Alunos da rede escolar adventista de todo o Brasil se unem no combate ao mosquito transmissor do vírus da zika
Ao longo desta sexta-feira, 19 de fevereiro, a rede adventista pretende mobilizar cerca de 200 mil estudantes com o objetivo de ajudar no combate ao mosquito transmissor do vírus da zika, da dengue e da febre chikungunya. As últimas semanas foram de preparação para a força-tarefa. Na Escola Adventista de Vitória de Santo Antão (PE), município com pouco mais de 135 mil habitantes, localizado a cerca de 60 km de Recife, por meio de palestras e exposições em sala de aula os alunos aprenderam sobre os sintomas da doença e as formas de preveni-la, além de entender melhor quais as implicações desse grave problema de saúde pública que atinge não só o Brasil. “Também os incentivamos a produzirem, com a ajuda dos pais, cartazes sobre o tema e expusemos os trabalhos deles no mural da escola”, conta Ana Chateaubriand, uma das coordenadoras pedagógicas da escola.
Hoje, Pernambuco é o Estado que apresenta o maior número de casos suspeitos da doença. De acordo com boletim divulgado nesta semana pela Secretaria de Saúde, até o dia 13 de fevereiro foram registradas 1,9 mil notificações no território pernambucano, embora esses casos ainda não tenham sido confirmados.
O município de Vitória de Santo Antão é um dos que têm contribuído com as estatísticas. Só no mês de janeiro, o Hospital João Murilo de Oliveira recebeu mais de 90 mães com sintomas que podem ser do vírus da zika. Segundo a Câmara, foram 40 casos a mais do que no mês anterior.
Da escola para a comunidade
Diante da difícil realidade vivida no município pernambucano, os mais de 500 alunos da escola local saíram às ruas nesta sexta-feira a fim de ajudar os moradores a evitar criadouros do Aedes aegypti. Alguns deles se caracterizaram de agentes de combate ao mosquito e distribuíram materiais educativos.
Ações semelhantes ocorreram em várias cidades. Na capital carioca, o “Dia Z” de combate ao zika também começou cedo. Fantasiados de mosquito Aedes aegypti e portando repelentes, eles alertaram pedestres em quatro bairros da cidade: Campo Grande, Jacarepaguá, Padre Miguel, (região Oeste) e Nova Iguaçu (Baixada Fluminense).
A escolha da zona Oeste do Rio como um dos pontos de conscientização não foi aleatória. Por ter um elevado índice de focos do mosquito, a região recebeu, inclusive, a visita da presidente Dilma Rousseff no último sábado, dia 13, juntamente com o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, e do prefeito, Eduardo Paes.
A ação dos estudantes da rede adventista foi notícia no site do Jornal do Brasil, um dos principais do Rio de Janeiro. Em entrevista ao periódico, a aluna Giovana Moreira dos Santos, de 16 anos, que estuda no Colégio Adventista de Campo Grande, disse que teve um motivo pessoal para participar ativamente da campanha: no fim do ano passado, ela foi infectada pelo vírus da zika. “Eu quero ajudar outras pessoas a não passarem pelo que passei”, afirmou.
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Mesmo em regiões onde ainda não houve registros de casos suspeitos de zika, a mobilização estudantil também ocorreu. Em Tatuí, no interior de São Paulo, o clima quente e as chuvas frequentes têm deixado as autoridades em estado de alerta. Buscando ajudar a população a evitar o problema, estudantes do colégio adventista local também deixaram a sala de aula para impactar familiares e vizinhos.
A estudante Laura Prates, de 10 anos, foi uma delas. Com o discurso na ponta da língua, ela afirma que “o melhor meio de combater o vírus da zika é evitar que o mosquito da dengue prolifere. Assim podemos nos prevenir, evitando deixar água parada em locais favoráveis para a sua multiplicação, como vasos, pneus, garrafas e sacos de lixo”.
Em todo o país, pelo menos 2 milhões de pessoas devem ser alcançadas por meio da mobilização nacional da rede, segundo estima o médico Marcello Niek, coordenador da iniciativa e líder do Departamento de Saúde da Igreja Adventista na América do Sul. A ideia foi envolver alunos, professores e funcionários das escolas, colégios e universidades adventistas, bem como familiares deles. Porém, segundo ele, o intuito é ir além de ações pontuais.
Objetivo mais amplo
De acordo com Niek, o objetivo é que as unidades escolares se tornem ambientes em que a luta contra o mosquito não apenas seja discutida em sala de aula, mas que, por meio de atividades extracurriculares, exerçam um papel preventivo nas comunidades onde estão inseridas. “Queremos que esses estudantes sejam agentes eficientes no combate ao mosquito e que incentivem outros a agir da mesma forma”, reforça Niek, destacando que a ação integra o Pacto da Educação Contra o Zika, encabeçada pelo Ministério da Educação.
Além de mobilizar sua rede escolar, a igreja pretende engajar o maior número possível de fiéis no combate ao zika. Tendo isso em vista, a Divisão Sul-Americana lançou nesta semana uma página na internet que traz informações sobre os projetos que pretende desenvolver envolvendo vários departamentos (saiba mais sobre as iniciativas sugeridas aqui). Entre as propostas está, por exemplo, a criação nas comunidades adventistas locais de grupos de apoio às mulheres gestantes com suspeita de infecção por zika vírus. Outra ideia é promover o movimento “Mães contra o zika”, com ações voltadas especialmente para as crianças.
A igreja propõe ainda a criação de grupos no WhatsApp para a troca de informações, bem como a “Gincana do Zika”, cujo propósito é envolver a juventude das igrejas em equipes que serão desafiadas a encontrar e eliminar focos do mosquito e a distribuir folhetos que ajudem a própria população a erradicar os criadouros do Aedes aegypti.
No mês de março, uma nova mobilização deve reunir milhares de jovens, adolescentes e integrantes de clubes de desbravadores em várias cidades. [Márcio Tonetti, equipe RA / Com informações da BBC Brasil, Jornal do Brasil e ASN]
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Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.