Como nos dias de Lutero, ainda é necessário abandonar práticas não bíblicas
Fernando Dias
Em 31 de outubro de 1517, portanto há 500 anos, o então padre e professor de teologia Martinho Lutero afixou, na porta lateral da igreja do castelo de Wittenberg (Alemanha), um cartaz em latim contendo 95 teses contra práticas não bíblicas em vigor na Igreja Católica. O cartaz convidava interessados para discutir pessoalmente o tema com Lutero. As teses foram traduzidas para o alemão, impressas e disseminadas entre o povo. A reação a elas deu origem ao movimento da Reforma Protestante, que originou a igreja evangélica.
Meio milênio depois, a necessidade de a igreja cristã ser reformada ainda persiste. Curiosamente, tenho a mesma idade que o reformador Lutero tinha por ocasião da elaboração de suas teses. Como ele, gostaria de ousadamente propor também uma reforma da igreja, usando esse espaço para divulgar as minhas 95 “teses”, que, na verdade, não são minhas, uma vez que todas podem ser encontradas na Bíblia. Alimento a esperança de que essas 95 teses bíblicas se unam ao empenho e orações de outros milhares de cristãos ao redor do mundo que clamam a Deus para ver uma reforma da igreja cristã e um reavivamento que prepare os seguidores de Jesus para Sua segunda vinda.
Para a necessária reforma da igreja, deve haver, da parte de cada um de seus membros:
- Confiança na autoridade da Bíblia como única regra de fé e prática do cristão, buscando conformar a fé e o estilo de vida aos ensinamentos revelados por Deus em Sua Palavra (2Tm 3:16, 17; Hb 4:12);
- Crença na inspiração sobrenatural da Bíblia (2Pe 1:21; 2Tm 3:16);
- Certeza da veracidade e fidedignidade do relato bíblico, rejeitando interpretações enganosas que levam a crer que os fatos sobrenaturais narrados nas Escrituras não aconteceram exatamente como a Palavra de Deus os descreve (Sl 119:160; Jo 5:46, 47);
- Leitura, pesquisa e meditação diária da Bíblia buscando a transformação pessoal e a vitória sobre o pecado por meio do poder da Palavra de Deus (Dt 17:18-20; Sl 1; 119:11; Mt 4:4; 2Tm 4:13);
- Busca incessante por conhecer a Deus e a pessoa de Cristo (Is 55:6; Am 5:4; Jo 17:3);
- Compromisso em seguir a Jesus Cristo, tendo-O como modelo e exemplo de vida (Mt 4:19; 9:9; Ef 5:1);
- Interesse em imitar o exemplo de homens e mulheres santos do passado, que consagraram sua vida a Deus e procuraram pela fé vencer o mundo e suas tentações (1Co 4:16; 11:1; Fl 3:16; 1Ts 1:6; Hb 11);
- Busca diária e constante pelo batismo do Espírito Santo (Mt 3:11; At 2:1-4);
- Compromisso com a obediência a todos os mandamentos de Deus como condição essencial para o crescimento espiritual (Dt 11:13, 14; 28:1, 2; Tg 2:10);
- Devoção e afeição exclusivas a Deus, tendo como prioridade adorá-Lo (Êx 20:3; Mt 6:33; Lc 10:27);
- Rejeição à idolatria do mundo, de todas as suas formas, incluindo os ídolos modernos do cinema, da música e dos esportes (Êx 20:4-6; 1Co 10:14);
- Cultivo da reverência para com Deus e Sua santa Palavra (Êx 20:7; Tt 2:7; Hb 12:28);
