Atitudes que os pais precisam cultivar na educação dos filhos
Márcio Tonetti

No dia 13 de agosto de 2012, tornei-me pai pela primeira vez. Enquanto aguardava na sala de parto, a emoção foi tão intensa que quase me esqueci de que segurava uma câmera fotográfica para registrar aquele momento único: a chegada de nosso filho ao mundo. Cerca de três anos e meio depois, nosso lar foi novamente abençoado com o nascimento de mais um menino. Receber esses dois presentes especiais de Deus encheu meu coração de uma alegria indescritível e, ao mesmo tempo, despertou em mim um profundo senso de responsabilidade.
Ser pai é prover, estar presente, amar, orientar e inspirar, sendo o exemplo de caráter que desejamos ver em nossos filhos. Como escreveu Ellen White: “Os filhos esperam do pai apoio e guia” e “ele deve ser regido, acima de tudo, pelo amor e temor de Deus, e pelos ensinos de Sua Palavra, a fim de lhe ser possível guiar os pés dos filhos no caminho reto” (A Ciência do Bom Viver [CPB, 2021], p. 242).
Seria fácil se a transmissão de valores fosse tão rápida quanto fazer o upload de um arquivo. No entanto, trata-se de uma obra que exige paciência, convivência, intencionalidade, sabedoria, oração e consagração. E, embora seja uma missão complexa, não podemos perder de vista a importância das atitudes simples. Como orienta Ellen White: “Dediquem a eles algumas de suas horas de lazer; relacionem-se com eles; associem-se com eles em seus trabalhos e brincadeiras e conquistem a confiança deles. Cultivem o companheirismo com eles […]. Assim, vocês se tornarão uma forte influência para o bem” (A Ciência do Bem Viver, p. 243).
Esses momentos deixam memórias e marcas profundas. Certa vez, depois de uma tarde de brincadeiras com meus filhos, o mais novo me perguntou:
– Pai, quando eu ficar grande, o senhor vai estar velho?
Respondi que sim. Ao ouvir isso, ele concluiu:
– Então eu não quero crescer.
Seu desejo parecia ser o de eternizar aqueles momentos.
Precisamos valorizar ao máximo essas oportunidades, não apenas para gerar boas lembranças, mas, sobretudo, para construir vínculos que influenciem espiritualmente nossos filhos ao longo de toda a vida, mesmo depois de se tornarem adultos. Essa compreensão parece ter sido uma das marcas da paternidade de alguns patriarcas bíblicos, como Jó. Destaco, pelo menos, três aspectos:
1. Responsabilidade. Por considerar seus filhos um sagrado legado de Deus, Jó manteve firme sua posição como sacerdote do lar. Assim, conduzia espiritualmente sua família, demonstrando preocupação constante com a salvação de sua casa.
2. Acompanhamento. Jó estava atento ao que seus filhos faziam, mesmo nos momentos de lazer e diversão, não por ser um pai controlador, mas por ser um pai presente e conselheiro. Ele não era permissivo, mas firme e amoroso, sempre mantendo uma atitude equilibrada.
3. Intercessão. “Quando se encerrava um ciclo de banquetes, Jó chamava os seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles. Pois Jó pensava assim: ‘Talvez os meus filhos tenham pecado e blasfemado contra Deus em seu coração’. Jó fazia isso continuamente” (Jó 1:5).
Se o homem de Uz precisava estar constantemente de joelhos para que seus filhos permanecessem de pé, nossa necessidade, como pais no século 21, não é menor. Em meio a tantas influências negativas e aos desafios do mundo virtual, sejamos diligentes e perseverantes no cuidado espiritual de nossa família. Talvez, para reconstruir o altar do Senhor dentro de casa, seja necessário destruir outros.
MÁRCIO TONETTI é editor associado da Revista Adventista
(Artigo publicado na seção “Enfim” da Revista Adventista de Agosto/2025)
Última atualização em 13 de agosto de 2025 por Márcio Tonetti.