Um novo começo

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Os eventos atuais têm despertado muitos corações adormecidos e precisamos de um movimento especial para reencontrá-los

Erton Köhler
Foto: Lightstock

Lucas 15 é considerado o capítulo dos perdidos e achados. Nele Jesus apresenta três parábolas que revelam um Deus apaixonado por resgatar Seus filhos. Das três, a parábola do filho pródigo é a que mais me impressiona. Ela mostra o resgate de alguém que saiu e sofreu, mas sabia que estava perdido e voltou. Destaca o amor de Deus, que sempre tem em mente “aquele que Dele se afastou, e põe em operação influências para fazê-lo retornar à casa paterna” (Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 202).

Infelizmente, continuamos perdendo nossos filhos. Temos outra igreja fora da igreja. Gente que nos deixou por causa de conflitos, dissidência, desmotivação ou falta de apoio. “As pessoas não acordam de manhã e decidem que não vão mais crer ou que os ensinos de sua igreja não importam mais”, conforme ressaltou o teólogo Jon Paulien (Deus no Mundo Real [CPB, 2008], p. 65, 66). “Em geral, acontece gradualmente, num período de meses ou anos.” Segundo ele, esse processo envolve seis passos:

1. A vida de oração particular é deixada de lado. Neste ponto começa o distanciamento do Senhor. Os momentos de comunhão pessoal desaparecem e a oração acontece somente em público, revelando a perda de intimidade com Deus.

2. A vida de leitura e estudo começa a declinar. Depois da perda do interesse pela oração, surge o desânimo com a leitura da Bíblia e outros materiais espirituais.

3. As normas do estilo de vida pessoal começam a cair. “A mudança na aparência exterior é frequentemente o primeiro sinal público de um declínio na vida espiritual particular”, comenta Paulien (p. 67), que menciona também a transformação nos hábitos de alimentação, negócios, honestidade, uso do dinheiro e outros pontos marcantes do estilo de vida bíblico-adventista.

“Entre as pessoas batizadas no início de 2020, 16,7% estavam voltando para a igreja, um índice bastante alto”

4. A frequência à igreja se torna irregular. Discretamente começam a aparecer desculpas para não ir à igreja: cultos virtuais, cansaço, sábado ao ar livre, desconforto no templo e outros motivos que parecem inocentes, mas vão “afastando a brasa do fogo”.

5. Surgem dúvidas acerca da Bíblia e da vida futura. A pessoa passa a questionar o que aprendeu e até os sermões, “ouvindo mais com um ouvido crítico do que com um coração receptivo” (p. 69).

6. Há uma desconfiança crescente nas instituições religiosas. “O último passo no caminho da virada rumo ao secularismo é uma completa desconfiança em todas as instituições, particularmente as religiosas” (p. 70).

Contudo, se houver arrependimento e volta, Deus receberá o pecador de braços abertos. Além disso, Ele nos convida a ­representá-Lo, agindo como o pai da parábola, que prepara um banquete para reintegrar o filho que deixou a casa.

É exatamente isso que planejamos para os dias 22 a 27 de novembro, quando teremos a Semana do Reencontro, “Um Novo Começo”, integrando TV, rádio e internet, para abrir os braços e alcançar corações sinceros. Nos dias 28 e 29, o reencontro será presencial em cada igreja, com apelos, decisões e batismos.

Estes dias de pandemia têm despertado muitos corações adormecidos e precisamos de um movimento especial para ­reencontrá-los. Afinal, entre as pessoas batizadas de janeiro a agosto de 2019, 13,4% estavam voltando para a igreja. No início desde ano, o índice aumentou para 16,7%! O conselho é claro: “Nunca devemos deixar de trabalhar por uma pessoa enquanto houver um raio de esperança” (Ellen White, A Ciência do Bom Viverp. 168).

ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Artigo publicado na seção Bússola da edição de novembro de 2020)

Última atualização em 4 de dezembro de 2020 por Márcio Tonetti.