo e ansiedade são apenas algumas palavras que descrevem a dura realidade que enfrentamos no ano passado.
Elas também fizeram parte intensa do meu vocabulário, gastaram tempo e energias da igreja e levaram pessoas ao limite do desespero. Apesar desse contexto, escolhi outra palavra para representar 2020. Ela foi pouco falada durante a pandemia, mas ganhou força durante o Natal e o ano-novo: “gratidão”. Ela representa bem o sentimento por trás do ano que foi considerado por muitos o mais dramático dos últimos tempos.
Quando minha memória volta no tempo, lembro de todas as incertezas, perdas e sofrimentos que tivemos. Mesmo assim, continuo agradecido. Deus foi maior que as incertezas, a fidelidade foi maior que a provação, as bênçãos foram maiores que as perdas e a fé foi maior que a crise. A presença de uma pandemia não foi capaz de provocar dúvidas sobre a presença de Deus. O conselho divino por meio de Ellen White recomenda o cultivo da gratidão, “mesmo quando passamos por tristeza e aflição” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 268).
Não importa o tamanho das crises, nosso Deus será sempre maior do que elas
Esse espírito de gratidão deve se expressar de duas formas: agradecendo a Deus alguma situação específica, em que as bênçãos e milagres foram marcantes, ou demonstrando gratidão em todas as situações, boas ou aparentemente ruins. O ano de 2020 ofereceu oportunidade para expressar ambas as formas, pois “à medida que aumentou o sofrimento, também aumentou o suprimento de graça” (Warren Wiersbe).
Cada um de nós tem alguma situação específica pela qual pode agradecer a Deus. Como igreja, temos várias. Elas mostram que, enquanto o mundo foi paralisado, a missão e a solidariedade não entraram em quarentena. A pandemia levantou um exército missionário e solidário. Corações sinceros foram alcançados; crises, aliviadas; pessoas, alimentadas; multidões, batizadas. Traduzindo em números: até novembro do ano passado, mais de 825 mil pessoas estavam recebendo estudos bíblicos de 425 mil adventistas. Como resultado, foram batizadas 159.075 pessoas, sendo que 25.174 delas voltaram para a igreja. Foi ainda mais marcante ver o surgimento de 373 novas igrejas em dias tão desafiadores.
A solidariedade também se multiplicou. Foram distribuídos 4 milhões de quilos de alimentos para 1.621.436 pessoas. A ADRA, agência humanitária da igreja, desenvolveu 115 projetos específicos para enfrentar a pandemia, beneficiando 913.428 pessoas. E 79.772 pessoas foram atendidas pelo projeto Ouvido Amigo, por meio de 827 psicólogos voluntários. Ainda tivemos 65.742 jovens doando sangue através do projeto Vida por Vidas.
O maior desafio, porém, foi aprender a agradecer em todas as situações. Apesar das igrejas fechadas, pessoas contaminadas e vidas perdidas, o coração continuou agradecido, pois, “se soubéssemos o que Deus sabe, pediríamos exatamente o que Ele nos dá” (Timothy Keller). Quando estivemos no monte experimentando as bênçãos de Deus, reconhecemos que Ele era fiel. Por que duvidaríamos disso agora que estamos no vale da dor e do sofrimento?
Em dias desconhecidos e difíceis, Ellen White recomenda “juntar os fragmentos dos penhores e bênçãos do Céu” (Cristo Triunfante, p. 107). Por isso, inicie o novo ano olhando para trás com gratidão e para a frente com esperança. A gratidão é o combustível da fé. Ela nos garante que 2021 será melhor, nem que seja pior. Não importa o tamanho das crises, nosso Deus será sempre maior. Por isso, mantenha um coração agradecido.
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Artigo publicado na seção Bússola da edição de janeiro de 2021 da Revista Adventista)
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 por Márcio Tonetti.