Conheça o cardiologista adventista que, em janeiro, assumiu a presidência de uma importante entidade médica
Márcio Tonetti
O paulistano Ricardo Alves da Costa, de 46 anos, cresceu tendo contato com vários familiares que exerciam a medicina. Uma das principais referências foi o próprio pai, Natanael, que dedicou mais de 45 anos à profissão, sendo 16 deles (em três períodos diferentes) como diretor do Hospital Adventista de São Paulo. O resultado foi que ele também optou por ser um profissional da saúde.
Desde que concluiu a residência médica em cardiologia invasiva, há 17 anos, o médico se dedica especialmente à pesquisa nessa área. Em seu sólido currículo, constam aproximadamente 200 artigos publicados em revistas acadêmicas, além de centenas de trabalhos divulgados em anais de eventos científicos nacionais e internacionais.
Porém, para ele, a pesquisa só faz sentido se gerar impacto prático. Ricardo tem pós-graduação pela Universidade Columbia, em Nova York (EUA), doutorado em Ciências pela USP e vários anos de experiência no prestigiado Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Confira a entrevista com esse dedicado membro da Igreja de Moema, na capital paulista.
Qual será sua atribuição à frente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista?
Entre as várias atribuições, destaco o auxílio na organização de congressos científicos e cursos de capacitação, elaboração e atualização de documentos normativos e diretrizes, desenvolvimento de programas de certificação em nossa área de atuação, levantamento de dados da prática nacional e projetos que visam oferecer as melhores condições de trabalho aos profissionais de nossa especialidade.
Quais foram os principais avanços vistos nos últimos anos nessa área da medicina?
Os avanços são extraordinários! A primeira angioplastia em vaso coronário humano foi realizada em 1977, na Suíça. Os primeiros stents metálicos articulados surgiram no fim da década de 1980 e foram inicialmente testados no Brasil. A primeira série de pacientes tratados com stents farmacológicos (hoje padrão de tratamento em todo o mundo) também foi no Brasil, no fim dos anos 1990. Depois vieram as válvulas cardíacas implantáveis por cateter para o tratamento de certas afecções do coração. Esses tratamentos são revolucionários e seguem uma tendência na medicina contemporânea que busca procedimentos menos invasivos para tratar até as doenças mais complexas.
Por ter vindo de uma família tradicional adventista, que papel a religião teve na sua vida e carreira?
A fé nos fortalece no exercício de uma profissão com muitos desafios, na qual é necessária resiliência, e também nos dá um senso de propósito e missão que vai além de qualquer conquista imediata ou temporal.
Que oportunidades já teve de testemunhar de sua fé?
Num contexto muito secularizado, como esse em que eu convivo, nem sempre as pessoas concordam com o que cremos ou se interessam pela nossa mensagem. Contudo, percebo que alguém que busca coerência e fidelidade, tanto aos princípios do reino de Deus quanto ao dos homens, não passa despercebido. Recentemente, por exemplo, tive contato com um renomado palestrante internacional e profundo estudioso da saúde e longevidade. Em sua palestra, ele destacou as chamadas “blue zones”, incluindo Loma Linda, na Califórnia (EUA), e, quando conversamos, demonstrou muita admiração pelo estilo de vida adventista.
Qual deve ser a principal motivação para quem deseja seguir a carreira médica?
Tudo o que fazemos nessa profissão deve ter a motivação do bem-estar do paciente em primeiro lugar. Os evangelhos relatam um ministério de cura impactante de Jesus. Ele sempre Se preocupou com o cuidado e bem-estar das pessoas, e isso tornava Sua mensagem muito poderosa e abrangente. Não consigo pensar em motivação melhor do que essa.
(Entrevista publicada originalmente na edição de janeiro de 2020 da Revista Adventista)
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Última atualização em 20 de fevereiro de 2020 por Márcio Tonetti.