As ênfases em atos de amor e na aceitação da verdade não se excluem, mas se complementam
ERTON KÖHLER
A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu para cumprir a missão de compartilhar esperança e preparar um povo para o encontro com o Senhor. Temos um DNA missionário e o compromisso de pregar o evangelho do reino para ver Cristo voltar em breve.
Não temos dúvidas sobre essa missão, mas as opiniões se dividem quando falamos sobre métodos. Para alguns, a ênfase deveria estar em atos de amor, serviço à comunidade e atividades que aliviem o sofrimento das pessoas, quebrem preconceitos e nos tornem conhecidos como um povo solidário. Para outros, o foco precisa estar em evangelismo, estudos bíblicos e métodos missionários diretos, que levem as pessoas a conhecer mais profundamente Jesus e Sua Palavra, preparando-se para o batismo.
Parece haver um conflito entre essas duas visões de missão, mas elas não devem ser encaradas como exclusivas (uma ou outra) e sim como complementares (uma e outra). Nossa principal missão é transformar corações, conectar pessoas com o Senhor e prepará-las para o Céu. E só faremos isso de maneira eficaz se encontrarmos o equilíbrio entre servir e salvar.
Se nos dedicarmos exclusivamente a servir, como um fim em si mesmo, sem oferecer a salvação, seremos apenas uma agência humanitária ou organização solidária. Faremos um trabalho importante e relevante, mas que muitos já fazem, inclusive sem motivação espiritual ou missionária. Por outro lado, se trabalharmos apenas para salvar, por meio de atividades missionárias ou evangelísticas, sem atender às necessidades imediatas das pessoas, expressando amor e interesse, a mensagem perderá força, relevância e atração. Quando suprimos o que as pessoas desejam, abrimos o caminho para oferecer o que realmente necessitam.
Ellen G. White apresenta o método de Cristo como o melhor exemplo de equilíbrio entre servir e salvar, e garante que somente ele dará “verdadeiro êxito no aproximar-se do povo”: “O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me’”
(A Ciência do Bom Viver, p. 143). Ela integrou perfeitamente a visão de serviço para salvação.
As pessoas continuam cheias de lutas e necessidades e, antes de ouvir sobre nossa doutrina, querem conhecer o nosso amor. Antes de ouvir nossas boas-novas, precisam ver nossas boas obras. Se repetirmos o método de Cristo, usando atividades de amor como ferramenta missionária, vamos mostrar uma igreja coerente, cuja mensagem é relevante e usa um método eficaz. Fomos chamados para ser distintos, mas não para ser distantes.
Jesus transformava o serviço em oportunidade para salvar. Ele abria os braços para atender às necessidades, mas também levantava a voz para apresentar a mensagem. Necessitamos seguir Seu exemplo e fazer do serviço de amor somente o começo do caminho e não o fim da jornada. Servir precisa ser uma ponte para salvar.
Devemos ir às ruas e casas para servir, mas sem nos contentar em receber apenas uma palavra de gratidão. Mais do que uma simples transformação exterior, nossa meta deve ser a conversão interior e a salvação posterior, sempre confiando que “aquele que faz a obra de Deus usando os métodos de Deus vai alcançar os resultados de Deus”.
ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul
(Artigo publicado na seção Bússola da edição de maio de 2019 da Revista Adventista)
Última atualização em 27 de maio de 2019 por Márcio Tonetti.