Princípios

3 minutos de leitura
O heroísmo do soldado Desmond Doss é um convite para que outros adventistas, fora das telas, também causem impacto e sejam condecorados por Deus
Créditos da imagem: Lightstock

“Senhor, ajuda-me a salvar mais um”. Com essa oração o soldado adventista Desmond Doss encontrou forças para resgatar 75 companheiros feridos no campo de batalha em Okinawa, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial. Sem portar armas, ele resgatou seus colegas na frente de batalha, tornou-se herói de guerra e recebeu do governo norte-americano a mais importante condecoração militar de seu país, a Medalha de Honra do Congresso, entregue pelo próprio presidente Harry Truman.

Conheci pessoalmente Desmond Doss em 2004, pouco menos de dois anos antes de sua morte, e foi impressionante observar que, apesar de todas as honras, ele se mantinha humilde e exaltava a atuação divina por trás de sua história.

LEIA TAMBÉM: Herói improvável

Agora, com o lançamento do filme Hacksaw Ridge (ou Até o Último Homem, título em português), a história de Doss passou a ter destaque mundial. Produzido pelo ator e diretor Mel Gibson, o filme conta a história desse herói que, ainda menino, foi impressionado pela lei de Deus, emoldurada em um quadro comprado por seu pai. O sexto mandamento (“Não matarás”) chamou a atenção dele pela ilustração de Caim matando Abel.

Mais tarde, Desmond decidiu ir à guerra para defender seu país, mas sem portar armas. Como objetor de consciência, e depois de muitos desafios pessoais, acabou sendo aceito como paramédico numa companhia de atiradores. Decidiu defender seu país salvando vidas e não matando inimigos.

A imprensa tem dado grande destaque à convicção, fidelidade, coragem, observância do sábado e ao fato de que Doss era adventista do sétimo dia. O filme recebeu seis indicações ao Oscar, maior prêmio do cinema mundial, além de prolongados aplausos em sua estreia.

Não podemos encarar essa situação com indiferença, como se fosse apenas mais um filme. É uma oportunidade especial para testemunhar de nossa fé e exaltar os valores bíblicos, mostrando como a fidelidade a Deus e à sua Palavra pode ser uma bênção à sociedade. Os produtores podem ter as mais variadas e discutíveis intenções com a produção, mas precisamos transformá-las em oportunidade.

Durante anos, segundo Desmond Doss Jr., o único filho do herói, diferentes produtores tentaram transformar em filme a história de seu pai, mas nunca foi possível. Diante disso, ficam as perguntas: Por que somente agora, num momento tão especial da história? Por que tanta ênfase nos princípios dos adventistas do sétimo dia? Por que essa oportunidade surge diante de um público que poucas vezes conseguimos alcançar?

Como igreja, aproveitamos esse momento para destacar nossa identidade e os valores bíblicos que motivaram Desmond Doss e que mantemos até hoje. Lançamos um site com mais detalhes e materiais sobre Doss e atuamos fortemente nas redes sociais, em que há um grande público interessado no assunto. Em muitos lugares, nossos jovens foram às portas de cinemas e outras salas de exibição para entregar literatura sobre Doss, o livro missionário do ano, orar e testemunhar de sua fé aos mesmos princípios.

Apesar da euforia ao redor das possibilidades do filme, da força da história e do uso de literatura e internet, minha preocupação vai mais longe: Estamos repetindo a mesma fidelidade em nossos dias? Vivemos em outros tempos e outro contexto, mas continuamos sendo fiéis a toda prova? Mesmo que não sejamos reconhecidos pela mídia, seremos condecorados por Deus? Estamos prontos a permanecer fiéis ao sábado, “a pedra de toque da lealdade” (Ellen White, Eventos Finais, p. 225), diante de provas mais intensas no trabalho, estudos, família ou mesmo entre irmãos na fé que preferem trocar a aprovação do Céu pela aceitação da Terra?

Enquanto muitos estão aficionados pela sétima arte, vamos aproveitar para testemunhar, sem esquecer que a história de Doss pode impressionar, mas é a vida de heróis atuais, fora das telas, a que realmente vai impactar. O exemplo de homens e mulheres fiéis aos princípios bíblicos sempre falará mais alto e terá a bênção de Deus.

ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

Para saber +

Soldado sem armas

O outro Doss

Defensores da paz em meio à guerra

Filme sobre Desmond Doss gera oportunidades para a igreja

Revista resgata entrevista exclusiva com Desmond Doss

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.