Livros itinerantes

3 minutos de leitura
Professor desenvolve projeto de incentivo à leitura e divulgação de literatura adventista

Retratos da Leitura no Brasil 2015A última pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-Livro e publicada pelo Ibope nesta quarta-feira (18) mostra uma luz no final do túnel quando o assunto é o gosto pela leitura. O número de leitores brasileiros cresceu 6% entre 2011 e 2015. Segundo o levantamento feito pelo Ibope, o brasileiro leu, em média, 2,54 livros no período referente a três meses antes da pesquisa, o que equivale a uma média de 4,96 livros por habitante/ano.

Contudo nosso índice ainda está muito aquém da realidade dos cidadãos dos países desenvolvidos que leem em média 10 obras literárias por ano. Na França, por exemplo, são 25 livros por ano e, como apontado numa pesquisa feita pela Unesco em 52 países, o Brasil ocupa a posição 47ª no ranking.

Para Gilson Rodrigues Gomes, que há 11 anos leciona Língua Portuguesa e Literatura no Colégio Adventista de Tatuí (SP), a falta de leitura provoca miopia social. “O grande prejuízo é a falta de visão sobre o que está acontecendo ao redor”, ele ressalta. O docente acrescenta que a ausência desse hábito também dificulta a tomada de decisões importantes ao longo da vida e limita os horizontes da pessoa, restringindo seu crescimento tanto pessoal quanto profissional. “Numa sociedade como a de hoje, ler é um requisito básico para o sucesso em qualquer área”, o professor realça.

Revertendo o quadro

Diversas campanhas têm sido feitas com o objetivo de melhorar o índice de leitura entre os brasileiros. Algumas delas, foram embasas em práticas que nasceram em países desenvolvidos.

Livro-viajante---foto-2
Projeto criado por professor adventista une incentivo à leitura e evangelização. Foto: Mairon Hothon

Criado pelo programador norte-americano Ron Hornbakes, em 2001, o chamado bookcrossing é uma das práticas que vêm sendo adotadas no Brasil para incentivar o contato com a literatura. “A proposta do bookcrossing é criar uma rede literária entre as pessoas. Livros são deixados em bancos de praças, por exemplo, para que outras pessoas leiam e depois repassem essas obras adiante. É uma forma de levar a biblioteca para as pessoas que não vão até ela e fazer com que criem o gosto pela leitura”, explica a bibliotecária Rosângela da Silva.
Em Guarulhos (SP), um professor adventista interessado em incentivar não somente a leitura em geral, mas em evangelizar, criou o site Livro Viajante. Por meio do sistema usado pelo portal, todos os livros cadastrados com um QR Code especial podem ser rastreados posteriormente para que se possa saber por onde o livro já passou.

“O ‘Livro Viajante’ é uma grande rede social literária em que a pessoa pode curtir livros que elas normalmente leem, ler resenhas e fazer comentários. A grande sacada disso tudo é que podemos registrar os livros missionários da Igreja Adventista nesse portal para que eles possam viajar e ganhar o Brasil”, conta Edmar Ferreira, idealizador do projeto.

No site, os livros missionários estão na categoria dos que mais viajam pelo país. O professor conta que, na campanha de 2008, um exemplar da obra Esperança para Viver que foi distribuído na Rodoviária do Tietê percorreu um total de 5 mil quilômetros passando pelos Estados de São Paulo, Espírito Santo e Bahia.

Livro viajante - foto 1
Expectativa é que os livros missionários deste ano também percorram o país. Em anos anteriores, algumas das obras rastreadas viajaram milhares de quilômetros, alcançando leitores de vários estados. Foto: Mairon Hothon

“Para participar desse projeto, basta que cada pessoa que pegar um livro com o QR Code faça seu check-in no site a fim de ativar o rastreamento do material. Neste ano conseguimos cadastrar 300 mil livros Esperança Viva, que foram distribuídos durante o Impacto Esperança nas regiões do Vale do Paraíba e Sul de São Paulo”, detalha Ferreira. Como ressalta o professor, os livros com temáticas cristãs adotados pela igreja para o Impacto Esperança têm mostrado boa aceitação entre os mais variados públicos, até mesmo entre os que não professam o cristianismo.

“Desde 2008, quando comecei com esse ministério, tenho percebido que as pessoas estão mais receptivas para aceitar e ler conteúdos bíblicos. Percebo que de maneira geral as pessoas buscam algo motivacional, que traga soluções para o estilo de vida que vivem. Mesmo pessoas que leem histórias de ficção buscam algum fundo moral”, acrescenta.

Perguntado sobre a relevância de se entregar livros em massa ou de forma direcionada, o professor Edemar defende que as duas iniciativas são muito válidas e têm seu lugar.

“Quando entregamos um livro de forma direcionada, conseguimos ter o acompanhamento da pessoa, perguntar se ela gostou e ser intencional nos passos seguintes. Já as campanhas de doação em massa também são muito importantes porque criam uma rede social literária e incentivam aqueles que não tem acesso à leitura”, argumenta.

MAIRON HOTHON é jornalista e atua como assessor de comunicação da Igreja Adventista na região do Vale do Paraíba

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.