- Observância do dia do Senhor conforme prescrito na Bíblia, o sábado do sétimo dia, dedicando-o ao descanso, à leitura da Bíblia, à oração, ao evangelismo, à assistência aos cultos na igreja, à prática da caridade e do serviço voluntário em favor do próximo, e evitando, durante suas horas, atos, pensamentos e palavras que não estejam relacionados exclusivamente ao crescimento espiritual, incluindo compras e vendas (Êx 20:8-11; Ne 13:15-22; Is 58:13, 14; Mt 12:12; Mc 2:28; Lc 23:56; At 16:13; Ap 1:10);
- Reavivamento espiritual das famílias e restauração da estrutura familiar conforme o modelo bíblico, reproduzindo o pai e marido o amor de Cristo, a esposa cultivando a submissão cristã, os filhos prestando a honra devida a seus pais, e os pais educando os filhos na disciplina e admoestação do Senhor (Ml 3:5, 6; Ef: 5:22-33; 6:1-4);
- Despertamento para a responsabilidade que cada cristão tem pelas pessoas que estão morrendo sem conhecer a Cristo (Ez 3:18-20);
- Fidelidade matrimonial e abstinência de relações sexuais antes e fora do casamento (Êx 20:14; Mt 19:5);
- Honestidade para com Deus e para com o próximo, não privando Deus dos donativos que devemos dar para Sua igreja em favor das missões nem o próximo do auxílio de que necessitar (Ml 3:8-11; At 20:35);
- Verdade e sinceridade em todos os relacionamentos, seja com Deus, com o próximo e consigo mesmo (Pv 8:17);
- Rejeição ao sentimento da cobiça, que é a raiz de outros pecados (Êx 20:17; Tg 1:15);
- Renovação do coração diante de Deus por meio de uma nova aliança (Is 59:21; Mt 26:28; Hb 8:10);
- Humildade diante de Deus e diante de outras pessoas (Lc 18:14; At 20:19);
- Fervor, angústia, choro e lágrimas na busca por consagração pessoal e pelo cumprimento das promessas de Deus (Mt 5:4; At 20:19, 31);
- Atitude de mansidão (Sf 2:3; Mt 5:5; Cl 3:12; 2Tm 2:25);
- Fome e sede de receber pela fé a justiça de Cristo (Mt 5:6; Sl 42:1);
- Demonstração de misericórdia para com todos aqueles que são rejeitados e excluídos (Mq 7:18; Mt 5:7; Lc 10:37);
- Zelo em preservar a pureza do caráter, do olhar, das relações sexuais e da mente (Sl 101:3; Is 33:15, 16; Mt 5:8; 1Tm 4:12);
- Promoção da paz (Rm 12:18; Hb 12:14);
- Coragem para enfrentar perseguição por causa do Mestre Jesus (Mt 5:10; Lc 11:49; 21:12; 2Tm 3:12);
- Poder para influenciar o mundo para o bem e para a verdade em Cristo (Dt 28:13; Mt 5:13-16);
- Recebimento da justiça imputada de Cristo para a salvação e da justiça comunicada de Cristo para vencer o pecado e viver uma vida de santificação (Mt 5:20; Rm 3:21-28; Ef 2:8-10);
- Controle do ódio e da ira (Mt 5:21-26; Ef 4:26);
- Disposição para eliminar da vida tudo aquilo que induz ao pecado (Mt 5:29, 30);
- Rejeição do costume mundano de divorciar-se com o intuito de se casar novamente (Mt 5:31, 32; 19:9);
- Compromisso em cumprir promessas e votos feitos a Deus e às pessoas (Mt 5:33-37);
- Disposição para tratar bem as pessoas que nos maltratam e nos perseguem (Mt 5:38-42; Lc 6:27-36);
- Amor aos inimigos (Mt 5:43-48);
- Busca da perfeição de caráter, que é caracterizada pelo amor ao próximo (Mt 5:48; Fl 3:12-16);
- Generosidade e altruísmo discretos e desinteressados (Mt 6:1-4; At 20:35);
- Oração particular como fonte de poder espiritual (Mt 6:5-8; Mc 1:35);
- Modéstia cristã interior e exterior, evitando qualquer ação com o intuito único de conseguir elogios das pessoas ou de chamar a atenção para a aparência por meio de vestuário extravagante ou o uso de joias (Mt 6:1-8; Lc 18:9-14; Gn 35:4; 1Tm 2:9);
