Após ataques, igrejas cristãs da Alemanha recebem milhares de novos fiéis vindos do islamismo
O histórico fluxo migratório de refugiados para a Europa vem trazendo reflexos para o cristianismo no continente. Reportagem publicada no último domingo, 31 de julho, no site do jornal O Globo informou que centenas de milhares de refugiados muçulmanos se tornaram cristãos nos últimos meses na Alemanha. De acordo com a corresponde Graça Magalhães-Ruether, que assina a matéria, conversões em massa começaram a ocorrer após os ataques terroristas na Europa.
Embora em alguns países de origem desses refugiados a mudança de religião possa ser punida até com a pena de morte, “as igrejas alemãs, protestantes e católicas, voltaram a celebrar missas com bancos lotados”, relata a jornalista. Em algumas, cerca de 80% dos fiéis são ex-muçulmanos.
Para um pastor citado na reportagem, que afirma já ter batizado 1,2 mil conversos do islamismo, “os refugiados desejam romper definitivamente com o passado e aumentar suas chances de integração na sociedade alemã”. Porém, Daniel Ottenberg, representante da ONG Open Doors, acredita que a crescente adesão de refugiados ao cristianismo tem outras motivações. Para ele, “com o debate sobre o terrorismo islâmico, muitos muçulmanos começaram a sentir um alto grau de insegurança em relação à própria religião”. “Eles cresceram na crença de pertencer à melhor religião do mundo, mas começaram a questionar isso depois que, em nome da religião, foram cometidos tantos atos de violência”, disse ao jornal O Globo.
Conforme declarou o afegão Ali Mirzace, o fundamentalismo, as guerras religiosas e a brutalidade do Estado Islâmico ou dos talibãs dividem os jovens muçulmanos. Na entrevista ao jornal, ele explicou que, enquanto uns adotam a doutrina do Islã político, outros desenvolvem uma aversão contra a própria identidade cultural, da qual se julgam vítimas. “Tudo continua difícil, mas acreditar em Jesus nos ajuda a enfrentar as adversidades”, Mirzace frisou.
Alvo de ameaças
No entanto, a matéria destaca que islamistas e fundamentalistas têm bombardeado os novos cristãos com ameaças. “Um estudo da Open Doors revela que muitos convertidos desistem do batismo na última hora com medo de pôr em risco os parentes que ficaram em seus países. Mesmo em alguns locais que passaram pela Primavera Árabe, como o Egito, a conversão ao cristianismo é vista como um delito na sociedade muçulmana. Parentes dos convertidos podem ser alvo de represálias”, o periódico noticiou.
“Nós somos considerados kuffars, palavra que para os muçulmanos fundamentalistas significa um descrente que cometeu grave crime religioso. Os kuffars são vistos como criminosos religiosos que merecem a pena de morte”, explicou o curdo sírio Sava Soheili, que está desde o ano passado em Berlim.
Segundo a reportagem, as igrejas e o Estado tentam proteger os refugiados cristãos, embora seja difícil uma solução para um problema que consideram bastante complexo. Líderes religiosos consultados pelo jornal O Globo disseram que uma possível solução seria criar abrigos para refugiados cristãos. Porém, eles acreditam que a separação dos convertidos possa oferecer outro risco.
Segundo o periódico, a prefeitura de Berlim recusou a criação de abrigos para refugiados que se converteram ao cristianismo, alegando que eles “ostentariam abertamente a sua condição como um estigma e assim poderiam tornar-se alvo fácil de terroristas”.
Já foi pauta
Na reportagem intitulada “O drama dos refugiados”, capa da edição de novembro de 2015 da Revista Adventista (veja a edição na íntegra em nosso acervo virtual), o professor de Missão Mundial e Estudos Interculturais da Universidade Andrews, Wagner Kuhn, afirmou que as grandes crises migratórias e de refugiados trazem oportunidades para a igreja e para cada cristão. Segundo ele, elas pedem algo tangível e concreto para aliviar as necessidades imediatas dessas pessoas, bem como respostas coerentes e verdadeiras em relação a seus questionamentos. “Muitos desses indivíduos estão em busca de respostas para as grandes questões da vida, como o sofrimento, a insegurança no juízo final e o que existe depois desta vida. Também estão fugindo de perseguições e matanças que muitas vezes são praticadas em nome de Deus por gente de seu próprio povo”, observou. [Equipe RA, da redação / Com informações de O Globo]
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.