O maior jogador da história foi capa de periódico adventista em 1976
Eduardo Teixeira
Mais de 1200 gols, tricampeão mundial, o jogador mais novo a marcar numa final da Copa do Mundo – esses são alguns feitos expressivos da majestosa carreira de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. O rei do futebol quebrou recordes, reinventou a maneira de jogar e colecionou títulos.
Em 29 de dezembro, a trajetória dessa lenda do esporte chegou ao fim. Ele faleceu aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, depois de permanecer um mês internado. De acordo com seu atestado de óbito, Pelé foi vítima de broncopneumonia, insuficiência renal, insuficiência cardíaca e adenocarcinoma de cólon (câncer).
O Santos Futebol Clube, time pelo qual registrou mais de mil gols, abriu as portas do Estádio Urbano Caldeira, mais conhecido como Vila Belmiro, para o velório público de 24 horas do seu maior craque. Milhares de pessoas têm prestado sua última homenagem ao atleta, que será sepultado no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, amanhã, dia 3 de janeiro.
REGISTROS
Entre as incontáveis entrevistas que Pelé concedeu, vale ressaltar uma publicada em junho de 1976 na Revista Mocidade, periódico da Casa Publicadora Brasileira que era voltado aos jovens da Igreja Adventista.
Durante uma hora, o atleta foi entrevistado em seu escritório, em Santos, demonstrando atenção, simpatia e disposição para responder aos questionamentos. A matéria especial, intitulada “Sua Majestade, o Rei Pelé”, abordou aspectos da vida pessoal, como a infância do jogador e a origem de seu apelido, e tratou também de questões profissionais.
Pelé relatou sua maior alegria da carreira – a conquista do tricampeonato mundial em 1970 –, mencionou o gosto pela aviação, ressaltou a importância dos hábitos saudáveis e explicou sua opção por não fazer comerciais de empresas ligadas a bebidas alcoólicas ou a cigarros.
“Qualquer pessoa tem que se cuidar, não só o atleta. Há muitos que se descuidam e não dormem direito, não comem e bebem. No esporte, a gente precisa cuidar do corpo. Eu, felizmente, tenho que agradecer a Deus porque sou privilegiado. Tenho, graças a Deus, todos os órgãos perfeitos, funcionam bem. Nunca tive problemas. Já tive algumas contusões, mas as contusões são normais no futebol. Não foi falta de cuidado”, explicou o jogador.
Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, cigarro e outros entorpecentes, Pelé afirmou que os jovens precisavam entender que o uso dessas substâncias é um meio falso de preencher as necessidades mais profundas do ser humano. Por isso, em entrevistas e palestras, ele sempre procurava salientar que essas drogas são muito prejudiciais. “Eu não bebo e não fumo, e não poderia orientar os jovens a fumar ou beber. Já recusei ofertas enormes para fazer propagandas de bebidas e cigarros.”
Os exemplos de treinamento, dedicação profissional e cuidado com o corpo destacados na entrevista com Pelé são inspiradores, mas não podem caminhar isolados. O zelo com as questões espirituais e mentais não deve ser esquecido. Afinal, a integralidade do ser humano está no aspecto físico, mental e espiritual.
Por meio da junção desses cuidados, temos condições de viver dias plenos, exercendo nossos dons, auxiliando o próximo e aguardando o retorno de Jesus, que trará Consigo a ressurreição (1Co 15).
Nossa rotina tende a nos forçar para a parcialidade, mas o Senhor nos chama para uma entrega total. Ellen White destacou esse ponto ao afirmar: “Todos quantos consagram corpo, alma e espírito ao Seu serviço estarão constantemente recebendo nova provisão de poder físico, mental e espiritual” (A Ciência do Bom Viver, 2021, p. 89).
A cada dia definimos nosso legado. Pelé mudou a história do futebol, pois cuidou da saúde e treinou muito para lapidar as habilidades que tinha. Quanto a nós, o que temos feito para influenciar positivamente as pessoas ao nosso redor?
Eduardo Teixeira, pastor e mestrando em Teologia, é editor na CPB
Última atualização em 3 de janeiro de 2023 por Márcio Tonetti.