- Familiaridade e intimidade com Deus, a ponto de reconhecê-Lo e tratá-Lo como Pai (Mt 6:9; Rm 8:15; Ef 2:19);
- Atitude de contínuo louvor a Deus (Sl 40:3; Hb 13:15);
- Busca da santificação (2Co 7:1; 1Ts 5:23; Hb 12:14);
- Desejo de que Cristo venha logo (Mt 6:10; 2Tm 4:8; 2Pe 3:12);
- Submissão à vontade de Deus (Mt 6:10; Mc 3:35);
- Vida material e espiritual em dependência de Deus (Dt 8:17, 18; Mt 6:11; Fl 4:19);
- Confissão nominal de pecados a Deus para obter o perdão divino e a libertação da prática do pecado, e confissão de pecados às pessoas a quem magoamos para obter reconciliação (Mt 6:12; Tg 6:16);
- Perdão a todos, independentemente de qual seja a ofensa (Mt 6:12, 14; Lc 17:4; At 7:60);
- Fuga da tentação, orando e clamando a Deus por forças e meios de não cair em pecado (Mt 6:13; Lc 22:40; 1Co 6:18);
- Prática regular do jejum como meio de clamar a Deus por poder para vencer os assaltos do maligno (Is 58:6; Dn 9:3; Mt 6:16-18; 17:21);
- Prioridade em adquirir riquezas espirituais em relação a adquirir bens terrestres (Mt 6:19-21; 13:44-46);
- Compromisso em não permitir que interesses pessoais atrapalhem a dedicação que Deus espera de nós (Mt 6:24; Lc 9:62; 2Tm 2:4);
- Confiança na providência de Deus e entrega de todas as ansiedades e preocupações aos cuidados do Pai (Mt 6:25-32; 1Pe 5:7);
- Preparo para habitar no Céu e prioridade em preparar outras pessoas para receber as boas-novas do Reino de Deus (Mt 6:33; Hb 11:13-16);
- Abandono de preconceitos, acusações e julgamentos (Mt 7:1-5; Tg 4;11);
- Súplica constante e fervorosa a Deus pelo cumprimento de Suas promessas, em especial pelo derramamento do Espírito Santo (Mt 7:7-11; Lc 11:9-13);
- Esforço para atravessar a porta estreita e trilhar o caminho apertado da consagração cristã, bem como se desviar da porta larga e do caminho espaçoso do mundanismo, que leva à perdição (Mt 6:13, 14);
- Capacidade para discernir entre profetas verdadeiros e profetas falsos, e reconhecer e aceitar a mensagem dos primeiros e rejeitar a mensagem dos últimos (Mt 7:15-20; 1Jo 4:1);
- Busca maior, na vida da igreja, por demonstrações de obediência à vontade de Deus do que pela manifestação de sinais e prodígios sobrenaturais (Mt 6:24-27);
- Edificação da vida espiritual sobre a Rocha, que é Cristo, e resistência às provações, tentações e ataques à confiança em Deus (Mt 7:24-27);
- Oração em grupo em favor do derramamento do Espírito Santo, do reavivamento da igreja e da pregação do evangelho (Jl 1:14; At 1:14);
- Busca de unção espiritual para fazer a obra de Deus (1Sm 16:13; 1Jo 2:20; 27);
- Aversão ao pecado (Ef 5:11);
- Desinteresse em se casar com alguém que não é cristão e que pode ser um obstáculo a viver o cristianismo no lar (Ed 10:10; 1Rs 11:2; 2Co 6:14, 15);
- Rejeição ao mundanismo e aos apelos para imitar os costumes que têm as pessoas que não seguem a Deus (1Jo 2:15);
- Combate às obras da carne, disciplinando o corpo, com a ajuda do poder do Espírito Santo, para resistir às tentações e não satisfazer aos desejos carnais (Gl 5:1-18; 1Jo 2:16);
