Saiba quando as crianças podem ser batizadas
No último sábado de julho, tive o privilégio e a emoção de batizar minha filha. Foi o mesmo sentimento que experimentei ao batizar meu filho seis anos antes. Tínhamos combinado que o batismo dos dois seria realizado no sábado mais próximo ao aniversário de 10 anos, e foi exatamente o que aconteceu. Nunca tomamos essa questão como regra, mas apenas como um plano de família. Afinal, o momento certo para o batismo de um juvenil é pessoal e deve ser analisado sempre com carinho e equilíbrio.
Possivelmente você conheça crianças pequenas que pedem insistentemente o batismo. E qual deve ser a reação dos pais, líderes e pastores? Alguns acham muito cedo para uma decisão tão solene. Dizem que é algo superficial, que vai durar pouco tempo e acabará em apostasia. Mencionam que a igreja diminui a importância do batismo ao realizá-lo tão cedo. Mas há outro grupo que apoia e incentiva essa decisão tão logo as crianças tenham condições mínimas para isso.
Antes de chegar a uma conclusão sobre o momento certo, precisamos ter em mente que o batismo é o início e não o fim de um processo. A decisão de um juvenil deve ser vista dentro desse contexto, pois ele está apenas começando a entender as questões mais complexas da vida. A realidade dos adultos é bem diferente. Segundo Ellen White, “o batismo não torna cristãs as crianças, tampouco as converte; é apenas um sinal exterior que demonstra sentirem dever ser filhos de Deus, reconhecendo que creem em Jesus Cristo como seu Salvador e que daí por diante viverão para Ele” (Orientação da Criança, p. 499).
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Apenas o desejo de uma criança não é suficiente para que ela seja batizada. É preciso que compreenda a importância dessa decisão e conheça as verdades bíblicas básicas. Porém, se ela começar a alimentar esse desejo desde cedo, não deve ser proibida, e sim motivada a continuar estudando, com atividades criativas que a preparem para o momento certo. Por outro lado, precisamos ser habilidosos ao tratar do assunto, sem criar imposições, dificuldades, metas de “santidade” ou perfeição, e muito menos ameaçar usar o batismo como forma de disciplina. Tudo isso provoca rejeição em lugar de motivação. No futuro, quando os pais ou líderes acharem que chegou a hora, o adolescente ou jovem poderá não mais ter interesse.
Voltando à questão do momento certo, Ellen White nos ajuda a encontrar a solução. Ela ensina que “crianças de oito, dez ou doze anos já têm idade suficiente para ser dirigidas ao tema da religião individual”. E continua advertindo os pais: “Não ensinem seus filhos com referência a um tempo futuro em que eles terão idade bastante para se arrependerem e crer na verdade. Caso sejam devidamente instruídas, crianças bem tenras podem ter ideias corretas quanto ao seu estado de pecadores, e ao caminho da salvação por meio de Cristo” (Orientação da Criança, p. 491).
Esse tema entusiasmava tanto Ellen White que, em reuniões para crianças, ela usou sua influência para levá-las ao batismo. Certa ocasião, “dez meninas reuniram-se às águas para receber a ordenança do batismo”, e uma menina hesitante recebeu o incentivo do casal White. “No dia seguinte, cinco meninos expressaram seu desejo de ser batizados. Era uma cena interessante ver aqueles meninos, todos de cerca da mesma idade e tamanho, lado a lado professando sua fé em Cristo”, diz a mensageira (Perguntas que Eu Faria à Irmã White, p. 24, 25).
Em setembro, com a chegada do Batismo da Primavera, precisamos ver mais cenas como essas, com líderes, pais, pastores e igrejas motivando seus juvenis ao batismo. Afinal, a “criança que crê em Cristo é tão preciosa à sua vista como são os anjos ao redor do seu trono. Elas devem ser levadas a Cristo e educadas por Ele” (Ellen White, O Lar Adventista, p. 279). No momento certo, o batismo deve ser incentivado, não censurado.
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.