Obra de arte

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Por que a Bíblia se preocupa com a estética  

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Os leitores buscam na Bíblia as profecias, as histórias, o passado, o sentido da vida e a redenção. Dificilmente buscam educação artística. Mas a Bíblia nos diz mais sobre arte do que imaginamos.

Aprendamos com a construção do Tabernáculo e do Templo. As instruções minuciosas de todo o aparato do Tabernáculo indicam o valor da ornamentação: a simetria de três hásteas de cada lado do candelabro (e os cálices em formato de amêndoas em cada hástea), a orla das vestes sacerdotais recobertas de romãs de cor azul, púrpura e carmesim, embora as romãs naturais sejam vermelhas. A sala do Templo era adornada de pedras preciosas, havia querubins entalhados em baixo-relevo nas paredes, entre as almofadas havia figuras de leões, bois e querubins (Êxodo 25 e 28; 2 Crônicas 3).

Para que pedras preciosas ou romãs em cores diferenciadas? Podemos aprender que a arte não precisa ser usada somente em sua função utilitária, pragmática. O Templo não era apenas adequado. Era belo. Não era apenas belo. Era belo para a glória de Deus. Não era simples propaganda da religião, era declaração da fé no Messias vindouro.

Aprendamos com os Salmos: os salmistas abordavam uma diversidade de temas, não apenas a majestade divina. Nossa poesia e nossa música não devem estar circunscritas à exaltação da realeza celestial nem da vitória pessoal. Os salmistas equilibravam as narrativas antropocêntricas com a visão teocêntrica. Eles não se furtavam a revelar suas ansiedades e dúvidas, mas sempre encerravam seus poemas e canções com uma tônica de alento e esperança.

Aprendamos com os lírios do campo: nem Salomão nem Davi em toda sua glória, arte e musicalidade se vestiram como um deles. Na “educação artística” conforme a Bíblia há lugar para a estética sofisticada e para a arte simples, para a arte funcional e para a beleza ornamental.

Então,

Para que serve um lírio?

Para que serve um salmo?

Para que serve a arte?

Para que a Verdade possa ser comunicada por meio da Beleza.

JOÊZER MENDONÇA, doutor em Musicologia (Unesp) com ênfase na relação entre teologia e música na história do adventismo, é professor na PUC-PR e autor dos livros Música e Religião na Era do Pop e O Som da Reforma: A Música no Tempo dos Primeiros Protestantes

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Última atualização em 30 de dezembro de 2020 por Márcio Tonetti.