- Descrédito para com as superstições e crendices, rejeitando práticas proibidas pela Bíblia como adivinhações, simpatias, mediunidade e objetos que podem trazer sorte ou bênção (Lv 19:31; Jr 27:9; Os 4:12);
- Rejeição de práticas associadas à magia, ao oculto e à invocação de forças satânicas, como concertos de rock, filmes de terror, festas de dia das bruxas, contos de fada, além de livros, filmes e desenhos animados que fazem alusão à magia e à feitiçaria (Gl 19:20; Ap 18:23);
- Rejeição da maledicência, da fofoca, da calúnia e da difamação (Pv 6:8; Cl 3:8);
- Promoção da amizade e do amor fraternal entre os irmãos de fé (Rm 12:10);
- União, e não discórdia, divisão ou dissenção (Jo 17:23; Ef 4:3, 13; Gl 6:20);
- Abandono do sentimento da inveja (Gl 5:26; Tg 3:14-16);
- Abstinência de bebidas alcoólicas, que levam à perda da razão e do controle do Espírito Santo sobre o corpo (Pv 20:1; 23:20, 31; 31:4; Ef 5:18);
- Rejeição à promiscuidade e às perversões sexuais, bem como a ambientes como danceterias, bares, teatros, shows e outros lugares em que pessoas se entregam ao pecado (Rm 13:13; 1Pe 4:3);
- Cultivo do amor a Deus e do amor ao próximo como marca da presença do Espírito Santo (Jo 13:35; 1Co 13; Gl 5:22);
- Alegria como resultado da presença do Espírito Santo (Sl 32:11; Fl 4:4);
- Paz interior no coração de cada crente, como resultado de ter recebido a justificação (Rm 5:1);
- Paciência diante das tribulações e perseverança para vencer em Cristo (Mt 24:13; 2Co 6:4; Tg 5:7);
- Demonstração de benignidade para com aqueles que erram (Gl 5:22; Ef 4:32)
- Bondade para com todas as pessoas (Pv 11:17; Rm 15:14; Cl 3:12)
- Fidelidade para com Deus, para com o cônjuge e para com as pessoas (Gl 2:22; Tt 2:10);
- Cortesia (Tt 3:2);
- Domínio próprio em relação ao alimento, às emoções e às palavras (Sl 34:13; Gl 5:23; Tg 3:1-12);
- Renovação da mente, conformando os pensamentos com os pensamentos de Deus a fim de ter a mesma mentalidade de Jesus Cristo (Rm 12:1, 2; 1Co 2:16; Fl 2:5; 4:8);
- Disciplina na igreja aplicada aos que erram, não com o fim de puni-los, mas para levá-los ao arrependimento (1Tm 5:20; Tt 1:13; Hb 12:10, 11);
- Vigilância constante para não cair em tentação (Mc 14:38; Lc 21:36; 1Co 10:12; 1Ts 5:4-11);
- Consolo e motivação para com os irmãos de fé que estão desanimados (1Ts 5:14);
- Amparo e auxílio aos irmãos que são fracos na fé e imaturos espiritualmente (Rm 15:1; 1Ts 5:14);
- Retribuição dos males, das calúnias, das agressões, das perseguições e das injustiças com atos de bondade (Rm 12:17; 1Ts 5:15; 1Pe 3:9);
- Contentamento com as circunstâncias boas ou ruins da vida, por meio do poder de Cristo (Fl 4:10-13; 1Tm 6:6);
- Oração incessante, estando cada cristão constantemente em contato com Deus e desfrutando continuamente da presença de Cristo (1Ts 5:17);
- Cultivo de uma atitude de gratidão (1Ts 5:18);
- Fervor espiritual constante, sem apagar no coração a chama do Espírito Santo (At 2:3; 1Ts 5:19);
- Aceitação das profecias e o constante estudo das mesmas (Pv 29:18; 1Co 14:1; 1Ts 5:20, 21);
- Abstinência do mal e do pecado, mesmo na aparência (1Ts 5:22).
FERNANDO DIAS é pastor e editor da Casa Publicadora Brasileira
Última atualização em 7 de novembro de 2017 por Márcio Tonetti.