Instrumento nas mãos de Deus

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O testemunho de uma jovem harpista premiada internacionalmente

Márcio Tonetti

Foto: Vinícius Correia

Embora a harpa seja um dos instrumentos de corda mais antigos, ela ainda não está tão presente na cultura ocidental. Como reflexo disso, podemos contar nos dedos quem domina essa arte. A mineira Ana Luiza Cicarini, de 17 anos, é uma dessas pessoas. Conhecida como “princesa da harpa”, em 2021, ela se tornou a mais jovem integrante da Academia Filarmônica de Minas Gerais, tendo conquistado o primeiro lugar no Concurso Internacional de Música Little Mozarts Competitions no mesmo ano. Esse feito notável lhe concedeu a oportunidade de participar do Concerto de Gala no Teatro Carnegie Hall, em Nova York, em 2022. Sem contar que, aos 13 anos de idade, ela já havia conquistado o Prêmio Revelação no Concurso Internacional de Harpa, em Cosenza, na Itália. Premiada recentemente também no Classic Pure Vienna, na Áustria, a harpista fala nesta entrevista sobre sua atuação na música clássica e a beleza de um instrumento que nos remete ao clima natalino e ao mundo porvir.

Que papel a harpa ocupava na adoração nos tempos bíblicos?

A harpa é citada tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Era utilizada como um instrumento de louvor e adoração, além de ser tocada com fins terapêuticos, por assim dizer. A Bíblia diz que Davi dedilhava sua harpa para acalmar o rei Saul. Devido à sua sonoridade e seu simbolismo, a harpa é um instrumento que conecta a Terra ao Céu. A Bíblia diz que os salvos tocarão harpa, e eu estou treinando desde já.

Gerações cresceram cantando “Uma harpa tem Davi para Deus louvar”, mas até hoje é incomum vermos esse instrumento na maioria das igrejas. Por quê?

Mesmo em escolas de música no Brasil, não é comum encontrarmos harpas, pois não existem fábricas aqui. Além de ser um instrumento caro, leva tempo para ser produzido. Isso ajuda a explicar porque os harpistas também são poucos.

Você conhece outros harpistas adventistas?

Conheço uma harpista em Brasília (DF) e também minha primeira professora de harpa, que foi batizada depois de fazer estudos bíblicos com meus pais. Atualmente, ela é diretora de Música de uma igreja no Texas (EUA). Na Igreja Central de Belo Horizonte, duas irmãs gêmeas começaram recentemente a estudar harpa depois de me verem tocar na igreja. Espero que, no futuro, tenhamos uma comunidade de harpistas adventistas brasileiros.

O que motivou você a tocar harpa?

Antes mesmo de nascer, eu já estava imersa em um ambiente musical, pois minha mãe é pianista e atuou profissionalmente durante toda a gravidez. Comecei a estudar música desde muito jovem e tive contato com vários instrumentos, mas quando me deparei com a harpa, aos 6 anos, fiquei encantada.

Ao transitar pelo universo da música erudita, quais oportunidades já teve de testemunhar de sua fé?

Como cristã, sempre dou o meu melhor em tudo que posso fazer. Tenho uma boa convivência com todos, e Deus sempre abre as portas para que eu seja testemunha de Jesus para professores, autoridades, colegas e aqueles que me ouvem tocar. Também aproveito as oportunidades para distribuir literatura da nossa igreja e recuso convites para tocar aos sábados, pois minha devoção a Deus é prioridade.

A harpa é comumente associada ao “mundo dos sonhos”, mas também nos remete ao Céu, onde os redimidos dedilharão suas harpas. Como você imagina a orquestra celestial, com tantas harpas?

Tive a oportunidade de ver uma harpa de ouro uma única vez e fiquei paralisada por alguns instantes… Imagino uma orquestra no Céu com milhares de harpas emitindo sons maravilhosos, e o Todo-Poderoso nos regendo para sempre. Sonho com esse dia!

(Entrevista publicada originalmente na Revista Adventista de dezembro/2023)

Última atualização em 18 de dezembro de 2023 por Márcio Tonetti.