A missão precisa ser para todos e em todos os lugares
ERTON KÖHLER
Era apenas mais um dia no ministério de Cristo. Como sempre, multidões queriam ouvir Suas palavras e experimentar Seus milagres. Mas dessa vez eram tantos que o barco precisou ser afastado da praia. Nesse contexto, vendo a planície de Genesaré em dias de plantio e colheita, Jesus apresentou a Parábola do Semeador (Mt 13:1-23). Uma ilustração missionária preciosa, com três destaques especiais.
- O semeador saiu a semear. Ele é o personagem principal da parábola. Normalmente enfatizamos a qualidade do solo ou o resultado da semente, mas, se o semeador não tivesse saído, nada teria acontecido. Podemos aprender uma lição: muitas vezes, gastamos tempo demais filosofando e discutindo sobre os tipos de solo e os resultados da semente, quando deveríamos colocar o melhor de nossos esforços em preparar mais semeadores, pois, quanto mais gente envolvida, mais frutos serão colhidos.
- Algumas sementes não deram resultado. Dos quatro tipos de solo mencionados por Jesus, três tinham condições impróprias. O primeiro estava à beira do caminho, o segundo era rochoso e o terceiro estava repleto de espinhos. Em todos esses, a semente não deu o resultado esperado, mas o semeador tentou alcançar todos. O último solo era bom. Ao apresentar essa realidade, Cristo Se referia primeiramente a Seu próprio ministério. Hoje também somos desafiados a espalhar sementes em todos os lugares por meio de movimentos que sejam simples, ousados, relevantes e abrangentes. Não podemos ficar limitados a ideias complexas e métodos caros, que busquem alcançar somente o solo ideal.
- No solo fértil a semente se multiplicou. Ela deu fruto “a cem, a sessenta e a trinta por um” (v. 8). Jesus esperava uma grande colheita e a mediu com números. Ele os utilizou tanto na apresentação quanto na explicação da parábola (v. 8 e 23), lembrando que não precisamos ter medo de usá-los para medir o alcance e o crescimento da missão, desde que não sejam um fim em si mesmos. Devemos evitar os extremos da “numerolatria” e da “numerofobia”. Porém, com equilíbrio, consagração e dedicação, precisamos buscar os grandes resultados que o Senhor garante aos semeadores, pelo poder do Espírito Santo.
Há muitas maneiras de cumprirmos a missão de semeadores hoje. Mas uma das que mais me impressionam é a distribuição de livros missionários. Eles são como as sementes, que vão a qualquer lugar e alcançam todo tipo de coração. Poucas semanas atrás, o Impacto Esperança deixou isso ainda mais claro. Em 2018, participei da entrega dos livros em Unaí (MG). Lá encontrei o Marcelo, de muletas e vivendo um momento difícil de sua vida. Oramos juntos, pedi seu contato e o entreguei aos voluntários do projeto “Um Ano em Missão” que trabalhavam na cidade. Em novembro, tive a alegria de fazer seu batismo.
Em 2019, participei do Impacto Esperança na região central de Brasília. Ao passar dentro de um conjunto comercial, escutei alguém dizendo “feliz sábado”. Procurei quem havia falado e encontrei a Sandy. Afastada da igreja, ela estava trabalhando numa loja de celulares. Conversamos, oramos e na mesma tarde ela foi a um programa religioso e está frequentando os cultos novamente.
Essas sementes terão uma grande colheita. Ellen White garante que “mais de mil se converterão brevemente em um dia, a maioria dos quais reconhecerá haver sido primeiramente convencida através da leitura de nossas publicações” (Evangelismo, p. 693). Precisamos continuar lançando as sementes, confiando que o Senhor fará grandes coisas.
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Este artigo foi publicado na seção Bússola da edição de julho de 2019 da Revista Adventista)
Última atualização em 7 de agosto de 2019 por Márcio Tonetti.