Terapeutas familiares dão dicas de como evitar crises conjugais como a que afetou nesta semana um dos casais mais conhecidos da televisão brasileira
A separação de um dos casais mais conhecidos da televisão brasileira foi um dos assuntos mais comentados da semana. William Bonner e Fátima Bernardes se tornaram manchete depois de anunciar pela internet o fim de uma relação matrimonial que durou 26 anos e lhes rendeu três filhos.
Uma notícia como essa tende a causar forte impacto na vida de outros casais, conforme avalia a terapeuta familiar Dilene Ebinger. “Quando casais que, no imaginário popular, tinham ‘tudo’ para obter sucesso na vida a dois decidem se separar, o sentimento é de descrença no matrimônio”, afirma.
Numa sociedade atraída pelo que ocorre no mundo dos famosos, casos como o que envolveu o casal global costumam comover bem mais do que as estatísticas, apesar de elas mostrarem uma realidade muito mais “bombástica”. Segundo o IBGE, somente em 2014 foram homologados mais de 341 mil divórcios. Na última década, o número de casos cresceu 160%.
O último censo também revelou outros dados preocupantes. Entre eles, o de que a maioria das uniões formais (56%) acaba antes de completar 15 anos. Mais de 40% dos casamentos não chegam a uma década e 1,8% dos casais se separam antes mesmo do primeiro ano de existência.
Para Marco Lamarques, doutor em Teologia Pastoral com ênfase em aconselhamento familiar, o fenômeno não tem que ver somente com o fato de que a burocracia para realizar o divórcio tenha diminuído, mas também com os fatores de ordem cultural. “No contexto pós-moderno, há uma tendência muito grande ao individualismo. Viver de forma autônoma é uma grande ameaça para o casamento”, ressalta o pastor que há 30 anos aconselha casais.
Casos raros
Histórias como a de Jorge e Eunice Walting são cada vez mais raras. Eles cumpriram ao pé da letra a decisão de permanecer juntos “na saúde e na doença”, “até que a morte os separe”. Há cerca de quatros anos, Eunice começou a apresentar mudanças de comportamento. Depois de várias consultas, foi constatado que ela estava com mal de Alzheimer.
A princípio, o casal permaneceu no apartamento com a presença de enfermeiros e cuidadores. Contudo, a progressão da doença e a dificuldade de encontrar profissionais de saúde com disponibilidade de tempo integral tornaram inviável essa opção.
Certos de que a matriarca precisava de tratamentos especiais e constantes, a família procurou um local com infraestrutura mais adequada para tratar a doença. Encontraram uma casa de repouso em Hortolândia, no interior do Estado de São Paulo. Depois de 75 anos juntos, Jorge decidiu que não poderia deixar a esposa sozinha e decidiu se mudar com ela para lá. Pelo exemplo, ele ensina qual é o segredo para sustentar um relacionamento durante tanto tempo: “Sempre nos cuidamos. Nos respeitamos e fomos pacientes um com o outro. Diariamente. Essa é a dita ‘fórmula’ do amor duradouro”, ressalta.
A história de amor foi publicada na edição do mês de julho da Revista Adventista, que mensalmente traz também uma seção na qual destaca as comemorações de bodas.
Dicas dos especialistas
O conselho dos especialistas para os que desejam ter relacionamentos duradouros reforça a importância das atitudes praticadas por Jorge e Eunice durante mais de sete décadas: passar tempo juntos, construir projetos em comum, além de valorizar o diálogo. São “pequenas” atitudes que podem ajudar a manter unidos os casais.
Outro aspecto que merece atenção, segundo Dilene, é a necessidade de evitar as interferências nas decisões do casal. “Quando terceiros, quer seja pai, mãe, sogro, sogra ou algum amigo, começam a interferir nas resoluções do casal, isso gera problemas”, observa. Por isso, ela lembra que a Bíblia recomenda que os cônjuges “deixem pai e mãe” (Ef 5:31) ao se unir a outra pessoa.
Marco Lamarques acrescenta que a manutenção diária do relacionamento também é um aspecto fundamental. Para ele, sonhar com um casamento perfeito não é problema, desde que se procure viver a realidade. “Não existe superesposo nem superesposa. O casamento deve ser aquele que eu tenho, não o que está nos roteiros”, complementa.
Para casais que tiveram o relacionamento desgastado e estão à beira do divórcio, Dilene afirma que buscar ajuda especializada pode ser um caminho para tentar reverter o quadro. No entanto, ela reforça que Deus é o fator mais importante nesse processo. “Durante 17 anos atuando no consultório, eu nunca vi um quadro difícil na relação matrimonial ser revertido sem a ajuda de Deus”, enfatiza.
Para a terapeuta familiar, Ele é imprescindível do início ao fim de uma relação que pretende honrar os votos feitos no altar. [Márcio Tonetti, equipe RA / Com informações de Daniela Fernandes]
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.