Não é o fim

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Entenda a diferença entre os sinais gerais e o sinal decisivo da proximidade da volta de Jesus
ERTON KÖHLER
O fim não virá pela gravidade da crise, mas pelo aumento da esperança; nem será definido pelo crescimento do mal, mas pelas oportunidades. Foto: Adobe Stock

Ao ler o título deste artigo você pode imaginar que estou enfraquecendo nossa esperança ou subestimando o significado profético da pandemia da Covid-19, mas este não é meu objetivo.

Não tenho dúvidas de que a crise atual é gravíssima e tem uma relação direta com a volta de Jesus, mas ela não é o ponto final da história. É preciso deixar de lado as muitas vozes que interpretam os eventos finais com base na percepção, e estudar mais profundamente a Bíblia em busca da verdadeira explicação. Apenas ela pode livrar do engano, medo e alarmismo.

O capítulo 24 de Mateus é esclarecedor. Nele há muitas informações sobre o tempo e os sinais da segunda vinda. São ensinos apresentados pelo próprio Cristo, “Aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4:8). Sua reposta aos discípulos começa com uma lista de sinais gerais e termina com aquele que deverá ser o sinal iminente de Sua vinda (Mt 24:3-14). Os sinais gerais são apenas indicativos. Sempre aconteceram, mas se intensificarão perto do fim. Já o sinal iminente demonstrará que o fim realmente chegou. Ele é definitivo. É importante acompanhar os sinais gerais, mas manter o foco no sinal iminente.

A lista dos sinais gerais começa alertando contra o engano, mas em seguida apresenta um dos maiores medos da humanidade: “guerras e rumores de guerras”. Lembra, porém, que “ainda não é o fim” (v. 6). Também haverá fome, pestes e terremotos, mas “tudo isto é o princípio das dores” (v. 8). Jesus ainda fala de tribulação, perseguição religiosa, escândalo, traição, ódio, falsos profetas, aumento da iniquidade e falta de amor. Apenas aquele que “perseverar até o fim, esse será salvo” (v. 13). Três vezes Jesus mostra que os sinais gerais não são finais. Eles são apenas um processo de alerta.

O sinal iminente do fim é apresentado em Mateus 24:14: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim.” Ficou claro? O fim não virá pela gravidade da crise, mas pelo aumento da esperança; nem será definido pelo crescimento do mal, mas pelas oportunidades de Deus. Ellen White é assertiva: “Dando o evangelho ao mundo, está em nosso poder apressar a volta de nosso Senhor” (O Desejado de Todas as Nações, p. 633). Por isso, quem ama a volta de Cristo prega o evangelho, busca o poder do Espírito Santo, vence a vergonha ou acomodação e se levanta para testemunhar. Não espalha uma mensagem de condenação e medo, mas um convite de esperança e salvação. Afinal, condenação é uma consequência da rejeição e nunca o objetivo principal da mensagem bíblica.

O “evangelho do reino” é a volta de Jesus, e o convite para sua proclamação está nas mãos de um povo que nasceu pregando Sua vinda e sofreu por ela, que carrega essa mensagem em seu nome e no centro de suas crenças fundamentais. É um chamado especial para cada adventista do sétimo dia.

Não podemos perder o foco. É importante conhecer os detalhes da Covid-19 e suas consequências, estudar sobre tragédias, catástrofes e outros sinais gerais, mas sem que isso se torne mais importante do que a pregação do evangelho. Apenas quando colocarmos todo o coração no cumprimento da missão a história de dor e sofrimento deste mundo terá seu ponto final.

ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Texto publicado na seção Bússola da edição de maio de 2020 da Revista Adventista)

Última atualização em 26 de maio de 2020 por Márcio Tonetti.