Legado continental

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Da igreja local à Divisão, João Wolff (1930-2023) deixou uma significativa contribuição para a organização adventista na América do Sul

Márcio Tonetti

Foto: Arquivo da família

Às vésperas de completar 93 anos de idade, o pastor João Wolff (12/6/1930-11/6/2023) faleceu na tarde deste domingo, em Curitiba (PR), onde residia, vítima de falência múltipla de órgãos. Sua vida longeva e visão missionária abençoaram a igreja tanto no Brasil quanto em nosso continente.

De Santo Antônio da Patrulha (RS), ele atuou em várias instâncias administrativas da organização adventista, tendo começado sua carreira ministerial na década de 1950 como pastor da Igreja Central de Porto Alegre. Nessa época, também foi auxiliar de contabilidade na Associação Sul-Rio-Grandense. Pouco tempo depois, aceitou o desafio de liderar o departamento de Educação e o Ministério Jovem nessa mesma sede regional.  

Sua trajetória intercalou a liderança de departamentos e a presidência de escritórios administrativos. Depois de dirigir a então Missão Catarinense, o pastor Wolff aceitou ser departamental de Jovens da antiga União Sul-Brasileira (cujo território se estendia até o Mato Grosso). Mais tarde, foi eleito presidente da União Norte-Brasileira e da própria União Sul.     

Seu legado se ampliou ainda mais ao ser nomeado como 11º presidente da sede sul-americana da denominação, função que ocupou por 15 anos: de 1980 a 1995. Foi o que permaneceu mais tempo no cargo. Confirmando a tendência de líderes nacionais à frente da igreja no continente, o pastor Wolff foi quem substituiu o pastor Enoch de Oliveira, considerado o primeiro presidente nativo da Divisão Sul-Americana (DSA).

MARCAS DE SUA GESTÃO

Destacou-se pela implementação dos chamados “planos quinquenais” de ação, adotados como programa de trabalho para toda a Divisão. Concentrada na semeadura, colheita e conservação dos membros, a iniciativa buscava levar as igrejas de todo o território a um estado de evangelização permanente.

Entre as marcas de sua administração também pode ser citado o “Projeto Pioneiro”, cujo intuito era incentivar a participação dos membros na abertura de novas congregações por meio das classes de Escola Sabatina, além da campanha continental de distribuição de folhetos. Provavelmente, o leitor se lembre de pelo menos dois deles: Jesus em Breve Voltará, que alcançou quase dez milhões de exemplares, e Ele é a Saída, com tiragem superior a 14 milhões de exemplares.

Chamado por alguns de “pastor dos folhetos”, João Wolff entregou mais de 700 mil exemplares do impresso Ele é a Saída

Chamado por alguns de “pastor dos folhetos”, João Wolff contou certa vez que pessoalmente entregou mais de 700 mil exemplares do impresso Ele é a Saída. “Influenciei mais pelo exemplo do que pelos sermões”, disse em uma reportagem publicada pela Revista Adventista em fevereiro de 2016, por ocasião do centenário da DSA. O hábito de distribuir literatura foi algo que ele manteve ao longo de toda a vida.

“Era um apaixonado pela literatura da igreja e deu ênfase especial na impressão e distribuição do livro Caminho a Cristo”, ressalta o pastor Edson Medeiros, diretor-geral da CPB.

Na década de 1990, ele também esteve à frente de outro movimento para ampliar a distribuição do livro O Grande Conflito em versão mais acessível. Na época, o clássico de Ellen White foi distribuído juntamente com um livro intitulado Os Campeões São Vegetarianos, que apresentava nossa mensagem de saúde. Essa foi uma forma de fortalecer a distribuição de O Grande Conflito por meio da colportagem e, ao mesmo tempo, incentivar o contato dos próprios adventistas com essa obra.

Como presidente da Divisão Sul-Americana, o pastor Wolff presidiu a Comissão Diretiva da CPB por mais de uma década, contribuindo muito para a expansão da área de publicações.   

Como resume o pastor Edson Medeiros, o pastor João Wolf foi “um homem dedicado à igreja e que sempre teve uma forte visão missionária”. Sua influência, conforme ele sublinha, “foi sentida em todas as áreas”.

Conforme acrescenta o pastor José Carlos de Lima, que também teve contato com João Wolff por muitos anos, especialmente no período em que serviu na CPB, “ele foi uma inspiração, era muito humano e respeitoso e sempre foi simples e humilde no trato com as pessoas”.

Além desse grande legado, o pastor Wolff deixou a esposa, Edy, as filhas, Marisa e Denise, os netos, Malton, Karin, Stefan e Bruno, e os bisnetos, Miguel e Maitê.

MÁRCIO TONETTI é editor associado da Revista Adventista

SAIBA +

Veja mais detalhes sobre a biografia do pastor João Wolff na reportagem que foi publicada no Portal Adventista. Clique aqui.

Última atualização em 12 de junho de 2023 por Márcio Tonetti.