Líder sul-americano fala sobre a importância do envolvimento pessoal na missão
Márcio Tonetti
Evangelizar é um privilégio e uma responsabilidade de todo cristão. Por isso, a igreja na América do Sul tem oferecido capacitações e ferramentas para envolver os membros na missão. Além das escolas de evangelismo para pastores e anciãos, foram produzidos diversos conteúdos para serem utilizados pela igreja (acesse: link.cpb.com.br/d9524f). Nesta edição, conversamos com o líder de Evangelismo da Divisão Sul-Americana e apresentador do programa Arena do Futuro, pastor Rafael Rossi, que fala sobre a tarefa de fazer discípulos em um mundo em constante mudança.
Qual é o papel do evangelismo público hoje? Como as igrejas podem resgatar essa prática de maneira mais estratégica?
O evangelismo público está se adaptando às mudanças comportamentais das pessoas. No passado, as campanhas de evangelismo duravam semanas consecutivas, atraindo pessoas que ainda não tinham contato com a igreja. Hoje, é mais comum ter meia semana de colheita ou até mesmo uma única noite com as caravanas de evangelismo. Por isso, defendo a ideia de que o evangelismo público não é um evento isolado, mas um processo. Com campanhas mais curtas, o evangelista deixa de ser o doutrinador para se tornar aquele que faz os apelos finais, direcionados às pessoas que começaram a ser atendidas meses antes. Isso torna essencial o processo prévio e o envolvimento de todos os ministérios.
O estudo bíblico é fundamental no processo de evangelização. O que deve ser levado em conta ao estudar a Bíblia com alguém?
O evangelismo público não existe sem o evangelismo pessoal. As visitações e os estudos bíblicos nas casas formam a base para uma campanha de evangelismo de sucesso. Um dos principais aspectos que tenho enfatizado nas capacitações é que o instrutor tem mais impacto do que a instrução que ele oferece. Além dos recursos e das técnicas para ensinar a Bíblia com clareza e lógica, o instrutor precisa demonstrar um profundo conhecimento de Cristo, da Bíblia e de sua mensagem, além de ser uma pessoa consagrada e humilde. Ao chegar à casa do interessado, a visita deve ser específica para ministrar o estudo. É importante evitar temas polêmicos, como política, que podem gerar divisões. Levar consigo um espírito amigável e simpático, cultivar a amizade e ajudar a pessoa em suas necessidades são atitudes que fazem a diferença.
Os meios de comunicação de massa e a Inteligência Artificial trouxeram novas possibilidades para o evangelismo. Porém, quais são os limites?
Essa é uma questão de extrema relevância. Os meios de comunicação de massa e a Inteligência Artificial estão revolucionando as estratégias de evangelismo, ampliando significativamente o alcance e a eficácia da pregação. No entanto, as interações digitais nem sempre são tão profundas quanto os encontros presenciais, que são essenciais para o discipulado cristão. Além disso, o uso de IA e plataformas digitais levanta questões sobre privacidade e segurança, exigindo medidas de proteção de dados para prevenir possíveis abusos ou vazamentos de informações.
Embora a tecnologia tenha um papel fundamental na proclamação da mensagem, qual é a importância do envolvimento pessoal na missão?
Nada substitui o impacto de um encontro face a face. O contato direto possibilita a construção de relacionamentos autênticos e profundos, essenciais para o discipulado e o crescimento espiritual. É no envolvimento pessoal que encontramos a chave para compreender as necessidades individuais e os contextos específicos de cada pessoa. Além disso, o contato pessoal oferece a oportunidade de exemplificar os princípios do evangelho na prática diária, por meio do amor, do serviço e da compaixão demonstrados de maneira visível.
(Entrevista publicada na Revista Adventista de setembro/2024)
Última atualização em 17 de setembro de 2024 por Márcio Tonetti.